O documentário “Não sou uma vadia, sou uma jornalista!”, veiculado há duas semanas pela TV francesa, caiu como uma bomba contra os abusos sexuais no jornalismo esportivo na França. O ato que expôs a discriminação e o desrespeito a jornalistas do país, principalmente em esportes, foi realizado por Marie Portolano, motivada pelo assédio que ela própria sofreu, perpetrado por um dos mais renomados comentaristas esportivos do país, Pierre Ménès.

Foto: Twitter Pierre Menés

Mas o próprio documentário sofreu censura. O Canal +, de TV paga, onde trabalhavam tanto Marie quanto Menés, fez cortes que protegeram Ménès. Portolano aceitou para ter o vídeo exibido, mas depois mudou-se para outra emissora, a M6. As revelações geraram pressão imediata pela saída de Ménès, com a hashtag #PierreMenesOut sendo tendência no Twitter na semana passada na França.

Embora o furor tenha se concentrado em Ménès, Marie pediu pelo Twiter que os telespectadores não esquecessem a mensagem central de seu documentário: o sexismo e o assédio generalizado contra as jornalistas:

“O problema não é ‘um homem’, mas o sistema que permitiu que alguns homens agissem assim por anos sem nunca serem repreendidos”.

Não é um caso único no jornalismo, mostrando que ainda há um longo caminho a percorrer para apagar um passado de discriminação e abusos tolerados. A situação da França é um exemplo do que a Organização Repórteres Sem Fronteiras identificou em suapesquisa sobre o sexismo nas redações, divulgada em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

O estudo, feito em mais de 100 países, apontou que 51% dos abusos a jornalistas são feitos por superiores hierárquicos e que em 61% a violência ficou impune. A pesquisa menciona o movimento das jornalistas brasileiras que trabalham em esportes, o #Deixaelatrabalhar. 

Na Alemanha, o editor-chefe do jornal mais vendido do país, o Bild, teve que deixar o cargoapós denúncias de conduta inadequada por profissionais da casa. 

Mulheres jornalistas do esporte, vamos invadir o campo!

O problema do machismo no jornalismo esportivo francês veio à tona com mais força há um ano, quando seis profissionais fundaram o Femmes Journalistes de Sport. No dia seguinte à exibição do documentário, o grupo publicou uma carta aberta no Le Monde, assinada por mais de 150 jornalistas esportivas francesas, clamando pela união de todas para que as mulheres não sejam mais discriminadas, molestadas e tornadas invisíveis, conforme exposto no documentário de Marie Portolano.

No manifesto, intitulado Mulheres jornalistas do esporte, vamos invadir o campo!, elas dizem que, como qualquer outro setor da sociedade, o esporte não pertence aos homens. E que o jornalismo esportivo não pode continuar como “um setor de homens que contratam homens para falar de homens”.

“Queremos que as mulheres sejam representadas no jornalismo esportivo, mais protegidas, mais valorizadas. Que elas sejam também mais numerosas, porque mais mulheres nas redações nos permitirá, em parte, acabar com o seximo”.

No texto, elas ressaltam que, embora haja tantas mulheres como homens na profissão, os números da CSA, órgão fiscalizador da mídia francesa, mostram que entre os cerca de 3 mil jornalistas de esporte na França atualmente, apenas 10% são mulheres: os números comprovam que é um setor em que homens contratam homens para falar de homens. E quanto mais alta a hierarquia, menor é a presença feminina.

Saia levantada diante da plateia 
Foto: Twitter Marie Portolano

Marie Portolano teve a saia levantada e as nádegas apalpadas na frente de uma plateia de 300 pessoas por Ménès, quando posavam para uma foto após uma gravação ao vivo.

Ela conta que encontrou forças para denunciar depois de assistir ao documentário Eu não sou um macaco, sobre racismo no futebol, de Olivier Dacourt.

O filme expõe várias histórias de humilhação e abusos contadas por algumas das mais importantes jornalistas esportivas da França.

“Tenho vontade de penetrar bem fundo essa vadia”. “Ela chupou todo mundo, essa p***”. “Ela aceita ser pega por toda a equipe, essa cadela”. “Mas que burra, ainda bem que ela me excita”.

