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Violência

Afeganistão: dois jornalistas morrem em dois dias após ataques atribuídos ao Paquistão

Talibã acusa país vizinho de ataque deliberado a profissionais de imprensa

Jornalistas mortos no Afeganistão após ataques do Paquistão

Abdul Ghafoor Abed e Abdul Zahir, jornalistas afegãos, morreram em ataques atribuídos ao Paquistão (foto: redes sociais)



Na fase mais grave das disputas entre Paquistão e Afeganistão desde a tomada do país pelo Talibã, jornalistas estão sendo vítimas de bombardeios e governo acusa país vizinho de ação deliberada.


Em meio a uma escalada de tensões entre o Afeganistão e o Paquistão, dois jornalistas foram mortos no país em apenas dois dias, um deles na capital, Cabul.

Abdul Zahir Safi, que trabalhava para a mídia estatal afegã,  foi vítima de um ataque aéreo supostamente de autoria do Paquistão na quarta-feira (15) em uma área civil da cidade, de acordo com a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) e a União de Jornalistas Independentes Afegãos (AIJU).

O ataque aconteceu um dia depois da morte do jornalista Abdul Ghafoor Abed, atingido enquanto cobria os confrontos entre os países vizinhos.

De acordo com a AIJU, os profissionais da Paktia National Television estavam acompanhando as operações militares do Talibã no distrito de Zazai Maidan, na fronteira de Khost, que faz fronteira com o Paquistão, quando ataques foram realizados supostamente pelas forças paquistanesas.

Outro jornalista afegão, Tawab Arman, foi ferido no mesmo ataque, assim como um motorista, segundo a IFJ.

As duas organizações de imprensa condenam veementemente os assassinatos e exigiam uma investigação urgente sobre as circunstâncias das mortes.

Conflito entre Paquistão e Afeganistão

A violência entre os dois países aumentou desde que explosões foram registradas em Cabul e Kandahar na semana passada.

Os combates na fronteira se intensificaram no fim de semana de 11 e 12 de outubro, e são apontados como os mais graves desde a tomada de poder pelo Talibã, em 2021.

Ambos os lados acusaram o outro de iniciar o conflito, que ceifou a vida de combatentes de ambos os lados, bem como vítimas civis no Afeganistão.

O Talibã afirma ter matado mais de 50 militares, enquanto o Paquistão afirma ter matado cerca de 200 do adversário, informou a Federação.

Os países confirmaram um cessar-fogo temporário em 15 de outubro, mas a morte de Safi ocorreu um dia depois.

Quem era o jornalista morto na capital do Afeganistão

Abdul Zahir Safi era funcionário da área de mídia do governo Talibã, que faz parte da estrutura do Ministério da Informação e Cultura.

Ele atuava na promoção de poesia e canções com temas religiosos (taranas) que se alinham com os valores islâmicos, que dominam a programação das mídias estatais e são obrigatórias até em mídias independentes.

Em um comunicado, a emissora estatal do Afeganistão afirmou que o Safi foi vítima de “um ataque deliberado”, mas a declaração não incluiu a hora ou o local exatos do ataque.

O secretário-geral da IFJ, Anthony Bellanger, disse:

“O assassinato de Abdul Zahit Safi é uma tragédia e os profissionais de mídia que têm proteção garantida pelo direito internacional, já que civis comuns não devem ser alvo.

A IFJ reitera sua demanda de que os atores estatais cumpram o direito internacional e garantam a segurança dos trabalhadores da mídia em meio a surtos de conflitos.”

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