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Liberdade de imprensa

Em meio a negociações pelo fim da guerra na Ucrânia, Rússia condena jornalista da Crimeia a 14 anos de prisão

Vilen Temeryanov é acusado de terrorismo, mas Comitê de Proteção a Jornalistas aponta repressão a seu trabalho jornalístico

Vilen Temeryanov, jornalista da Crimeia condenado pela Rússia, sentado no Tribunal

Vilen Temeryanov já está preso há três anos. Foto: Reprodução/Crimean Solidarity



Enquanto aceita discutir um acordo de paz para encerrar a guerra com a Ucrânia, a Rússia segue com a repressão a jornalistas e condenou mais um, desta vez a 14 anos de prisão. Vilen Temeryanov é da Crimeia, um dos territórios ocupados pelo regime de Vladimir Putin.


Ao mesmo tempo em que um acordo mediado pelos EUA e pela União Europeia tenta colocar fim à guerra na Ucrânia, a Rússia condenou o jornalista Vilen Temeryanov, original da Crimeia, a 14 anos de prisão por “participar das atividades de uma organização terrorista” e “preparar uma tomada de poder violenta”.

A Crimeia foi ocupada pela Rússia em 2014,  e o destino do território é um dos pontos difíceis do acordo.

Preso desde agosto de 2022, o jornalista nega as acusações e afirma que vai tentar recorrer da decisão. Ele se pronunciou oficialmente pela última vez no dia 25 de novembro, na véspera da condenação.

“Sou muçulmano e jornalista, e depois de estudar a realidade durante todos esses anos, cheguei à conclusão de que não há lugar para justiça  onde há intenção de cometer terrorismo na forma de perseguição, intimidação e destruição de famílias e da paz entre as pessoas.”

A Rússia acusa o jornalista de ser membro do grupo islâmico Hizb ut-Tahrir, que as autoridades russas proibiram e consideram uma organização terrorista. O grupo tem permissão para operar legalmente na Ucrânia.

A sentença determina que Temeryanov cumpra os três primeiros anos em regime fechado em presídio e depois passe para uma colônia prisional.

O jornalista trabalha para a organização de direitos humanos Crimean Solidarity e para o site independente Grani.

Temeryanov foi preso junto com outros cinco ativistas. Quatro deles já tinham recebido condenações que variam de 13 a 19 anos de prisão.

Perseguição a jornalistas na Crimeia

Além de ser da Crimeia, Temeryanov é da etnia muçulmana Tatar, que, segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), tem sido alvo de perseguição.

De acordo com o CPJ, atualmente há 12 jornalistas ucranianos presos na Rússia. Sete deles são Tatars da Crimeia.

A organização aponta riscos à liberdade de imprensa, pede a liberação imediata do jornalista e o fim da “repressão às vozes independentes na Crimeia”.

Gulnoza Said, coordenadora do programa para a Europa e Ásia Central do CPJ, classificou a prisão de Temeryanov como uma represália a seu trabalho.

“Isso demonstra o quanto a Rússia teme qualquer reportagem independente vinda dos territórios ocupados da Ucrânia.”

Rússia e Ucrânia negociam acordo de paz

As conversas entre a Rússia e a Ucrânia ainda acontecem em caráter inicial, mas um dos pontos centrais do acordo é o futuro de dois territórios ocupados, a Crimeia e Donbass.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou no dia 27 de novembro que um acordo deve incluir o reconhecimento legal de que as regiões agora pertencem à Rússia.

No entanto, o documento que está em discussão no momento, apresentado por países europeus com base em uma primeira versão feita pelos Estados Unidos, traz 28 pontos, e não inclui a questão dos dois territórios ocupados.

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