Em resumo
- Fotojornalista Antoni Lallican morreu quando acompanhava operação do exército ucraniano em Donbass.
- O grupo foi atingido por um drone russo, e outro jornalista ficou gravemente ferido
A morte do fotojornalista francês Antoni Lallican, na Ucrânia, foi apontada por organizações de liberdade de imprensa como a primeira de um profissional de imprensa resultante de uma ataque de drone russo. O ato foi classificado como crime de guerra.
O presidente francês Emmanuel Macron se pronunciou neste sábado sobre a morte do fotógrafo francês Antoni Lallican, atingido por um drone russo enquanto cobria o conflito na região de Donbass, leste da Ucrânia, em um ato classificado por organizações internacionais de liberdade de imprensa como “crime de guerra”.
Em uma mensagem publicada na rede social X (antigo Twitter), Macron expressou profunda tristeza e homenageou o trabalho do jornalista, morto na manhã de sexta-feira (3).
“Nosso compatriota, o fotojornalista Antoni Lallican, acompanhava o exército ucraniano na frente de resistência. Soube, com profunda tristeza, de sua morte, vítima de um ataque de drones russos. Envio minhas condolências à sua família e colegas que, arriscando suas vidas, nos informam e testemunham a realidade da guerra,” escreveu o presidente.
Como foi o ataque que resultou na morte do fotógrafo
Lallican, de 37 anos, estava em missão de reportagem ao lado de dois jornalistas ucranianos — Georgiy Ivanchenko, que ficou gravemente ferido, e um terceiro profissional que sofreu ferimentos leves.
O grupo viajava em um veículo identificado com a inscrição “Press” quando foi atingido por um drone FPV russo.
Organizações como a Federação Europeia de Jornalistas e a Federação Internacional de Jornalistas classificaram o ataque como um “crime de guerra” e pediram investigação internacional para identificar os responsáveis.
Elas afirmaram que foi a primeira vez que um profissional de imprensa perdeu a vida na Ucrânia em uma ataque com drone, situação que se tornou comum na guerra em Gaza.
“Hoje, na Ucrânia, a principal ameaça aos jornalistas, como a todos os civis, são os drones russos que caçam pessoas”, disse Sergueï Tomilenko, presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas da Ucrânia (NUJU).
“Estas não são vítimas colaterais da guerra. Ao visar jornalistas, o exército russo está deliberadamente caçando aqueles que tentam documentar crimes de guerra.”, completou.
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Na guerra da Ucrânia, fim da carreira de um fotógrafo premiado
Antoni Lallican era reconhecido por seu trabalho em zonas de conflito, especialmente na Ucrânia. Ele integrava a agência Hans Lucas, uma plataforma francesa que reúne fotógrafos independentes, e colaborava regularmente com veículos de imprensa de grande prestígio, como Le Monde, Le Figaro, Libération, Der Spiegel, Die Zeit e Die Welt.
Lallican dedicou-se intensamente à cobertura da guerra na Ucrânia desde março de 2022, com foco especial na região do Donbass, onde desenvolvia um projeto de longo prazo sobre os habitantes da bacia mineira afetados pelo conflito.
Seu trabalho era marcado por uma abordagem humanista e pela atenção aos impactos da guerra sobre civis.
Em janeiro de 2025, ele recebeu o Prêmio Victor Hugo de Fotografia com Compromisso, concedido pela cidade de Paris, pelo ensaio “Suddenly the Sky Darkened”, que retrata com sensibilidade e força visual o cotidiano dos ucranianos sob bombardeios.
A UNESCO informou que 22 jornalistas já morreram na Ucrânia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.
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