Londres – Efeitos de enchentes, secas e poluição e também soluções originais para a falta de alimentos e o registro da adaptação de animais às mudanças climáticas são algumas das fotos de meio ambiente premiadas na 16ª edição do concurso Environmental Photographer of the Year 2023.
O italiano Maurizio di Pietro foi escolhido Fotógrafo Ambiental do Ano ao retratar um experimento inovador da Universidade de Torino, que avalia o potencial das moscas Black Soldier como fonte de nutrição para o mundo. A imagem faz parte da série ‘Fome Zero’, que documenta a insegurança alimentar mundial e a solução representada pelos insetos.
Brasileiros são finalistas no concurso
O concurso, organizado pela Chartered Institution of Water and Environmental Management, do Reino Unido, tem como objetivo conscientizar e estimular a ação climática e refletir sobre os desafios que o planeta enfrenta.
A competição recebeu 2,4 mil imagens de 1,5 mil fotógrafos de 159 países, entre eles dois brasileiros selecionados entre os finalistas.
Denis Ferreira Netto, Brasil
‘Meia a Meio’ foi a imagem do brasileiro Denis Ferreira Netto que ficou entre as melhores do concurso. A foto mostra as obras de recuperação da orla marítima de Matinhos, no litoral do Paraná.
As máquinas colocam um tubo para engrossar a faixa de areia da praia com o auxílio de uma retroescavadeira. A reconstrução destas defesas apoia a vida da população local e a economia.
Denis Ferreira Netto é fotojornalista e tem vários trabalhos publicados em importantes veículos do país. Em 2021, ficou com o segundo lugar do concurso The Nature Conservancy com uma foto da Serra do Mar.
André Arruda, Brasil
Já a foto de André Arruda, intitulada ‘Remando na lama’, retrata a colônia de pescadores Z-14, localizada em Guaratiba, no Rio de Janeiro. A colônia, fundada em 1908, é uma das mais antigas do Brasil.
Há décadas o Rio Piraquê recebe toneladas de resíduos provenientes das indústrias da região e da implantação da baía. Isso faz com que os moradores locais tenham que remar através de cerca de 200 metros de lama espessa e escura até as águas mais limpas, perto da Restinga da Marambaia.
André Arruda é formado em Comunicação Audiovisual e já trabalhou como repórter fotográfico no Jornal do Brasil e no Globo. Atualmente trabalha como fotógrafo independente.
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Veja as outras fotos de meio ambiente premiadas e destacadas pelos jurados
Jovem Fotógrafo Ambiental do Ano da Nikon – Solayman Hossain, Bangladesh
‘Área afetada pelas inundações’ mostra um agricultor e suas vacas atravessando uma estrada para encontrar comida, depois que o local ficou tomado pela água durante a estação das monções.
Hossain tem 18 anos e a imagem premiada no concurso de fotos sobre meio ambiente foi produzida em Kushtia, Bangladesh. Ele comentou:
“Espero que minha foto inspire ações ambientais, mostrando a importância da natureza, aumentando a conscientização sobre as questões do meio ambiente e incentivando outras pessoas a tomarem medidas positivas em direção à sustentabilidade”.
Categoria MPB Visão de futuro – Jahid Apu, Bangladesh
Jarid Apu foi o vencedor da categoria com a fotografia ‘Uma caminhada pelo lixo’ que mostra uma ponte cercada por resíduos de plásticos em Daka, Bangladesh, um dos países mais poluídos por plástico do mundo, com cerca de 646 toneladas coletadas diariamente no local.
O fotógrafo contou que sempre que passa por esta ponte, pensa como as pessoas podem sobreviver com tanto plástico. “As crianças brincam no lixo e as comunidades vizinhas são forçadas a viver em torno deste mar de lixo”.
“À medida que a crise climática se intensifica, os fotógrafos devem abandonar as belas imagens da natureza por aquelas que confrontam o nosso planeta em mudança e nos inspiram a protegê-lo.”
Categoria Recuperando a natureza, Nicolas Marin Benitez, Argentina
Um raro recife de coral luminescente capturado durante um mergulho em Aruba foi a foto sobre o meio ambiente vencedora da categoria ‘Recuperando a natureza’.
Produzida pelo fotógrafo e explorador subaquático da National Geographic Nicolas Benitez, ‘Recuperando corais da natureza à noite’, mostra um fenômeno natural chamado bioluminescência, que indica a saúde dos oceanos.
Segundo o fotógrafo, “o coral, como um dos pilares fundamentais destes ecossistemas, enfrenta desafios significativos devido às mudanças climáticas, poluição e degradação do habitat”.
Categoria Adaptando-se para o amanhã, Anirban Dutta, Bengala Ocidental
Fotógrafo e professor de ensino secundário em Bengala Ocidental, Dutta venceu com sua imagem de um esperto pássaro Drongo (Dicruridae), que utiliza a luz de uma bomba de gasolina para capturar cupins durante a estação das monções.
A presença do Drongo em áreas urbanas sugere uma diminuição das fontes de alimento no meio ambiente e indica como as espécies estão se adaptando a um mundo em constante mudança.
Categoria Mantendo 1.5 vivo, Md Shafiul Islam, Bangladesh
‘Sobrevivência de búfalos na seca’ mostra búfalos vasculhando pastagens áridas em busca de alimento durante o período de seca.
