Depois de uma sucessão de crises de imagem envolvendo o jornalista Chris Cuomo e o ex-CEO da emissora, Jeff Zucker, a CNN internacional voltou a ser notícia,  só que dessa vez com um exemplo positivo de corporativismo da mídia em sua redação. 

O jornalista veterano Richard Roth, correspondente sênior da emissora na ONU (Organização das Nações Unidas), recebeu uma doação de rim da colega Samira Jafari, editora-chefe adjunta da unidade de reportagens investigativas da CNN.

Os dois participaram ao vivo do telejornal matinal “New Day” na semana passada (18/4) para compartilhar a história. Roth agradeceu a doação e chamou Samira de “heroína”.

Jornalista da CNN já tinha sido transplantado 

A matéria, disse ele, “deveria ser sobre ela, e a urgente necessidade de doadores vivos para aliviar o sofrimento dos mais de 100 mil [americanos] que precisam de um órgão para sobreviver”.

A doação de rim feita por Samira Jafari a Richard Roth, último funcionário da primeira equipe da CNN ainda trabalhando na rede, foi contada pela primeira vez no podcast da emissora “Reliable Sources”, do jornalista Brian Stelter.

Roth já tinha recebido um rim de um doador falecido há quase 25 anos. Em carta aos colegas da empresa, ele disse, em setembro: “o rim está morrendo rapidamente dentro de mim”.

E explicou que precisava de uma nova doação do órgão “em breve”.

Com o apoio de Jeff Zucker, então presidente da CNN que deixou o canal de notícias, em fevereiro, após um escândalo, Roth teve sua carta lida durante uma videochamada para toda a redação.

No texto, o jornalista veterano da CNN afirmou que “é preciso um tipo especial de pessoa para manter outro ser humano vivo”. Segundo ele, se não fosse o apoio de Zucker na reunião virtual, “Samira não saberia da minha necessidade.”

Ao se voluntariar como doadora, a editora-chefe passou por uma série de exames médicos que mostraram que eles eram compatíveis para realizar o transplante.

Em uma nova carta enviada aos funcionários da CNN na semana passada, Richard Roth disse que “havia outros colegas da CNN que também se ofereceram para serem testados como doadores de órgãos para mim” e “eles não serão esquecidos”.

“Houve muitos testes. O centro médico de Yale é muito, muito meticuloso.”

Com Jafari, Roth teve uma sorte incrível. “Samira não deveria ter que pagar por uma refeição quando estiver na companhia de qualquer um de vocês”, escreveu ele aos colegas.

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No telejornal de segunda-feira, Samira Jafari e Richard Roth contaram sobre os procedimentos que passaram com o centro médico de Yale para fazer o transplante acontecer.

Roth ainda está no hospital, mas Jafari já recebeu alta para descansar em casa.

Ao falar sobre a recuperação, o veterano jornalista da CNN expressou sua gratidão ao dizer: “Sou muito abençoado. Não tenho muita sorte nas pistas de corrida – uma das minhas paixões – mas, agora, com esse salva-vidas que Samira me deu, é só para frente e para cima.”

Jafari também falou sobre sua recuperação. Ela explicou como a cirurgia a aproximou de Roth, já que eles só se conheciam pelo trabalho, sem nunca terem tido conversas pessoais.

“Como ser humano, parecia algo que eu poderia fazer naquele momento da minha vida. Apenas parecia possível para mim fazer isso.

Eu sabia apenas no nível básico que essas cirurgias são bem sucedidas, mas que a verdadeira dificuldade é encontrar doadores.”

Samira revelou que se não fosse a carta lida na reunião virtual de Jeff Zucker ela não teria visto o e-mail de Roth. “Estou muito feliz por não ter perdido [essa oportunidade]”.

“Richard não precisa fazer mais nada. Ele não mostrou nada além de gratidão e coragem durante todo esse processo”, disse ela.

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