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Associação de jornalistas condena restrições à imprensa no Pentágono: ‘Sufocam liberdade’

Para jornalistas que cobrem o Departamento de Defesa dos EUA, regras ferem direitos constitucionais

Imagem aérea do Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA

Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA (foto: Touch Of Light - CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons)



A Associação de Imprensa do Pentágono divulgou uma nota criticando as novas regras definidas pelo Departamento de Defesa para cobertura. Segundo a organização, normas atacam liberdade de imprensa.


A Associação de Imprensa do Pentágono (Pentagon Press Association, no original em inglês) condenou as novas regras impostas pelo Pentágono, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que restringem a atuação de jornalistas, e algumas ameaçam não assinar o documento confirmando sua adesão.

De acordo com a organização, “as políticas parecem ter sido concebidas para sufocar a liberdade de imprensa”. Eles também afirmam que as normas têm o potencial de levar a processos judiciais contra os profissionais “por simplesmente fazerem seu trabalho”.

“A política transmite uma mensagem de intimidação sem precedentes a todos dentro do Departamento de Defesa, alertando contra quaisquer interações não aprovadas com a imprensa e até mesmo sugerindo que é criminoso falar sem permissão expressa – o que claramente não é.”

A nota divulgada na quarta-feira (8) relembra que cobrir jornalisticamente assuntos da área de Defesa é um direito garantido pela primeira emenda da Constituição americana, que trata sobre a liberdade de expressão e de imprensa.

O texto também defende que limitar a capacidade da imprensa de noticiar sobre o Pentágono desrespeita famílias de militares e os contribuintes.

“O povo americano merece saber como as Forças Armadas estão sendo administradas. Eles merecem mais informações deste governo, não menos”, afirma a Associação.

A CNN delcarou que não vai assinar o documento de concordância com a política, enquanto outros veículos estão cautelosos e não confirmaram se vão ou não fazê-lo, ao mesmo tempo que a Associação tenta negociar os termos do compromisso.

O que mudou nas regras de cobertura

No fim de setembro, o Pentágono já havia anunciado mudanças nas regras de cobertura da instituição. Na ocasião, foi informado que o Departamento de Defesa precisaria aprovar a publicação de qualquer material jornalístico, contendo informações privilegiadas ou não.

Segundo as normas divulgadas em setembro, as credenciais de todos os jornalistas seriam substituídas por novas e o jornalista que não assinasse um documento concordando com as novas regras estaria sob o risco de perder acesso ao Pentágono.

Esta semana, um novo documento com orientações foi divulgado.

Desta vez, o órgão voltou atrás sobre a necessidade de concordar com as regras, mas ainda exige que os profissionais assinem um documento dizendo que “entendem” as normas.

Além disso, o novo documento do governo informa que a área de imprensa dentro do Pentágono será transferida.

Os jornalistas da Associação afirmaram terem sido pegos de surpresa por essa alteração e argumentam que a mudança vai deixá-los isolados.

Antes, em maio, o governo Trump restringiu o trabalho e a circulação de jornalistas no Pentágono. Naquele momento, as regras incluiam a limitação de circulação em áreas comuns e impunham escoltas obrigatórias.

Justificativa e contra-argumentos

A justificativa usada pelo Departamento de Defesa para a mudança é a de proteção de informações secretas. Na visão do governo, o acesso de jornalistas poderia causar uma crise de segurança nacional.

A Associação de Imprensa do Pentágono rebate o argumento afirmando que os repórteres sempre usaram credenciais de identificação e nunca circularam por áreas restritas.

“A ideia de que repórteres estão rondando escritórios onde não são permitidos é simplesmente absurda”, diz o texto.

“Todos os governos desde Eisenhower [nos anos 1950] – incluindo o primeiro governo Trump – permitiu o mesmo nível de acesso”, relembram os jornalistas. “Este acesso da imprensa nunca causou o tipo de crise de segurança nacional temida pela atual liderança do departamento”.

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