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Democracia

Democracia enfraquece no mundo e liberdade de imprensa sofre maior queda em 50 anos, mas avança no Brasil

Brasil é destacado Relatório Global Estado da Democracia 2025 como uma das 12 nações onde ela melhorou em cinco anos

Foto: Unsplash



A democracia enfraqueceu em todo mundo, com um de seus principais pilares, a liberdade de imprensa, sofrendo sua maior queda em 50 anos, de acordo com um relatório do Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (International IDEA) divulgado nesta semana em Estocolmo.

O Relatório Global Estado da Democracia 2025 revelou que 54% dos 173 países pesquisados recuaram em pelo menos um indicador de desempenho democrático em comparação ao resultado de cinco anos atrás, com base em métricas que incluem eleições limpas, participação popular e liberdade de expressão. Apenas 55 países (32%) avançaram em pelo menos um fator durante esse período.

Em comparação com os resultados registrados há cinco anos, 43 países apresentaram declínio em liberdade de imprensa, o maior número desde o início da série histórica do índice, em 1975, sinalizando sinalizando uma “séria ameaça à responsabilidade pública e à participação política informada”, diz o documento.

Mas o Brasil foi destacado como um dos 12 países que apresentaram avanços significativos nesse indicador.  Junto com Bolívia, República Dominicana e Honduras, o país não apenas melhorou suas pontuações como também migrou da faixa de desempenho médio para alto — um movimento raro num cenário global de retrocesso.

O país também melhorou nos quesitos Parlamento Eficaz e Independência Judicial.

Como é avaliada a queda da democracia no mundo

O Relatório Global Estado da Democracia 2025 classifica os países em quatro categorias principais de desempenho democrático, em vez de uma classificação geral única:

  • Representação, incluindo eleições confiáveis e supervisão parlamentar efetiva. O primeiro país da lista é a Alemanha, e o Brasil ficou em 43º.
  • Estado de Direito, incluindo independência judicial e o grau em que as pessoas estão livres da violência política. A Dinamarca figura em primeiro, com o Brasil em 52º.
  • Direitos, incluindo liberdade de expressão, liberdade de imprensa e liberdade de reunião. A Dinamarca também lidera, e o Brasil aparece em 63º.
  • Participação, retratando o grau de envolvimento dos cidadãos na expressão democrática durante e entre as eleições. Novamente a Dinamarca está no topo da lista, com o Brasil em 6º lugar.

As categorias de Direitos, Estado de Direito e Representação – que incluem aspectos centrais da democracia, como liberdade de imprensa, independência judicial e eleições confiáveis – sofreram amplos declínios neste período de cinco anos.

Dentro da categoria Direitos, o declínio global mais extenso ocorreu na Liberdade de Imprensa, seguido pela Liberdade de Expressão, Igualdade Econômica e Acesso à Justiça. O desempenho na Liberdade de Imprensa diminuiu em quase um quarto (24,9%) dos países cobertos.

Houve queda em 15 países da África, 15 da Europa, 6 das Américas, 6 da região Ásia/Pacífico e 1 da Ásia Ocidental. Embora a maior parte dos países afetados apresentasse desempenho considerado mediano, Finlândia, Portugal, Suécia e Uruguai, todos com avaliação historicamente alta, também registraram deterioração.

O Estado de Direito continua sendo a categoria com o desempenho mais fraco. Em 2024, 71 países (41%) foram classificados como de baixo desempenho.

A Participação permaneceu relativamente estável, com apenas 11 países experimentando mudanças notáveis em cinco anos.

Os declínios (em 9 países) superaram os avanços (em 2 países), com a maioria ocorrendo em nações que já tinham baixo desempenho, incluindo Afeganistão, República Centro-Africana, Kuwait, Mianmar, Nicarágua e Rússia.

Os dois países que melhoraram foram o Brasil e o Fiji, ambos de alto desempenho nesta categoria.

Democracia e eleições no mundo

O ano passado foi marcado pelo chamado superciclo eleitoral global, quando cerca de 1,6 bilhão de pessoas votaram. Mas esse exercício sem precedentes de votação se desenrolou em meio à deterioração global na categoria-chave de Representação, salientou o estudo.

O indicador Eleições Confiáveis caiu para seu pior nível em 30 anos, com declínios impactando um quinto de todos os países pesquisados.

A África registrou uma grande parte dos avanços globais na avaliação da democracia global, respondendo por 24% dos países que progrediram – principalmente Botswana e África do Sul.

Democracia nas Américas

Mais países das Américas experimentaram declínio em pelo menos um fator de desempenho democrático nos últimos cinco anos, segundo o IDEA, com 45 das quedas associadas à categoria Representação.

Os maiores recuos foram no Haiti, El Salvador, Haiti e Nicarágua.

Os dois últimos também são responsáveis por dois dos três maiores declínios na liberdade de imprensa da região. O Peru é outro onde ela sofreu abalo, em parte devido à violência e intimidação de jornalistas, afirma o relatório.

Ainda assim, a maioria dos países continua a ter um desempenho na faixa intermediária no desempenho democrático.

“A democracia enfrenta uma tempestade perfeita de ressurgimento autocrático e incerteza aguda, devido a enormes mudanças sociais e econômicas”, disse o secretário-geral da International IDEA, Kevin Casas-Zamora.

“Para resistir, as democracias precisam proteger elementos-chave da democracia, como eleições e o estado de direito, mas também reformar profundamente os governos para que ele oferecer justiça, inclusão e prosperidade compartilhada”.

O relatório destaca ainda a necessidade de melhorar os direitos dos eleitores que vivem no exterior, permitindo que desfrutem da democracia tanto nos países de origem quanto nos países anfitriões.

O relatório completo pode ser visto aqui.

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