De insultos a humilhações públicas, de assédios sexuais a ameaças de morte sofridos tanto por parte do público como de colegas, os depoimentos das profissionais de TVs, rádios, jornais e sites ouvidas são chocantes. E constroem um quadro triste de abusos sexuais no jornalismo esportivo francês. 

No rastro do #MeToo, o documentário é o capítulo mais recente da discussão sobre o sexismo no jornalismo do país, principalmente o esportivo. Ménès já era conhecido por outros assédios, como beijos forçados na boca de duas jornalistas em programas ao vivo, aos quais a plateia reagiu com aplausos e risos.

O abuso sofrido por Marie aconteceu em 2016, quando eles trabalhavam juntos no programa Canal Football Club, principal programa esportivo do Canal Plus, e onde o documentário foi exibido na noite de 21 de março.

Ménès tem 2,5 milhões de seguidores no Twitter, trabalhou por 21 anos no L’Equipe, principal jornal esportivo da França, e se mudou para a TV em 2009. Rapidamente se tornou, na avaliação do Le Monde, a “voz mais polêmica e popular do futebol francês”.

Documentário foi censurado para proteger o abusador

O caso atingiu ares de de escândalo depois que o Le Jours denunciou que o Canal +, empregador tanto da vítima Marie, como do abusador Mènés, mandou cortar trechos na edição final, inclusive a entrevista que ela tinha feito com Mènés para falar do caso da saia.

A conversa censurada, que começa de forma cordial, se transforma quando Menès, numa aparente tentativa de mudar de assunto, faz um comentário sobre o penteado de Marie. Em seguida olha para os seios dela reclama do fato de ela estar usando um casaco de gola alta em vez de um decote:

Imagem da cena cortada em que Portolano entrevista o comentarista

“Se não pudermos dizer mais nada a uma mulher porque ela é uma mulher, sinto muito, mas isso é sexista, isso que é insuportável. Dizer para uma moça que ela está bonita com sua roupa decotada para mim é uma gentileza.”

Ele disse que seu jeito era uma “forma de integrar as pessoas”:

“Quando você chegou ao Canal Football Club, eu zombei muito de você, mas isso também é uma forma de integrar as pessoas, é minha forma de promovê-las. É assim que você integra alguém em uma bancada, que se cria um clima”, completou Ménès no trecho censurado.

Também foram retiradas a sequência em que Marie abordava o beijo na boca forçado na apresentadora Isabelle Moreau e os depoimentos de todos os entrevistados masculinos.

A censura foi denunciada no mesmo dia da exibição do programa. Entre os depoimentos dos jornalistas cortados estavam o de Thomas Villechaize, da BeIN Sports, que falava em apoio às mulheres. E o do também apresentador do Canal Football Club Hervé Mathoux, que revelava seu pesar por não ter interferido durante as ocasiões em que Menès cometeu agressão sexual.

Para o Les Jours, a censura promovida pelo Canal + para proteger seu astro confirma “todas as denúncias de machismo e de humilhações do documentário” e “o sexismo endêmico que reina na mídia televisiva e esportiva na França”.

Marie decidiu continuar para mostrar as vozes femininas

Segundo o site, quando soube da exigência dos cortes, Marie decidiu continuar mesmo assim, acreditando ser melhor mostrar as vozes das mulheres do que nenhuma voz. Depois da exibição, anunciou sua saída do Canal + para trabalhar no canal concorrente M6.

Já Ménès disse ao Les Jours que não pedira para que as cenas fossem censuradas:

“Não tenho nada a dizer. Estou sob as ordens dos patrões. Se meus chefes não têm nada a dizer, eu também não tenho nada a dizer. Principalmente se for para me acusar. Se o seu artigo é para falar mal de mim, não estou interessado.”

A sequência censurada do beijo forçado 

O Canal + retirou da versão final as cenas em que Marie confronta Ménès sobre o beijo forçado que ele deu ao vivo em 2011 na boca de Isabelle Moreau, apresentadora do Canal Football Club. O caso aconteceu durante a transmissão da centésima edição do programa Canal Football Club. Menès parece se perguntar o que fazer para comemorar e diz que tem uma ideia: oferecer flores para a jornalista Isabelle Moreau.

