Em um mês de guerra na Ucrânia, os ataques diários da Rússia estão vitimando dezenas de pessoas, incluindo jornalistas russos que estão no território vizinho trabalhando na cobertura do conflito.

Oksana Baulina, jornalista russa do site investigativo The Insider, morreu após bombardeio de tropas russas a um bairro residencial em Kiev, capital da Ucrânia, informou o veículo em que ela trabalhava na quarta-feira (23).

Além da repórter, um civil também morreu no ataque e outras duas pessoas ficaram feridas, acrescentou. Baulina já era conhecida por trabalhar anteriormente para o grupo anticorrupção do líder da oposição russa Alexey Navalny.

Jornalista russa teve que deixar país no ano passado

O site The Insider publicou uma nota confirmando a morte de Oksana Baulina. A jornalista russa estava na Ucrânia cobrindo o conflito quando “morreu sob fogo em Kiev” ao ser atingida em um bombardeio.

Segundo o veículo, ela estava “filmando a destruição” depois que as tropas russas bombardearam o distrito de Podil, na capital ucraniana.

O portal lamentou a morte da repórter e condenou os ataques das forças russas a civis:

Oksana foi para a Ucrânia como correspondente, ela conseguiu enviar vários relatos de Lviv e Kiev. The Insider expressa suas mais profundas condolências à família e amigos de Oksana.

Continuaremos a cobrir a guerra na Ucrânia, incluindo crimes de guerra russos como bombardeios indiscriminados de áreas residenciais que resultam na morte de civis e jornalistas.

Baulina trabalhou como produtora para a Fundação Anticorrupção de Navalny até a organização ser declarada como “extremista” no ano passado. Isso a levou a deixar o país e continuar reportando sobre a corrupção na Rússia para o The Insider, disse o meio de comunicação.

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Crimes contra jornalistas são reportados durante guerra

A invasão russa à Ucrânia completa um mês nesta quinta-feira (24). Desde os primeiros dias, entidades internacionais denunciam crimes contras jornalistas praticados por tropas russas.

Sergiy Tomilenko, chefe do Sindicato Nacional de Jornalistas da Ucrânia, confirmou a morte de Oksana Baulina em um comunicado no Facebook.

Ele disse que repórter estava cobrindo as consequências do bombardeio quando também foi atingida.

 

Pelo menos cinco outros profissionais de imprensa foram mortos durante o primeiro mês de guerra na Ucrânia:

Yevheniy Sakun, cinegrafista ucraniano da Live TV, morto em 1º de março durante um ataque com foguete na torre de TV de Kiev.

O jornalista ucraniano Viktor Dedov, morto em 11 de março em Mariupol depois que seu apartamento foi bombardeado.

O premiado jornalista e documentarista Brent Renaud, dos Estados Unidos, foi morto a tiros em 13 de março, na cidade de Irpin.

No dia seguinte, o cinegrafista Pierre Zakrzewski, da emissora Fox News, morreu em um ataque junto com a produtora ucraniana que o acompanhava, Oleksandra Kuvshinova.

A crescente violência do exército russo contra jornalistas ganhou uma nova modalidade: profissionais e familiares são sequestrados como forma de coerção e intimidação. 

O objetivo é fazer com que jornalistas ucranianos parem de noticiar a guerra ou “troquem de lado”, passando a reportar a invasão como algo positivo para o país.

Relatos compartilhados pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) revelam que repórteres têm casas invadidas por soldados da Rússia, são levados para interrogatório e liberados dias ou, em alguns casos, apenas horas depois. 

Um caso divulgado pela organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) trouxe à tona o relato de um jornalista de 32 anos a serviço de uma emissora de rádio francesa que foi preso e sofreu tortura por parte de soldados russos durante nove dias na Ucrânia.

Sequestrado pelas tropas russas na Ucrânia em 5 de março, Nikita (nome fictício) foi espancado com uma barra de ferro, recebeu coronhadas, foi torturado com eletricidade e até submetido a uma execução simulada. Leia o relato na íntegra.

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