A Associação de Imprensa do Pentágono (Pentagon Press Association, no original em inglês) condenou as novas regras impostas pelo Pentágono, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que restringem a atuação de jornalistas, e algumas ameaçam não assinar o documento confirmando sua adesão.
De acordo com a organização, “as políticas parecem ter sido concebidas para sufocar a liberdade de imprensa”. Eles também afirmam que as normas têm o potencial de levar a processos judiciais contra os profissionais “por simplesmente fazerem seu trabalho”.
“A política transmite uma mensagem de intimidação sem precedentes a todos dentro do Departamento de Defesa, alertando contra quaisquer interações não aprovadas com a imprensa e até mesmo sugerindo que é criminoso falar sem permissão expressa – o que claramente não é.”
A nota divulgada na quarta-feira (8) relembra que cobrir jornalisticamente assuntos da área de Defesa é um direito garantido pela primeira emenda da Constituição americana, que trata sobre a liberdade de expressão e de imprensa.
O texto também defende que limitar a capacidade da imprensa de noticiar sobre o Pentágono desrespeita famílias de militares e os contribuintes.
“O povo americano merece saber como as Forças Armadas estão sendo administradas. Eles merecem mais informações deste governo, não menos”, afirma a Associação.
A CNN delcarou que não vai assinar o documento de concordância com a política, enquanto outros veículos estão cautelosos e não confirmaram se vão ou não fazê-lo, ao mesmo tempo que a Associação tenta negociar os termos do compromisso.
O que mudou nas regras de cobertura
No fim de setembro, o Pentágono já havia anunciado mudanças nas regras de cobertura da instituição. Na ocasião, foi informado que o Departamento de Defesa precisaria aprovar a publicação de qualquer material jornalístico, contendo informações privilegiadas ou não.
Segundo as normas divulgadas em setembro, as credenciais de todos os jornalistas seriam substituídas por novas e o jornalista que não assinasse um documento concordando com as novas regras estaria sob o risco de perder acesso ao Pentágono.
Esta semana, um novo documento com orientações foi divulgado.
Desta vez, o órgão voltou atrás sobre a necessidade de concordar com as regras, mas ainda exige que os profissionais assinem um documento dizendo que “entendem” as normas.
Além disso, o novo documento do governo informa que a área de imprensa dentro do Pentágono será transferida.
Os jornalistas da Associação afirmaram terem sido pegos de surpresa por essa alteração e argumentam que a mudança vai deixá-los isolados.
Antes, em maio, o governo Trump restringiu o trabalho e a circulação de jornalistas no Pentágono. Naquele momento, as regras incluiam a limitação de circulação em áreas comuns e impunham escoltas obrigatórias.
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Justificativa e contra-argumentos
A justificativa usada pelo Departamento de Defesa para a mudança é a de proteção de informações secretas. Na visão do governo, o acesso de jornalistas poderia causar uma crise de segurança nacional.
A Associação de Imprensa do Pentágono rebate o argumento afirmando que os repórteres sempre usaram credenciais de identificação e nunca circularam por áreas restritas.
“A ideia de que repórteres estão rondando escritórios onde não são permitidos é simplesmente absurda”, diz o texto.
One of the most striking things to me is that for decades, even amid the height of GWOT, Pentagon leaders saw the value and need of a standing press corps.
But now @SecWar is making multiple untrue claims about us and our work as part of his efforts to roll back that presence. https://t.co/yQyVz24lW3
— Konstantin Toropin (@KToropin) October 8, 2025
“Todos os governos desde Eisenhower [nos anos 1950] – incluindo o primeiro governo Trump – permitiu o mesmo nível de acesso”, relembram os jornalistas. “Este acesso da imprensa nunca causou o tipo de crise de segurança nacional temida pela atual liderança do departamento”.