Ele caminha até ela com um buquê na mão, entrega-lhe as flores e, para surpresa de todos, a beija longamente na boca. Todos no set riem.

O Les Jours denuncia que os cortes se estenderam à parte em que Marie mostra a Isabelle o incidente em um iPad, fazendo com que ela chore e explique que esse incidente arruinou sua carreira:

“Essa imagem é devastadora. Percebi que era tarde demais, mas foi o gatilho para todo o meu processo de dizer a mim mesmo ‘acabou’.”

O site também informa que foi retirado o trecho em que o choro de Isabelle foi mostrado a Ménès. Depois de dizer que era desonesto julgar seu comportamento de uma década atrás pelos padrões de hoje, ele afirmou que Isabelle estava exagerando e pode ter consentido com o ato porque o envolveu com a mão:

“No momento em que aquilo aconteceu, ela não se ofendeu. Francamente, quando eu fui beijá-la, não pensava que seria na boca. Ela se virou em minha direção e colocou seu braço em torno de mim.”

Ele termina seu discurso dizendo que o incidente resume tudo o que ele não suporta:

“É preciso se acalmar também. É isso o que eu não suporto mais hoje. Se você não puder mais dar um beijo na boca de uma colega, socorro!”

A cena do beijo está disponível no YouTube e pode ser assistida aqui.

O episódio censurado da saia

 Outro trecho cortado pelo Canal + foi o do momento em que Marie confronta Ménès sobre o assédio contra ela própria. O caso aconteceu em 28 de agosto de 2016, depois do término da edição do Canal Football Club. Já fora do ar, a equipe estava posando com os convidados, entre eles o craque Griezmann, que seria campeão do mundo com a França em 2018 e hoje brilha no Barcelona.

Embora Marie tenha dado um tapa em Ménès e dito em voz alta que ele era um “idiota”, os colegas a aconselharam a não prosseguir com o assunto. Em 2016, o movimento #MeToo ainda não havia decolado.

Um funcionário do Canal + disse a Les Jours que Portolano não se calou sobre o assunto:

“Ela contou a todos sobre isso e depois tudo foi abafado. Dentro do canal, houve testemunhas da cena.”

Pouco depois do incidente, Menès adoeceu gravemente. Teve graves complicações hepáticas e renais que exigiram um transplante duplo. Voltou sete meses depois e reassumiu seu posto como se nada tivesse acontecido.

“Foi realmente humilhante”, contou Marie Portolano, agora com 35 anos, ao The Times:

“Estávamos todos lá tirando a foto quando Pierre segurou minha saia. E de repente, como eu estava usando apenas uma tanga, fiquei nua na frente de 300 pessoas. Fiquei tão zangada e humilhada depois, que não consegui dormir por muito tempo. “

O diálogo retirado

Quando o caso é relembrado na sequência que foi cortada, a primeira reação de Ménès é dizer que não lembrava:

Ménès: Eu não me lembro. De jeito nenhum. Eu não me lembro disso.

Marie: Você faria isso de novo?

Ménès: Sim, sim.

Marie: Levantar o vestido de alguém assim?

Ménès: Sim, sim.

Marie: Mesmo sabendo que pode ser humilhante?

Ménès: Eu te humilhei?

Marie: Sim.

Ménès: Oh, sinto muito. Mas, também precisamos aceitar as pessoas como elas são. Fui contratado porque sou uma personalidade. Não estou interpretando uma personalidade. Posso ter levantado o seu vestido, para ser honesto, não me lembro disso. Mas fui impróprio com você uma vez?

Marie: Sim, naquela vez.

Ménès: Não daquela vez. Independentemente disso.

Marie: Estamos falando do sistema como um todo.

Ménès: O certo é que se você fosse homem eu não teria levantado sua saia. Isso é óbvio. Esse é mais o meu lado rebelde. Se eu não posso zombar de uma garota porque ela é uma garota, isso não é aceitável. ‘Não, não vou brincar com você porque você é uma menina’. Isso não é chocante? Isso é superchocante. Estou tão acostumado a ter mulheres ao meu redor na minha vida profissional que não vejo diferença (entre homens e mulheres). Para mim, uma mulher, um homem é a mesma coisa.”

