O governo britรขnico anunciou na manhรฃ desta segunda-feira (21/6) a formaรงรฃo de uma alianรงa unindo as plataformas de mรญdia social mais populares entre os jovens para incentivar os usuรกrios a tomarem a vacina contra a Covid-19.

O esforรงo acontece no momento em que toda a populaรงรฃo com idade superior a 18 anos estรก sendo convidada a se vacinar na Inglaterra. Mais de 1 milhรฃo de agendamentos foram feitos em dois dias. 

A hesitaรงรฃo em tomar a vacina no paรญs vem se mantendo estรกvel no paรญs, segundo a agรชncia estatal Office for National Statistics(ONS). A pesquisa mais recente, divulgada em 9 de junho, revelou que 6% da populaรงรฃo nรฃo quer se imunizar. No entanto, a taxa mais do que dobra entre os jovens entre 16 a 29 anos, chegando a 13%. ร‰ a proporรงรฃo mais alta dentre todas as faixas etรกrias pesquisadas. Entre os grupos รฉtnicos, os negros sรฃo os mais avessos a se imunizar contra a Covid-19, com a recusa alcanรงando 21%. 

A alianรงa formada para reverter este quadro inclui Snapchat, Reddit, TikTok e YouTube. Mas as plataformas maiores, Facebook e Instagram, ficaram de fora.

Os usuรกrios do Snapchat poderรฃo usar adesivos do NHS (o sistema pรบblico de saรบde, equivalente ao SUS brasileiro), um filtro e, a partir do fim do mรชs, uma lente de realidade aumentada que diz: ‘Tomei minha vacina’, para compartilhem em suas contas.

A plataforma estรก promovendo uma sรฉrie de sessรตes de perguntas e respostas com especialistas mรฉdicos na conta do Snapchat do primeiro-ministro Boris Johnson. A primeira ocorreu no dia 19 de junho, com uma mรฉdica do NHS England, que respondeu a perguntas do pรบblico sobre a vacina.

O Snapchat tambรฉm anunciou a expansรฃo do ‘Here For You’, que fornece recursos no aplicativo para pessoas que procuram mais informaรงรตes sobre saรบde, saรบde mental e bem-estar. Quando alguรฉm pesquisar ‘Covid-19’, ‘vacina’, ‘NHS’ e ‘vacinaรงรฃo’, terรก acesso a recursos especializados do serviรงo pรบblico de saรบde para receber informaรงรตes, criar confianรงa e lidar com a desinformaรงรฃo.

A plataforma Reddit estรก promovendo  sessรตes ao vivo ‘pergunte-me qualquer coisa’ em seu fรณrum de coronavรญrus, para ajudar as pessoas a acessarem informaรงรตes factuais e confiรกveis.

O TikTok  criou um adesivo ‘Eu tomei minha vacina Covid’ do NHS ร  para os usuรกrios compartilharem. E estรก trabalhando com a Equipe Halo, um grupo de cientistas que usa a plataforma para fornecer as informaรงรตes mais recentes sobre vacinas com entretenimento e vรญdeos compartilhรกveis, inclusive brasileiros. 

O YouTube jรก tinha lanรงado uma campanha de vรญdeo com o slogan: ‘Nรฃo vamos voltar’ para lembrar seu pรบblico principal de 18 a 34 anos da importรขncia de ser vacinado por meio de mensagens que falam sobre as experiรชncias pessoais de um ano de lockdown. 

A campanha estรก sendo veiculada no YouTube, em outdoors e anรบncios em paradas de รดnibus e nas redes sociais. 

Atรฉ 15 de abril o governo jรก tinha concluรญdo a oferta da vacina para os mais vulnerรกveis. O plano agora รฉ que atรฉ 19 de julho todos os adultos acima de 18 anos que desejarem poderรฃo receber a vacina. 

Desinformaรงรฃo nas redes 

O Secretรกrio Nacional de Mรญdia e Digital, Oliver Dowden disse que a alianรงa com as plataformas populares ajudarรก a aumentar ainda mais a aceitaรงรฃo. Mas lembrou que o governo continua atento ร  desinformaรงรฃo que circula nas mรญdias sociais, um dos alvos da nova Lei de Seguranรงa Online que estรก em tramitaรงรฃo. 

No ano passado, o secretรกrio Dowden e o secretรกrio de saรบde e assistรชncia social, Matt Hancock, firmaram um acordo com as plataformas de mรญdia social para limitar a disseminaรงรฃo de informaรงรตes falsas sobre vacinas e ajudar as pessoas a encontrarem as informaรงรตes corretas. 

Em uma mesa redonda virtual, Facebook, Twitter e Google se comprometeram com o princรญpio de que nenhuma empresa deve lucrar ou promover informaรงรตes falsas sobre as vacinas contra a Covid-19, garantiram que iriam responder ao conteรบdo sinalizado mais rapidamente e que trabalhariam com as autoridades para promover mensagens cientificamente corretas.

No entanto, entidades continuam denunciando que as empresas de mรญdia digital nรฃo tรชm feito o suficiente para controlar a desinformaรงรฃo.

Em marรงo, o Center for Countering Digital Hate (CCDH) divulgou um relatรณrio  afirmando que ativistas  antivacina no Facebook, YouTube, Instagram e Twitter alcanรงam mais de 59 milhรตes de seguidores, tornando-as as maiores e mais importantes plataformas de mรญdia social antivacina.

O diretor do YouTube para o Reino Unido, McOwen Wilson disse na รฉpoca que a pandemia de coronavรญrus “mudou tudo rapidamente” e que o YouTube revisou suas polรญticas, trabalhando com parceiros de informaรงรฃo como o NHS e a Organizaรงรฃo Mundial de Saรบde para mitigar o problema. 

Ele disse que a plataforma removeu 900 mil vรญdeos que infringiam as regras sobre informaรงรตes incorretas sobre o coronavรญrus e afirmou que banners com links para fontes confiรกveis de informaรงรฃo foram clicados 500 bilhรตes de vezes.

Fim do isolamento social adiado

O aumento de casos de Covid-19, atribuรญdo ร  rรกpida expansรฃo da variante indiana do vรญrus, fez com que na semana passada o governo anunciasse o adiamento do fim das medidas de isolamento social, marcado para o dia 21 de junho.

A administraรงรฃo do primeiro-ministro Boris Johnson foi criticada por empresรกrios que contavam com a abertura e com parte do pรบblico que discorda das restriรงรตes e chegou a fazer protestos violentos no centro de Londres no dia em que a decisรฃo foi anunciada. Um jornalista da BBC foi atacado e perseguido por manifestantes. 

Mas as pesquisas indicam que a maioria da populaรงรฃo รฉ favorรกvel. Segundo o Instituto YouGov, 71% dos ingleses apoiaram o adiamento, com 41% dizendo que o apรณiam “fortemente”. Apenas um quarto (24%) dos que vivem na Inglaterra se opรตe ao adiamento, com 14% dizendo que se opรตe “fortemente” ร  decisรฃo. 

Existe um apoio generalizado a todos os grupos sociais, mas hรก uma grande divisรฃo por idade – quanto mais velha a pessoa, maior a probabilidade de apoiar o atraso. Oito em cada dez (81%) das pessoas com 65 anos ou mais dizem que sรฃo favorรกveis, assim como 77% das pessoas entre 50 e 64 anos, caindo para 66% das pessoas de 25 a 49 anos, e para 54% entre os 18 a 24 anos. Os jovens ainda sรฃo muito mais propensos a apoiar o atraso do que a se opor (34%).  

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