© Conteúdo protegido por direitos autorais

Lavagem verde

Nike, Lacoste e Superdry têm anúncios banidos no Reino Unido por ‘greenwashing’

Órgão regulador da propaganda britânica considerou enganosas as alegações de sustentabilidade das três marcas

Logo da Nike iluminado em fachada de loja

Foto: Fisnih Murtezi /Unsplash



A decisão do regulador britânico marca mais um passo contra práticas de marketing ambiental enganosas na moda, colocando a Nike, a Lacoste e a Superdry no centro de uma polêmica internacional sobre transparência e sustentabilidade.


A Advertising Standards Authority (ASA), órgão regulador da publicidade no Reino Unido, anunciou nesta quarta-feira (3) a proibição de anúncios das marcas Nike, Lacoste e Superdry, por considerá-los enganosos em relação a alegações de sustentabilidade, prática conhecida como “greenwashing” (fazer-se passar por ecológico sem provas suficientes).

A decisão foi tomada após investigação que concluiu que os materiais publicitários utilizavam termos como “sustentável”, “materiais sustentáveis” e “estilo sustentável”, sem apresentar evidências que justificassem tais afirmações.

Orientações anteriores emitidas pela Autoridade da Concorrência e dos Mercados proíbem alegações gerais ou absolutas sobre um produto ser sustentável, por induzirem os consumidores a presumir que o consumo dos bens ou serviços não teria impacto adverso no meio ambiente.

Anúncio da Nike banido por greenwashing

No caso da Nike, a ASA avaliou um anúncio veiculado no Google em junho para promover a linha de camisas pólo da marca para jogar tênis.

O título afirmava:  “Nike Tennis Polo Shirts – Serve An Ace With Nike”

Anúncio da Nike banido no Reino Unido por greenwashing

A autoridade reguladora considerou que o texto sugeria que os itens eram totalmente sustentáveis, sem a devida apresentação de evidências claras sobre quais materiais eram utilizados, em qual proporção, e seu impacto ambiental efetivo.

O órgão regulador concluiu que, sem dados verificáveis, os consumidores poderiam ser induzidos a acreditar que os produtos não tinham impacto ambiental negativo, o que não foi comprovado.

Respondendo à denúncia, a Nike argumentou que, ao clicar no anúncio do Google, os consumidores encontravam informações mais detalhadas sobre as credenciais de sustentabilidade da linha. A marca também alegou que as camisas continham pelo menos 75% de materiais reciclados.

O greenwashing da Lacoste

A Lacoste foi alvo de decisão semelhante em relação a um anúncio exibido em junho para uma linha de produtos infantis.

Anúncio da Lacoste banido sob alegação de greenwashing

A ASA afirmou que a marca não forneceu documentação que demonstrasse a origem dos tecidos ou a descrição dos processos de fabricação que justificassem tal alegação.

A autoridade destacou que o uso isolado da palavra “sustainable” transmite uma ideia absoluta de impacto ambiental positivo, e que tal mensagem é enganosa sem a apresentação de provas consistentes.

A Lacoste respondeu destacando que vem trabalhando ativamente há vários anos para reduzir a pegada de carbono de sua cadeia de valor de produtos.

Alguns métodos utilizados pela marca, validados pela iniciativa Science Based Targets, incluiriam a utilização de matérias-primas certificadas, a redução do uso da água e a preservação da biodiversidade.

Superdry: anúncio banido pela expressão “estilo sustentável’

Já a Superdry teve anúncios digitais banidos por utilizar a expressão “sustainable style”.

O orgão regulador da propaganda britânica considerou que a frase era vaga e não acompanhada de explicações ou dados que permitissem ao consumidor compreender em que medida os produtos eram de fato sustentáveis.

Em comunicado, a Superdry disse que o anúncio não “faz uma reivindicação absoluta”, nem sugere que todos os seus produtos sejam ecológicos.

Tolerância zero com greenwashing

 Em seu comunicado sobre os três banimentos, a ASA reforçou que alegações ambientais absolutas só podem ser feitas quando há comprovação clara e verificável de que o produto não causa impacto ambiental significativo.

O órgão determinou que os anúncios banidos não podem ser veiculados novamente e destacou que continuará monitorando campanhas publicitárias para garantir que as mensagens ambientais sejam transparentes e fundamentadas em evidências.


error: O conteúdo é protegido.