Os depoimentos que foram ao ar

Entre as jornalistas que falaram no documentário do Canal + estava Charlotte Namura-Guizonne, ex-integrante do programa de futebol mais popular da França. Em uma série de  tweets postados durante a transmissão, ela lembrou de ter sido “humilhada e insultada” durante um intervalo publicitário, à vista de colegas e do público.

“Sem sanção. Sem desculpas. Nunca. Traumatizada e aquela sensação de não estar protegida”, escreveu ela. Não deu o nome de seu agressor, mas citou o incidente como um dos motivos pelos quais deixou o programa em 2019.

A jornalista Nathalie Ianetta, uma das apresentadoras do Téléfoot, um dos principais programas de esporte da TV aberta francesa, diz:

“Muita gente não entende, não vê onde está o problema e diz: ‘Ah, por favor, podemos rir um pouco de vez em quando, uma passada de mão na bunda nunca machucou ninguém, isso é normal’. E quando você ouve essas coisas, pensa: ‘Mas isso nunca foi normal’. Não é porque antes eles não eram denunciados que isso era normal. O que é anormal é o comportamento deles e o nosso silêncio. E isso já é bastante anormalidade”, 

Após o lançamento do documentário, a Radio France também abriu uma investigação interna para apurar episódios descritos pela jornalista Amaia Cazenave no filme. Essa especialista em rúgbi denuncia diversas declarações sexistas que presenciou e evoca o comportamento de um colega que gritou diversas vezes “quero transar”, em um momento em que os dois estavam sós dentro da redação da France Bleu, emissora de rádio e TV afiliada à Radio France.

Reação de quem viu a versão não editada

Os funcionários do Canal + que viram a versão não editada confirmam a censura. Um deles disse a Les Jours:

“Quando vi, disse para mim: isto é cataclísmico. O Canal + não conseguirá manter Pierre Ménès no ar. ”

Outro profissional, que também pediu para não ser identificado para preservar o emprego, acrescentou:

“Nossa, isso é carnificina. Ele cometeu suicídio profissional.”

Um terceiro disse:

“É uma pena que tenham mandado cortar. A primeira versão era ainda mais poderosa. Porque ter palavras de homens dentro era uma vantagem real, mesmo que isso significasse que o Canal + tivesse que sacrificar um de seus astros. Não é mais possível, não podemos tolerar mais esse tipo de coisa. Isso significa que o Canal + conscientemente encobre Pierre Ménès.”

Entrevista de Ménès no dia seguinte

Para limitar os danos, o Canal + promoveu uma entrevista de Ménès no programa Touche Pas à Mon Sport, no canal C8, controlado pelo grupo. Ménès expressou “profundo pesar” sobre o incidente da saia, mas se defendeu dizendo que seu gesto é “insuportável no clima de 2021”. E lamentou o fato de, devido ao movimento #MeToo, “já não se poder dizer nem fazer nada”.

Ele tentou se passar por vítima:

“É horrível para mim, mas é horrível para minha esposa acima de tudo, que está sendo insultada em proporções muito maiores do que tudo o que você pode me censurar nesse episódio. Existe um dilúvio de ódio e ameaças de morte.”

E voltou a dizer que não lembrava do assunto:

“Quando Marie me conta sobre esse incidente, fico perplexo. Mas agora eu sei porque não me lembro. Porque os fatos ocorreram em 28 de agosto de 2016. Essa foi a minha última aparição no Canal Football Club antes de ficar doente por 7 meses e desaparecer das telas.”

Confrontação ao vivo com outra vítima de assédio

Durante o programa, Mènés foi confrontado pela jornalista Francesca Antoniotti, também convidada a participar. Ela também foi vítima de abuso praticado por Ménès, numa edição de 2016 justamente do Touche Pas à Mon Sport.

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Na ocasião, Ménès, da mesma forma que fizera com Isabelle Moreau, saiu de seu posto e se aproximou da colega Francesca. Inesperadamente, lhe deu um beijo forçado ao vivo, diante das câmeras – só que dessa vez sem buquê de flores.

