O CNN+, canal de streaming por assinatura previsto para operar a partir do primeiro trimestre de 2022, já mostra seu poder de fogo, com mais de 200 vagas de emprego anunciadas nos Estados Unidos (EUA). A previsão da empresa é de contratar 450 novos funcionários para a operação, considerada a maior desde a inauguração da CNN em 1980.

Recentemente em entrevista ao site Poynter, o vice-presidente sênior de recrutamento e desenvolvimento de talentos, Ramon Escobar, destacou o apetite da empreitada. “Estamos tentando contratar 200 jornalistas. Precisamos de tudo, desde a alta administração até os produtores executivos, produtores, editores, repórteres.”

Na plataforma WarnerMedia é possível ver os cargos disponíveis para a formação da CNN+. A operação é mesmo ambiciosa e ninguém esconde. “A CNN inventou as notícias a cabo em 1980, definiu as notícias online em 1995 e agora está dando um passo importante para expandir o que as notícias podem ser, lançando um serviço de assinatura de streaming direto ao consumidor em 2022”, disse o CEO da CNN global, Jeff Zucker, em comunicado.

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Interação levada a um novo nível: uma das promessas da CNN+

Além de driblar questões contratuais que a CNN “mãe” tem com operadoras de TV a cabo, a nova plataforma deve propor uma forma inovadora de interação entre a audiência e autoridades, artistas ou quem quer que seja notícia, seguindo um modelo testado pela emissora em coberturas nos EUA.

Andrew Morse, chief digital officer da CNN e executivo à frente da CNN+. (Divulgação)

“Imagine que temos alguém representando o governo afegão. Vemos uma oportunidade de conectar diretamente os criadores de notícias ao público. É como uma reunião municipal [em menção à experiência feita pela CNN nos EUA], mas em um ambiente de streaming. Se você é assinante da CNN+, poderia participar do que poderia ser uma interação com o embaixador da ONU sobre o Afeganistão”, esboçou o executivo responsável pelo novo serviço, Andrew Morse.

“Todo mundo na indústria de notícias tem streaming, mas isso é mais do que isso. É interação.” 

Projeto começa nos EUA e depois deve se expandir globalmente

Inicialmente, o CNN+ vai entrar no ar nos EUA, para depois expandir globalmente. A plataforma não terá um aplicativo próprio, vai rodar dentro do app da CNN. Morse já adicionou ao time do novo canal Alex MacCallum, anteriormente no New York Times, como gerente geral.

Segundo Morse, o canal vai transmitir cerca de 8 a 12 horas de produção original diariamente, e com o cuidado de não “canibalizar” a audiência do canal-mãe. “Não vai ser um serviço de manchetes”, disse ele, citando oportunidades para “mergulhos mais profundos” em assuntos como mudança climática, espaço e ciência, raça e identidade.

A CNN+ não será tampouco um canal de opinião, afirma o executivo, a exemplo do projeto da Fox News, com o Fox Nation, que reverbera o conteúdo mais explicitamente alinhado à direita conservadora produzido pela emissora.

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Produtos das celebridades do canal devem ser aproveitados na nova plataforma, como a série Parts Unknown, do chef Anthony Bourdain, falecido em 2018, ou do ator Stanley Tucci, famoso por filmes como O Diabo Veste Prada, entre outros, que descobre sabores da Itália em Searching For Italy.

Rede da CNN hoje gera potencial de 290 milhões de espectadores para nova plataforma

Contudo o conteúdo original deve trazer também tentativas de abordagens mais profundas, como um documentários de duas horas sobre o novo Afeganistão, já em produção.

Os valores investidos pela CNN não foram revelados, ao que os executivos apenas falam que correspondem à importância do projeto. A empresa lucra mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) anualmente.

A CNN tem cerca de 4.000 funcionários, o que a torna uma das maiores operações de notícias do mundo. 

Quando questionado sobre o alcance potencial da CNN+, Morse afirmou que “dado o alcance da nossa marca, dada a nossa credibilidade, dada a nossa confiança, dado o fato de atingirmos 290 milhões de pessoas em todo o mundo, realmente existe uma oportunidade de audiência substancial”.

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