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Guerra em Gaza

Warner e Paramount desafiam artistas de Hollywood e recusam pressão por boicote a Israel

Estúdios de cinema dos EUA negaram possibilidade de boicotar instituições israelenses mesmo após manifesto com mais de 4 mil assinaturas

Studios da Warner nos Estados Unidos

Foto: Divulgação/Warner



A Warner se juntou à Paramount na lista de estúdios que se posicionaram contra o boicote a instituições de cinema israelense. Pedido é apoiado por 4.000 profissionais da indústria.


O estúdio Warner Bros. Discovery afirmou nesta quinta-feira (16) que não vai aderir a um boicote contra Israel. A justificativa é que a ação violaria as políticas da empresa.

A Warner respondeu a um documento legal enviada para o braço da empresa no Reino Unido.

Indiretamente, o posicionamento responde também a uma carta assinada por milhares de integrantes da indústria do cinema – incluindo estrelas como Olivia Colman, Javier Barden, Mark Ruffalo e Emma Stone – que demandava o boicote a instituições israelenses, como forma de pressão pelo fim da guerra em Gaza.

O posicionamento da Warner, enviado à revista americana Variety, diz que a empresa “está comprometida em promover um ambiente inclusivo e respeitoso para seus funcionários, colaboradores e outras partes interessadas”.

“Nossas políticas proíbem qualquer tipo de discriminação, incluindo discriminação com base em raça, religião, nacionalidade ou ancestralidade. Acreditamos que um boicote a instituições cinematográficas israelenses viola nossas políticas.

Embora respeitemos os direitos de indivíduos e grupos de expressar suas opiniões e defender causas, continuaremos a alinhar nossas práticas comerciais aos requisitos de nossas políticas e da lei.”

Outros estúdios já recusaram boicote

A Warner não é o primeiro estúdio a se posicionar de maneira contrária ao boicote a Israel. Poucos dias após a publicação do pedido, a Paramount respondeu afirmando que não concorda com o boicote.

Em um pronunciamento, o estúdio afirmou que “a indústria global do entretenimento deveria encorajar os artistas a contar suas histórias e compartilhar suas ideias com o público em todo o mundo”.

“Silenciar artistas criativos individuais com base em sua nacionalidade não promove melhor compreensão nem avança a causa da paz”.

Signatários da carta, porém, especificaram que o pedido de boicote não se aplica a indivíduos, mas sim instituições israelenses que sejam coniventes com os atos do Estado em Gaza.

Internamente, funcionários da Paramount também se mobilizaram para pedir que a empresa boicote instituições israelenses. Logo após a negativa do estúdio em aderir a este movimento, um grupo de cerca de 30 funcionários enviou uma carta para o CEO David Ellison.

Anonimamente, eles criticaram a empresa por se alinhar a um genocídio do povo palestino em Gaza. Após não receberem respostas, eles encaminharam uma lista de demandas, que incluía a doação de US$ 1 milhão para um fundo de apoio a crianças palestinas, mesmo valor que foi doado pela empresa em 2023 a um fundo humanitário de Israel.

Entenda o pedido de boicote a Israel

No início de setembro, atores, diretores e outros profissionais da indústria do cinema dos Estados Unidos assinaram um documento no qual se comprometiam a não trabalhar com instituições israelenses e pediam que estúdios de cinema fizessem o mesmo.

O texto justificava a atitude afirmando que as organizações de Israel estavam implicadas em “genocídio e apartheid contra o povo palestino” por contribuírem de alguma forma para a guerra na Faixa de Gaza.

A carta foi publicada pela organização “Trabalhadores do Cinema pela Palestina”. Inicialmente ela contava com 1200 assinaturas, mas rapidamente o número de apoiadores se multiplicou, chegando a cerca de 4000.

“Neste momento urgente de crise, em que muitos dos nossos governos estão a permitir a carnificina em Gaza, devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para combater a cumplicidade nesse horror implacável”, diz o texto.

O movimento foi inspirado em uma ação similar dos anos 1980, que boicotou culturalmente a África do Sul, de maneira a pressionar pelo fim do regime do apartheid.

Já o documento legal do Reino Unido foi enviado, além da Warner, para Disney, Apple, Amazon Studios, Netflix, BBC, entre outros.

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