Londres – Em mais um episódio da sua longa batalha com a mídia americana, o presidente Donald Trump elevou o tom contra veículos como a CNN e The New York Times durante a cúpula da OTAN realizada em Haia nesta quarta-feira (25), ao falar do ataque do país contra o Irã no domingo. 

Trump classificou como “injusta” a cobertura jornalística sobre o relatório vazado questionando a eficácia da operação, que, segundo ele, desmerece o trabalho dos pilotos americanos envolvidos nos recentes bombardeios a instalações nucleares no Irã. 

“Eles fizeram um trabalho perfeito, executaram tudo com precisão cirúrgica, e agora a imprensa tenta reescrever os fatos para parecer que falharam”, afirmou Trump diante de líderes da aliança. “Isso não é só desrespeito com os militares — é traição à verdade.”

A retórica contra a mídia como marca registrada de Trump

Essa retórica não é novidade no repertório de Trump.

Durante seu primeiro mandato e desde que reassumiu o cargo, ele tem atacado frequentemente a mídia, chamando veículos de “fake news” sempre que reportagens contrariam sua versão dos fatos.

A diferença agora está na escala e no contexto: Trump levou sua crítica a um palco diplomático global, diante de aliados internacionais, transformando um embate doméstico em questão geopolítica.

O início da controvérsia: mídia divulga relatório de inteligência vazado

A polêmica teve início com a divulgação de um relatório confidencial da inteligência americana, supostamente vazado à CNN.

O documento indicaria que os bombardeios da operação “Midnight Hammer” causaram danos limitados à instalação subterrânea de Fordow, usada pelo Irã para enriquecimento de urânio.

Segundo as fontes, os mísseis não foram capazes de penetrar camadas mais profundas de concreto reforçado, deixando intactas as centrífugas mais importantes.

Trump desafia relatório sobre ataque ao Irã na OTAN e acusa mídia de distorção

Com base nesse relatório, o The New York Times e outros veículos publicaram que a ação teve impacto simbólico, mas eficácia estratégica duvidosa.

Trump rebateu com veemência, dizendo que “os alvos foram completamente destruídos” e prometeu punir os responsáveis pelo vazamento.

Durante a reunião de líderes na Holanda,  o presidente e o secretário de Estado, Marco Rubio, negaram o conteúdo do relatório.

Trump apontou para os jornalistas presentes, citando nominalmente a CNN e o New York Times e classificando-os de “farsantes”, “doentes” e “gente do mal”.   

 

A Casa Branca, alinhada com o presidente, abriu uma investigação sobre a origem da informação vazada, enquanto diplomatas europeus avaliam com cautela os desdobramentos da operação.

Analistas apontam que a ofensiva verbal de Trump contra a mídia não apenas reforça sua base política nos EUA, mas também pressiona parceiros internacionais a aceitarem sua versão dos acontecimentos.