Londres – Adepta de teorias conspiratórias, negacionistas e contra a vacinação, a congressista norte-americana Marjorie Taylor Greene, do Partido Republicano, sofreu uma suspensão do Facebook por 24 horas um dia depois de ter sido banida para sempre do Twitter por fazer afirmações falsas relacionadas à vacina contra a Covid-19. 

Eleita em 2020 pela Geórgia, a congressista republicana, aliada de primeira hora do ex-presidente Donald Trump, tem sido seguidamente apontada como responsável por disseminar desinformação e discurso do ódio, ameaçando a credibilidade das redes sociais.

Embora Trump tenha aderido à vacinação, correligionários dele mantiveram-se alinhados em torno de um ativismo negacionista e antivacina. Um deles foi o jornalista Alex Berenson, expulso do Twitter em 2021 por divulgar informações falsas sobre Covid-19.

Mais seguidores na conta parlamentar

Num estalo, Greene perdeu 465 mil seguidores de sua conta pessoal no Twitter no domingo (2/12).

A congressista ainda mantém ativa no Twitter a conta como parlamentar (@RepMTG) que ganhou em um dia dez mil seguidores, passando para um total de 396 mil, depois de cassada a conta pessoal.

Nessa conta, Greene parece pegar mais leve. O post mais recente é de 24 de dezembro, quando ela desejou aos seus eleitores um “feliz Natal”. Dependendo do comportamento da conservadora, o Twitter pode adotar medidas semelhantes e acabar banindo também a conta de Greene como congressista.

Greene postou que vacinas deixaram mortos e feridos nos EUA

A suspensão de Greene no Facebook foi resultado da mesma postagem que lhe rendeu um quinto e final ataque do Twitter que levou à desativação de sua conta: um texto no qual ela alegava que relatórios de lesões e mortes por vacinas coletados pela Food and Drug Administration (FDA) mostrariam que o governo estaria ignorando mortes causadas pela vacina contra Covid-19. 

Na realidade, a informação usada ​​pela congressista em sua postagem continha relatórios não confirmados pelo FDA; ensaios clínicos demonstraram que a vacina pode ter efeitos colaterais leves, como qualquer medicamento.

Com base nesses dados não confirmados, a congressista postou uma mensagem em ambas as plataformas apontando para um grande número de relatos de ferimentos ou morte de pessoas que receberam a vacina Covid-19.

Segundo Greene, uma forte evidência de que o governo federal estaria ignorando “quantidades extremamente altas de mortes pela vacina Covid”.

Embora não tenham sido confirmados por nenhuma agência do governo americano, esses dados tornaram-se os favoritos entre os teóricos da conspiração que tentam afirmar que a vacina é mais perigosa do que dizem os médicos e especialistas federais em saúde pública.

O Twitter também explicou sua posição.

“Suspendemos permanentemente a conta (@mtgreenee) por violações repetidas de nossa política de desinformação sobre a Covid-19. Deixamos claro que, de acordo com nossas normas, suspenderemos permanentemente as contas por repetidas violações da política”.

Green reage pelo Telegrama à suspensão do Facebook

Depois da suspensão pelo Facebook, a congressista eleita pelo Estado da Georgia usou sua conta no Telegram, uma rede social concorrente do WhatsApp e que atrai cada vez mais conservadores nos Estados Unidos, para reagir ao controle das redes sociais:

“O Facebook se juntou ao Twitter para me censurar”, escreveu.

“Sou um membro eleito do Congresso que representa mais de 700.000 cidadãos americanos que pagam impostos; represento suas vozes, valores, defendo suas liberdades e protejo a Constituição”, afirmou Greene.

Um porta-voz da Meta, empresa que controla o Facebook, confirmou à CNN que a rede social de Mark Zuckerberg removeu uma das postagens de Greene sobre Covid-19 por violação das políticas da empresa.

“Uma postagem violou nossas políticas e nós a removemos; mas remover a conta dela por causa dessa violação está além do escopo de nossas políticas”, afirmou o porta-voz.

A rede social vem sendo criticada por não tomar medidas concretas nesses casos, empurrando a decisão definitiva para o Conselho de Supervisão, como ocorreu no caso de Donald Trump. Depois da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro do ano passao, ele foi suspenso mas não expulso, como fez o Twitter.

O ex-presidente acabou anunciando a sua própria rede, que ainda não decolou. 

Leia também 

Por que o Conselho do Facebook não baniu Donald Trump de vez?

Trump anuncia captação de US$ 1,25 bilhão para sua rede social e promete lutar contra “tirania das Big Techs”

Congressista objeto de suspensão do Facebook é reincidente 

No Twitter, a congressista Greene é reincidente na disseminação de desinformação relativa à Covid-19.

No ano passado, ela recebeu pelo menos duas suspensões temporárias pelo mesmo problema. Em janeiro, ela também foi punida pela empresa por espalhar falsas alegações sobre as eleições de 2020, enquanto seu líder, Donald Trump, resistia em aceitar a derrota para Joe Biden.

O choro de Greene foi instantâneo no Telegram:

“[Rep] Maxine Waters pode ir às ruas e ameaçar violência no Twitter, [Vice-presidente] Kamala [Harris] e [Rep] Ilhan [Omar] podem resgatar terroristas do Black Lives Matter no Twitter, CNN e o resto da mídia de propaganda democrata pode espalhar mentiras de conluio com a Rússia, e ontem o porta-voz do terrorista IRGC pode manifestar luto por Soleimani, mas fui suspensa por tuitar estatísticas oficiais”, disse ela, após ser banida no Twitter.

Os comentários de Greene e de outros republicanos antivacina estão provocando racha no Partido Republicano, pois o ex-presidente Donald Trump e outros líderes partidários encorajaram seus apoiadores a tomarem a vacina, enquanto mais membros de direita da Câmara têm espalhado falsidades e dúvidas sobre a segurança e eficácia da imunização.

A mídia pró-Trump condenou a ação das plataformas. A rede de TV Newsmax classificou o Twitter de “desgraça para a democracia”, que não deveria ser autorizado a fazer negócios no país”. 

E disse que as duas redes sociais são “chatas e têm apenas um ponto de vista de esquerda, sendo odiadas por todo mundo”.