Produzida em Gaibandha, Bangladesh, o local tem enfrentado uma seca contínua o que afeta os pastores que dependem das pastagens fluviais para criar os búfalos. O prolongado período de seca acabou com as pastagens, causando escassez de alimentos e água para os animais.
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Categoria Recuperando a Natureza
Fabrizio Maffei, Itália
A imagem ‘Violência lenta’ foi premiada como vice-campeã nesta categoria e retrata a bióloga Laura Rosati recolhendo e analisando plásticos e microplásticos em águas cada vez mais contaminadas.
Ela faz parte de um grupo de voluntários que trabalha limpando o mar. O seu objetivo é proteger o ecossistema marinho e sensibilizar as pessoas em todo o mundo.
Bambang Wirawan, Indonésia
Também classificada como vice-campeã na categoria, a foto ‘Guardião do recife’ foi produzida na Indonésia. A imagem mostra que a tribo do mar em Alor sabe como proteger o oceano.
Eles utilizam equipamentos simples para pescar para a sua própria subsistência, e o que sobra vendem no mercado. Eles mergulham sem equipamento e ficam submersos por mais de cinco minutos.
Pessoas não nativas já usaram peixes-bomba, mas a tribo local replantou o recife e está cuidando dos corais e das plantas marinhas.
Adra Pallón, Espanha
A fotógrafa documenta há vários anos os incêndios florestais na Espanha. A foto ‘Fogo e cinzas’ mostra o incêndio da Serra do Courel, em julho de 2022, que ficou fora de controle durante vários dias.
A tragédia tornou-se um dos piores incêndios florestais da história recente da Galícia, que é uma das zonas com maior número de incêndios na Europa.
Hoang Long Ly, Índia
Umas das imagens finalistas no concurso de fotos sobre meio ambiente retrata um trabalhador limpando o aterro atrás do Taj Mahal. A cena contrasta com os recursos destinados à preservação e renovação do Taj Mahal.
Categoria Visão do futuro
Yevhen Samuchenko, Ucrânia
A fotografia ‘No limite’ foi a vice-campeã na categoria do concurso de fotos e mostra as consequências causadas ao meio ambiente pelas ações do homem.
A imagem retrata as pedreiras abandonadas na região de Zhytomyr, na Ucrânia. Métodos desatualizados de mineração mineral causaram poluição e descoloração da água.
Mustafah Adbulaziz, EUA
Também premiada com o segundo lugar da categoria, a foto produzida no Círculo Polar Ártico, perto de Kotzebue, Alasca, mostrando a mina Red Dog, que produz chumbo e zinco.
Md Asker Ibne Firoz, Bangladesh
A imagem foi uma das finalistas da competição e retrata pescadores trabalhando em uma área carbonizada do rio Padma, em Rrajshahi, Bangladesh.
O rio está secando gradualmente devido ao desmatamento, barragens e desvio de curso, urbanização e aumento da população. As mudanças nos padrões climáticos reduziram as chuvas e alteraram o fluxo, perturbando o equilíbrio natural da água do rio.
Léo Sestier, Colômbia
‘Ilhota’ retrata Santa Cruz del Islote, uma ilha colombiana no Mar do Caribe. O local tem uma uma superfície de 13,9 mil m², sendo uma das ilhas mais densamente povoadas do mundo.
O que acontecerá com pequenas ilhas como esta com o aumento do nível do mar?
Ahsanul Haque Nayem, Bangladesh
Outra imagem de meio ambiente finalista foi ‘Rio seco’ que mostra o rio Jamuna, no distrito de Bogura, que seca completamente todos os anos, mas durante a estação chuvosa volta a encher.
Quando o rio seca, as carroças puxadas por cavalos são o único meio de transporte para o povo do Char.
Categoria Adaptando-se para o amanhã
Aniruddha Pal, Índia
O segundo colocado nesta categoria do concurso de fotografia sobre meio ambiente retratou uma lagoa com algas em Bengala Ocidental, Índia, durante a maré baixa.
‘Além do mundo’ destaca uma reação fotoquímica que acontece todos os anos quando a água está baixa e/ou se move lentamente criando uma estrutura semelhante a um musgo.
A água fica imprópria para o consumo humano, mas as algas sustentam bactérias que podem ser benéficas para a flora e a fauna aquática.
Richard Burdon, Groelândia
Outra foto da mesma categoria retrata Ilulissat, a oeste da Groelândia, uma cidade que está se modernizando rapidamente. O antigo modo de vida dos pescadores e caçadores de subsistência está sendo gradualmente substituído pelo turismo.
A população Inuit mantém contato com a sua herança através dos seus tradicionais trenós puxados por cães, apesar de ter um moderno 4×4 estacionado na garagem de casa. Os cães adoram correr no inverno, mas quando a neve e o gelo derretem no verão eles não têm essa oportunidade.
Kamol Das, Bangladesh
As pessoas que aparecem na imagem são funcionários que trabalham de 9 a 10 hora por dia nas olarias durante a estação seca.
Eles sabem que o ambiente no local traz riscos (alguns trabalhadores sofrem de doenças respiratórias), mas fazem o trabalho para sustentar suas famílias.
As imagens foram publicadas com a autorização do concurso de fotografia ambiental Environmental Photographer of The Year 2023
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