A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), juntamente com um grupo de outras organizações de apoio ao jornalismo, listaram ações urgentes, como a garantia de vistos e passagens aéreas, para assegurar a retirada dos profissionais de mídia do Afeganistão.

O documento apela aos 49 países-membros da Media Freedom Coalition (MFC), uma união de nações a favor da liberdade de imprensa, para que levem estes pontos à sessão especial que ocorre hoje no Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) para tratar da situação após a retomada do poder pelo Taleban.

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Entre os países participantes da MFC, esteve o próprio Afeganistão, além de Estados Unidos (EUA) e Reino Unido. O Brasil não faz parte da coalizão em defesa da imprensa  (veja mais abaixo todos os países que participam da MFC).

Garantir acesso ao aeroporto de Cabul é prioridade para resgatar jornalistas

Dominada pelos extremistas do Taleban, a cidade de Cabul se tornou um local perigoso para jornalistas e qualquer um que deseje sair da cidade. O aeroporto da capital, ainda com presença de tropas dos EUA e aliados, tem grupos de pessoas acampadas na calçada esperando uma chance de deixar o país.

A área tem tiroteios diários e pessoas já morreram nos arredores do aeroporto. Portanto, uma das recomendações das organizações de proteção à imprensa é justamente manter segura essa porta de saída para jornalistas e para a população em geral, estendendo a permanência de tropas além de 31/8, prazo final dado pelos EUA.

“Mesmo aqueles que foram autorizados a sair e que têm a papelada corretamente preenchida, estão sendo recusados em postos de controle e sequer chegam aos portões do aeroporto. Os países devem se comprometer a fornecer ou recrutar escoltas para aqueles que estão sendo evacuados”, recomendam os organismos de imprensa.

Aliados dos EUA pressionam o presidente Joe Biden a manter os militares americanos por mais tempo no país para garantir a retirada de civis. A vice-presidente Kamala Harris tuitou no decorrer do dia reafirmando o compromisso em retirar “americanos e aliados afegãos, incluindo tradutores, intérpretes, líderes afegãs e jornalistas”.

Financiar passagens aéreas e facilitar a concessão de vistos a profissionais de imprensa

Trabalhar com as empresas aéreas, financiando passagens para os que estão fugindo do conflito é outra das recomendações da IFJ e órgãos de defesa da imprensa. 

O grupo representado pela IFJ ainda pede que exigências de países para a concessão de vistos a profissionais de imprensa sejam afrouxadas, e que se dê preferência a jornalistas mulheres e aos de minorias étnicas e religiosas, mais expostos à violência do Taleban.

Manter o financiamento de jornalistas envolvidos em projetos internacionais também é uma preocupação expressada pela IFJ. O Afeganistão teve acesso a fundos internacionais cortado após a queda do governo democrático. 

“Os governos devem identificar meios para jornalistas e trabalhadores da mídia acessarem o financiamento com segurança, como por meio do banco da ONU ou outros mecanismos de distribuição”. Recomenda-se ainda que toda a verba destinada a projetos de mídia seja dedicada a manter os jornalistas a salvo.

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