Uma pesquisa destinada a mapear os hábitos de consumo de notícias criados pela pandemia na América Latina apontou que quatro em cada 10 entrevistados adotaram as redes como fonte de informação principal. Desses, porém, a maioria (67%) ainda recorre a sites de notícias para confirmar o que lê nas mídias digitais, um sinal da confiança no jornalismo tradicional.
Mas segundo o estudo, a covid-19 fez com que 54.6% dos entrevistados passassem a desconfiar do noticiário tradicional.
Embora 36% dos participantes da pesquisa tenham declarado que se informam regularmente por meio de perfis de jornalistas, uma parcela mais alta (40,6%) o faz em feeds de amigos, confiando mais nos filtros e na seleção pessoal dos conhecidos que acompanham do que em profissionais de imprensa.
O estudo foi realizado pela agência de comunicação Latam Intersect PR. Foram feitas 1,8 mil entrevistas com pessoas das classes A, B e C no Brasil, Argentina, Chile, México, Colômbia e Peru.
O uso das redes sociais como fonte de notícias revelou-se mais comum entre mulheres (43,4%) e jovens entre 18 e 24 anos (53,9%).
O Facebook despontou como a rede social preferida como fonte de notícias na região, mas perde para o Instagram no Brasil. A televisão aparece depois das redes, com 28%, e em seguida os portais de notícias, com 20%.
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Já a mídia impressa continua em declínio: mais de um quarto dos pesquisados (28%) declarou nunca ter lido veículos impressos. Cerca de 35% disseram ler jornais uma vez por mês ao encontrá-los casualmente, mas não leem revistas. O mesmo percentual afirmou consumir informações por meio de podcasts.
Quase 7 em cada 10 (68,7%) dos entrevistados acreditam que a pandemia influenciou seus hábitos de consumo de notícias, fazendo com que tenham passado a se informar e compartilhar mais informações.
E mais da metade (53,4%) compartilha notícias boas e com as quais tende a concordar, contra apenas 5,9% que divulgam notícias com as quais discordam.
“Compartilhar notícias tornou-se uma prioridade fundamental para a mídia, mas é muito mais provável que isso aconteça se o público concordar com o conteúdo. E isso inevitavelmente carrega o risco de aumentar a polarização e as câmaras de eco”, afirma Roger Darashah, diretor da agência.
Os sites de notícias figuram como os mais confiáveis, mas as taxas variam pouco entre os diversos meios, segundo o estudo da Latam Intersect PR.
Além da pesquisa sobre consumo de notícias e confiança no jornalismo, a agência também realizou uma enquete entre mais de 400 jornalistas. Ela apontou o uso das redes sociais como a maior influência da pandemia na forma de trabalhar.
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