Na sequência, ainda hoje facilmente encontrada na internet, Francesca empurra Ménès, e depois, visivelmente constrangida, olha para os outros colegas em busca de apoio. 

Na França, beijo forçado pode causar até prisão

A alegação de Ménès de que seu comportamento só seria reprovável à luz da nova realidade imposta a partir do movimento #MeToo provocou a reação da porta-voz do Ministério do Interior francês, Camille Chaize.

No dia seguinte à entrevista, ela tuitou para lembrar que beijar alguém sem consentimento “é uma agressão sexual punida por lei” de até cinco anos de prisão e multa de € 75.000 ($ 89.560), independentemente do #MeToo. 

Outros abusos

Desde que o escândalo estourou, mais e mais relatos sobre Ménès surgiram, envolvendo também racismo, preconceito contra gays e assédio moral.

Várias fontes disseram ao site de notícias investigativas Mediapart que Ménès gostava de expor sua teoria de que os jogadores de futebol negros não podiam cobrar pênaltis “porque não tinham a força mental” necessária. O site relatou também seu costume de usar palavras racistas para negros e seu suposto uso frequente de termos depreciativos para gays.

O site Get French Football News revelou que Ménès já enfrenta um processo de assédio moral, movido contra ele por Emmanuel Trumer, ex-subordinado dele no Canal +. O advogado deste, Didier Seban, disse ao site:

“Poderemos incluir os depoimentos de todas essas mulheres que foram humilhadas ou menosprezadas por Ménès, para mostrar que não foi apenas Emmanuel Trumer quem foi submetido a esse comportamento.”

Desculpas

Só uma semana depois, na segunda-feira (29/3), Ménès tuitou para seus 2,5 milhões de seguidores que gostaria de oferecer suas “sinceras desculpas” a todas as “vítimas” que falaram sobre ele:

“Tenho causado dor e constrangimento a amigos sem nunca ter a intenção de fazê-lo direta ou indiretamente”.

Canal + ainda investiga, EA Sports já demitiu

Com base em documentos internos do Canal + a que teve acesso, o Le Jours denunciou também que a emissora sabia dos abusos de Ménès há anos, mas nada tinha feito até agora. Depois do escândalo, ela só confirmou que seu astro não apareceria na tela nas edições seguintes.

Segundo o jornal L’Equipe, o comentarista teria enviado um e-mail para a direção do Canal + argumentando que precisa de “uma pausa”. O jornal apurou que a direção do canal abriu uma investigação interna. De acordo com o Le Monde, citando uma fonte “da administração da rede”, o jornalista não aparecerá nas próximas semanas, “até novo aviso”.

A EA Sports tomou uma decisao mais rápida: Ménès, que era uma das vozes da edição francesa do popular videogame FIFA, foi dispensado e não aparecerá mais a partir da edição 2022.

Alerta a outros astros: sua fama não os protegerá

Marlène Schiappa, vice-ministra do Interior, classificou de inaceitável o comportamento de Ménèz. Em entrevista à rádio RMC, alertou que ele pode ser apenas a ponta do iceberg:

“Estamos falando sobre Pierre Ménès porque há vídeos e mulheres falando sobre ele. Mas há outros Pierre Ménès no mundo da televisão e quero que saibam que sua fama não os protegerá.”

Assédio foi tema de outro vídeo premiado

O problema do assédio a jornalistas esportivas já tinha sido exposto em outro  vídeo lançado nos Estados Unidos em 2016. Apresentava fãs do sexo masculino se contorcendo em suas banquetas enquanto liam tweets reais dirigidos a locutoras esportivas, cara a cara com as mulheres visadas . 

Os tweets iam desde o sem graça (“parece uma esposa chata”) ao absolutamente sinistro (“Espero que você seja estuprada de novo”). Um leu: “É por isso que não contratamos nenhuma mulher, a menos que precisemos que chupem nosso pau ou cozinhem nossa comida”.

 

Veja também

 

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https://mediatalks.com.br/2021/03/19/editora-negra-nomeada-pela-teen-vogue-renuncia-por-postagens-contra-asiaticos/