Na primeira semana como novo dono do Twitter e causando ondas de choque com seus planos para reduzir os controles em nome da liberdade de expressão, o bilionário Elon Musk recebeu duas boas notícias sobre a performance financeira e sobre o valor da marca que acabou de comprar. 

O valor da marca Twitter aumentou 85%, para US$ 5,7 bilhões este ano, mesmo antes da tentativa de aquisição, de acordo com um relatório anual sobre o valor e a força de marcas de mídia divulgado pela consultoria global Brand Finance. 

E na quinta-feira (28), o Twitter divulgou seus resultados para o primeiro trimestre de 2022, registrando lucro sete vezes maior do que no mesmo período de 2021.

Valor da marca Twitter pode crescer ainda mais com Elon Musk

A avaliação do Twitter integra o ranking anual Brand Finance Media 50, lista as 50 marcas mais valiosas e fortes do setor de mídia no mundo.

O valor das marcas globais não está relacionado somente a resultados financeiros. Ele é determinado por um conjunto de fatores que inclui lucratividade, potencial de crescimento e de riscos, na visão de consumidores, fornecedores, funcionários e investidores. 

Ocupando o 26º lugar no ranking, o Twitter ainda está longe do líder, o Google, que vale US$ 263,4 bilhão. Mas saltou 10 posições, um avanço expressivo. 

O grande aumento na avaliação da marca do Twitter este ano foi atribuído pela Brand Finance à força da rede social entre seus maiores usuários, que são líderes de opinião altamente qualificados.

Para a consultoria, o fortalecimento do Twitter diante do mercado confirma a tese de Musk de que melhoria significativas na receita são possíveis, aproveitando o capital de reputação da plataforma. 

A aquisição ainda precisa ser aprovada por órgãos regulatórios, mas o empresário já acenou para mudanças na rede social.

Elas foram  recebidas com reservas pelos que temem proliferação de discurso de ódio ou desinformação, mas vistas com simpatia por investidores. 

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Twitter cresceu em receitas e lucro 

Mesmo antes das mudanças, Elon Musk não pode reclamar muito da gestão que trouxe a empresa até aqui. No primeiro trimestre deste ano, o Twitter registrou lucro líquido de US$ 513,2 milhões — sete vezes mais do que o do mesmo período de 2021.

A receita foi de US$ 1,2 bilhão, um crescimento de 15,9% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A rede social ganhou 12 milhões de novos usuários no período, o maior aumento desde o pico da pandemia.

Com o processo de venda para Musk em andamento, o Twitter retirou todas as suas metas e previsões futuras, já que a saída da bolsa de valores vai mudar o modelo de negócios da plataforma.

Twitter cresce, mas Google ainda domina em valor de marca

Em seu relatório sobre as marcas da mídia mais valorizadas em 2022, a Brand Finance destaca o predomínio das empresas de tecnologia, superando gigantes do cinema TV e entretenimento. 

Apesar do crescimento expressivo do Twitter, a rede social de Elon Musk não chegou nem perto de abalar o império do Google, que viu sua seu valor aumentar em 38%. 

O relatório aponta que a empresa depende da publicidade para a maior fatia de sua receita e tinha sido prejudicada no início da pandemia, pois os gastos com anúncios caíram devido à incerteza.

No entanto, à medida que o mundo se ajustou ao novo normal e com as pessoas passando cada vez mais tempo online, os orçamentos de publicidade se abriram e os negócios do Google se recuperaram, resultando em um aumento importante no valor da marca.

O Facebook aparece em segundo lugar em valor de marca, com US$ 101,2 bilhões, um crescimento de 24%. 

Embora o Twitter não figure entre as 10 mais valorizadas, para a Brand Finance as perspectivas para o Twitter são boas.

O relatório da consultoria cita os “líderes de opinião altamente instruídos” como os usuários mais importantes do Twitter e, por consequência, os responsáveis pelo aumento do valor da marca.

“O interesse de Musk pelo Twitter e os bilhões que ele está disposto a investir nele são consequência, em grande parte, da força de sua marca”, explicou Richard Haigh, diretor da Brand Finance.

“Da mesma forma, apesar da controvérsia sobre a aquisição, a marca pessoal de Musk pode ser benéfica para o Twitter.

Em uma economia dominada pela atenção, alinhar estreitamente as marcas Twitter e Musk pode ser mutuamente benéfico.”

Um movimento de saída de pessoas influentes do Twitter começou a ser ensaiado, com algumas celebridades decidindo parar de tuitar ou fechar contas.

Mas com a influência da rede social entre jornalistas, políticos e pessoas com grande relevância na sociedade, é difícil prever até onde vai esse movimento, já que não há outras alternativas com perfil semelhante. 

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Além de calcular o valor da marca, a Brand Finance também determina a força relativa das marcas por meio de um conjunto de métricas que avaliam o investimento em marketing, o patrimônio das partes interessadas e o desempenho dos negócios — o Índice de Força da Marca (BSI).

O aplicativo chinês de mensagens WeChat foi o que mais cresceu nesse índice, de 93,3 para 100, e foi reconhecido como marca de mídia mais forte do mundo ganhando a classificação AAA+.

Porém, o relatório da consultoria destaca que o valor da marca caiu 8%, para US$ 62,3 bilhões. 

A novidade na lista Media 50 2022 da Brand Finance é a chegada do TikTok. Com o crescimento da popularidade do app entre os jovens e a monetização do conteúdo para os criadores, o valor da marca da plataforma cresceu 215%, atingindo US$ 59 bilhões.

A estreia da rede social foi direto no quarto lugar da lista.

A Netflix aparece em oitavo lugar, com uma alta de 18% no valor da marca (US$ 29,4 bilhões), seguida pelo YouTube, em 9º, com o valor da marca crescendo 38% (US$ 23,9 bilhões).

O estudo completo pode ser visto aqui.

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