A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quinta-feira (12) um pedido do presidente Donald Trump para corte de bilhões de dólares em gastos federais, incluindo reduções significativas na ajuda internacional e no financiamento da mídia pública.

O pacote aprovado inclui a eliminação de recursos destinados a programas internacionais, como iniciativas de saúde global e assistência a refugiados, além de cortes que atingem diretamente a Corporação de Radiodifusão Pública, responsável pelo financiamento de redes públicas de mídia como NPRPBS.

A proposta, que ainda precisa passar pelo Senado, foi apresentada como uma forma de reduzir os gastos federais e redirecionar recursos para prioridades domésticas, uma estratégia alinhada à agenda econômica defendida por Trump.

Mas no que diz respeito à mídia, Trump e integrantes de seu governo não escondem a intenção de cortar recursos para essas organizações sob o argumento como viés esquerdista ou propagadoras de sentimento antiamericano no mundo. 

Debate acirrado: democratas e republicanos reagem ao corte na ajuda e na mídia pública

A decisão de corte nos fundos para ajuda internacional e para a mídia pública provocou reações intensas no Congresso.

Republicanos elogiaram a medida como um passo necessário para conter o que chamam de “gastos excessivos”.

Já os democratas alertaram para os efeitos negativos da medida, especialmente no que se refere à posição dos Estados Unidos no cenário internacional e à manutenção de serviços públicos essenciais.

“Crueldade é o objetivo”, declarou o líder democrata Hakeem Jeffries, criticando duramente o que chamou de ataque direto a populações vulneráveis e à imprensa pública.

As redes de mídia financiadas pelo Estado e que operam sob regulamentos que asseguram independência editorial, com as dos EUA e de outros países democráticos como Reino Unido (BBC), Itália (RAI) e Alemanha (DW), são vistas como fundamentais para levar informações confiáveis a populações que vivem sob regimes autoritários. 

Elas também contribuem para o soft power, que é o poder de influência de algumas nações sobre as outras sem usar força militar ou pressões econômicas. 

Proposta segue para o Senado: incertezas sobre o futuro projeto 

O texto agora segue para o Senado, onde será avaliado após a discussão de um pacote de reformas fiscais e de imigração.

A proposta de Trump corte de recursos para ajuda internacional e para a mídia pública pode ser aprovada por maioria simples, dispensando o número de votos normalmente exigido para projetos que envolvem gastos.

Ainda há dúvidas sobre possíveis modificações no conteúdo da proposta antes da votação final.

No entanto, se for aprovada sem alterações, a medida representará um dos maiores cortes em programas internacionais e de mídia pública da história recente dos Estados Unidos.

O governo Trump já sinalizou que pretende apresentar novos pedidos de cortes nos próximos meses, reforçando uma estratégia orçamentária focada em contenção de despesas e redução da atuação externa dos EUA.