Três premiados astrofotógrafos foram surpreendidos por um espetáculo raro no céu da Nova Zelândia — e transformaram o momento em uma série de imagens impressionantes: sprites vermelhos rasgando o céu com a Via Láctea ao fundo, ao mesmo tempo em que as luzes da Aurora Boreal tingiram o céu e um cometa fez uma breve aparição.
As fotos foram feitas em Clay Cliffs, na Ilha Sul, por Dan Zafra, fotógrafo espanhol e fundador do site Capture The Atlas, ao lado de Jose Luis Cantabrana, também espanhol, e Tom Rae, astrofotógrafo neozelandês.
A missão da noite era capturar boas imagens do céu noturno. O que eles conseguiram foi muito além do esperado. Zafra acredita que o registro dos sprites alinhados com a Via Láctea seja inédito.
Sprites: rápidos e difíceis de fotografar
“Sprites” vermelhos são descargas elétricas rápidas e de grande extensão que ocorrem bem acima das tempestades, atingindo altitudes de até 90 quilômetros. São invisíveis a olho nu e muito difíceis de serem fotografados.
Zafra contou que estava observando as imagens de teste em sua câmera no início da jornada fotográfica quando percebeu os sprites vermelhos, e passou então a registrar o raro fenômeno.

“Vivenciei uma das noites mais extraordinárias da minha vida”.
Fotos raras no céu noturno da Nova Zelândia
De acordo com Zafra, não há imagens ou vídeos (timelapses) registrados anteriormente que mostrem sprites vermelhos e a Via Láctea do Hemisfério Sul juntos.
E o fenômeno se tornou ainda mais extraordinário com um facho da Aurora Australis e um pequeno cometa chamado SWAN, que se tornou visível quando o fotógrafo ampliou as imagens.

O registro do fenômeno
Dan Zafra criou um vídeo em timelapse que mostra os sprites piscando, a transformação das luzes e o cometa passando no céu.
O fotógrafo contou que esses raios duram apenas alguns milissegundos. “Mesmo os caçadores de tempestades que passam a vida perseguindo raios em lugares como Oklahoma ou Texas podem passar anos sem testemunhar um”, disse.

E o que tornou tudo ainda mais mágico foi como tudo se alinhou; os sprites estavam acontecendo bem ao lado do núcleo galáctico que estava se pondo.
No mesmo quadro, foi possível ver a Via Láctea brilhando acima do horizonte enquanto enormes filamentos vermelhos de luz dançavam acima de uma tempestade a centenas de quilômetros de distância.

Um raro momento para a astrofotografia
Os sprites vermelhos estão entre os fenômenos luminosos naturais mais raros e menos compreendidos. Eles foram registrados pela primeira vez por uma câmera em 1989, e apenas alguns fotógrafos em todo o mundo os capturaram com alto nível de detalhes.

Eles ocorrem acima de fortes tempestades, quando descargas elétricas positivas atingem a ionosfera. Capturá-los exige uma combinação de condições perfeitas, paciência e muita sorte, tudo o que aconteceu naquela noite na Nova Zelândia.
O significado da captura
“Para mim, esta imagem preenche a lacuna entre a fotografia atmosférica e a astrofotografia, mostrando como eventos climáticos passageiros e estruturas cósmicas atemporais podem se alinhar no mesmo quadro”, disse Zafra.

“São momentos como esses que me lembram por que passo tantas noites fotografando sob as estrelas. Nunca esquecerei a adrenalina de ver os primeiros sprites aparecerem na minha câmera, percebendo o que eu havia registrado”, completou.
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