Donald Trump confirmou ontem, em declarações a jornalistas no aeroporto de Palm Beach, na Flórida, que vai seguir com o processo para obter uma indenização da BBC, mesmo após o pedido de desculpas público feito pela emissora britânica pela edição de falas de seu discurso feito no dia da invasão do Capitólio.
O presidente afirmou nesta sexta-feira (14) que não poderia “deixar passar” o episódio e que tem a “obrigação” de levar a ação adiante, podendo exigir até US$ 5 bilhões.
“Eles enganaram o público. Não basta pedir desculpas, tenho a obrigação de processar”, disse, ao ser questionado sobre se as desculpas da BBC seriam suficientes para encerrar o caso.
Por que Trump quer uma indenização da BBC
O documentário da BBC, intitulado “Uma segunda chance?”, foi exibido em 2024, antes das eleições presidenciais nos EUA, fazendo um perfil do candidato e o histórico de sua primeira passagem pela Casa Branca.
A montagem controvertida juntou frases pronunciadas com quase uma hora de intervalo, criando a impressão de que o presidente incitava diretamente os manifestantes a invadir o Congresso.
Trump argumenta que essa edição distorceu gravemente suas palavras e o apresentou como um “radical”, algo que considera difamatório.
Após a revelação da história, contida em um relatório interno da rede sobre falhas editoriais que foi passado ao jornal conservador Daily Telegraph, a repercussão foi imediata: o diretor-geral da BBC, Tim Davie, e a chefe de jornalismo, Deborah Turness, renunciaram, e a emissora pediu desculpas públicas pelo erro.
Apesar disso, Trump insiste que o pedido de desculpas não é suficiente. Ele declarou que seus advogados já notificaram a BBC e estão preparando uma ação entre US$ 1 bilhão e US$ 5 bilhões de indenização.
Segundo ele, o caso não é apenas pessoal, mas uma questão de responsabilidade, e não pode permitir que “um meio de comunicação estrangeiro manipule a verdade dessa forma”.
Ele pode ganhar?
Especialistas em direito da comunicação avaliam que as chances de vitória de Donald Trump não são tão claras. O ponto central é que o documentário e o programa de 2022 que manipularam trechos de seu discurso de 6 de janeiro foram exibidos apenas no Reino Unido e não nos Estados Unidos.
Isso significa que, para mover uma ação nos tribunais americanos, Trump teria de demonstrar que houve impacto direto em sua reputação dentro dos EUA, o que é juridicamente mais difícil quando o conteúdo não foi transmitido no território americano.
Outro discurso também editado
No Reino Unido, o caso continua repercutindo. O jornal britânico Daily Telegraph revelou outro episódio parecido nesta sexta-feira.
O jornal denunciou que um programa exibido pela BBC em 2022 também havia manipulado falas de Trump daquele mesmo dia, reforçando a narrativa de que ele teria incitado a invasão do Congresso.
Essa nova revelação ampliou a crise dentro da emissora e fortaleceu o argumento de Trump de que houve uma prática sistemática de distorção de suas declarações.
Leia também | Após ameaça de processo, BBC pede desculpas a Trump, mas nega pagamento de indenização
Leia também | Como a disputa entre Trump e a BBC por indenização de US$ 1 bi virou embate político no Reino Unido
Leia também | Chefes da BBC deixam rede após denúncias de viés ideológico e edição tendenciosa de fala de Trump






