A União Europeia de Radiodifusão (EBU) anunciou que realizará uma votação extraordinária entre seus membros para decidir se Israel poderá participar do festival Eurovision em 2026.
A consulta, marcada para o início de novembro, representa uma mudança histórica na postura da entidade, que por anos sustentou que o evento era “estritamente apolítico”.
A medida foi tomada após uma escalada de tensões envolvendo a presença de Israel na competição.
Países como Espanha, Irlanda, Islândia, Eslovênia e Holanda anunciaram que boicotariam o festival caso Israel fosse admitido na final que acontecerá em Viena, citando preocupações com a ofensiva militar em Gaza e o impacto humanitário do conflito.
Votação inédita definirá futuro de Israel no Eurovision
A votação será realizada no início de novembro de 2025, em uma Assembleia Geral extraordinária online.
Todos os 68 membros da EBU terão direito a voto, e a decisão será tomada por maioria simples. Se mais de 50% dos votos forem contrários, Israel será excluído da edição de 2026.
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Artistas representam seus países no festival
Realizado anualmente desde 1956, o Eurovision é organizado pela União Europeia de Radiodifusão (EBU), uma associação que reúne as principais emissoras públicas de televisão e rádio da Europa e de países associados.
Entre seus membros estão canais como a BBC (Reino Unido), RTVE(Espanha), France Télévisions (França), ARD (Alemanha), RÚV (Islândia) e KAN (Israel).
Cada país participante escolhe um artista ou grupo musical para representá-lo, geralmente por meio de uma seleção nacional. Esses representantes competem com músicas originais, e o vencedor é escolhido por uma combinação de votos do público e de jurados profissionais.
Por esse motivo, embora o festival promova a diversidade cultural e a união entre nações, há uma associação direta entre os artistas e os países que representam. Isso torna o evento especialmente sensível a questões políticas e diplomáticas, como é o caso da atual controvérsia envolvendo Israel.
Pressão acumulada contra Israel
Embora a controvérsia tenha atingido seu ápice este ano, a pressão contra a participação israelense não é nova. Desde o início da guerra em Gaza, grupos civis, artistas e até emissoras públicas vêm pedindo à EBU que reconsidere sua posição.
Até então, a organização se mantinha firme, alegando que a Eurovisão era um espaço de união cultural, livre de disputas políticas, embora a Rússia tenha sido vetada após a invasão da Ucrânia.
No entanto, os eventos da edição de 2025, realizada em Malmö, foram um divisor de águas. A canção israelense “October Rain” foi alvo de críticas por supostamente conter referências ao ataque de 7 de outubro.
Após semanas de negociações, a letra foi modificada para atender às exigências da EBU. Mesmo assim, o festival foi marcado por protestos nas ruas, declarações públicas de artistas e tensões nos bastidores.
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