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Credibilidade na imprensa

Sob Trump, confiança de americanos na imprensa cai ao seu menor nível histórico, diz Gallup

Pesquisa do instituto mostra que só 28% dos americanos confiam noas notícias que recebem por meio de jornais, TV e rádio

Donald Trump em entrevista a jornalistas

Donald Trump falando com jornalistas ao desembarcar (foto: @POTUS)




A influência do movimento liderado por Donald Trump desde o seu primeiro mandato para desacreditar o jornalismo nos EUA está cobrando seu preço: menos de três em cada 10 americanos disseram ter confiança em jornais, televisão e rádio para se informar ‘de maneira  completa, justa e precisa’.

A constatação foi feita pelo Instituto Gallup, que acaba de divulgar uma pesquisa revelando que apenas 28% dos entrevistados confiam “razoavelmente” ou “muito” na mídia tradicional. A queda é de 31% e de 40% respectivamente em relação a 2024.

Segundo o Gallup, é a primeira vez que a confiança caiu para menos de 30% desde que o acompanhamento começou a ser feito, há quase cinco décadas.

O gráfico mostra o declínio desde 1975, com poucos momentos em que a confiança se elevou.

Gráfico mostra declínio da confiança dos americanos na imprensa

Perda de confiança no jornalismo é global, mas não uniforme

A falta de confiança nas notícias é um problema global, mas não acontece com a mesma intensidade em todos os mercados.

No Digital News Report, pesquisa anual do Instituto Reuters para Estudos do Jornalismo, o Brasil apresenta um nível de confiança geral nas notícias 12 pontos percentuais mais alto que os EUA.

 Na classificação geral entre 48 mercados, estamos em 20º lugar e os Estados Unidos em 39º – e isso não reflete ainda a opinião do público depois de atos seguidos para desacreditar o jornalismo. 

Ainda que no Brasil, assim como outros países, governantes tenham usado suas plataformas para vociferar contra jornalistas, os EUA vivem um momento sombrio, com uma campanha que vai além de palavras para também amedrontar profissionais e organizações de imprensa com processos e represálias regulatórias.

Nesse campo de batalha, o público deixa de acreditar, como mostra o Gallup. Quando a instituto começou a medir a confiança no jornalismo, na década de 1970, cerca de 70% dos americanos diziam confiar nas notícias que recebiam.

Descrédito em todos os grupos partidários

O declínio é evidente em todos os principais grupos partidários, embora a confiança dos republicanos esteja agora em um único dígito (8%).

Pessoas que se declaram como independentes, não afiliadas a um ou outro partido dominante nos EUA (Democrata ou Republicano), permanecem em grande parte céticas.

Apenas 27% delas continuam confiantes nas informações que recebem da imprensa tradicional.

Os democratas, que tradicionalmente têm sido mais positivos em relação à mídia, agora representam apenas uma pequena maioria.

A confiança da mídia permanece maior entre os idosos

Há uma clara divisão geracional na confiança na mídia.

No período  abrangendo de 2023 a 2025, 43% dos adultos com 65 anos ou mais confiam em jornais, TVs e rádios para se informar.

Nas faixa etárias mais jovens, a confiança não ultrapassa 28%.

Gráfico pesquisa Gallup confiança na imprensa

Essa diferença não acontecia antes, segundo o Gallup. No início dos anos 2000, os americanos em todas as quatro faixas etárias expressaram níveis relativamente semelhantes de confiança na mídia, um pouco acima de 50%.

Desde então, a confiança entre todos os quatro grupos diminuiu gradualmente — mas menos entre os americanos com 65 anos ou mais.

O desafio para as organizações jornalísticas não é apenas veicular matérias corretas e precisas, mas também recuperar a credibilidade em um público cada vez mais polarizado e cético, alerta o Gallup.

Chatbots de IA também não são confiáveis para notícias

Se os americanos não confiam na imprensa, em quem eles acreditam agora? Não é na IA.

Uma outra pesquisa divulgada na semana passada, do Pew Research Center apontou que menos de 10% dos entrevistados buscam notícias nos chatbots como ChatGPT.

E metade deles diz que ter encontrado notícias que acham imprecisas. Como sempre acontece em pesquisas envolvendo plataformas digitais, a opinião muda (para pior em relação a elas) de acordo com a faixa etária.

Mas de forma geral, o levantamento indica um comportamento cuidadoso em todos os grupos pesquisados, em linha com alertas sobre conteúdo impreciso gerados pelos chatbots.

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