O oitavo jornalista morto na guerra na Ucrânia não estava trabalhando na cobertura in loco para algum veículo de comunicação, mas sim lutando contra a invasão russa ao seu país.

Aos 36 anos, Oleksandr Makhov morreu, na quarta-feira (4), ao ser atingido por um bombardeio na região de Kharkiv, durante confronto que acontecia entre tropas militares perto da cidade de Izium.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prestou homenagens a Makhov — um conhecido repórter de televisão local que se alistou como voluntário para lutar na guerra. Em mais de dois meses de conflito, outros sete profissionais de mídia já perderam a vida.

Jornalista morto em guerra na Ucrânia foi voluntário pela segunda vez

Oleksandr Makhov era figura pública conhecida na Ucrânia por reportagens em zonas de conflito e outros locais inóspitos, como a Antártida, segundo informações da Reuters.

Essa não foi a primeira vez que o jornalista se voluntariou para pegar em armas pelo exército ucraniano. Em 2014, ele lutou em um conflito iniciado após insurreições separatistas em duas regiões do leste do país, de acordo com a agência de notícias britânica.

Além de correspondente de guerra, Makhov também trabalhou para os canais TV Ukraina e Ukraina 24.

O presidente Volodymyr Zelensky publicou um vídeo lamentando a morte do jornalista:

“Patriota e sincero, e sempre sem vaidade. E ele estava sempre entre os mais corajosos, entre os primeiros da fila.”

Zelensky responsabilizou a Rússia pelo bombardeio que vitimou Makhov. E, se dirigindo ao filho do jornalista, Vladyslav, ele disse que o país vai “ganhar a vitória” na guerra.

“Tenho certeza que esse era o sonho de Oleksandr. E vamos torná-lo realidade. Memória eterna para ele e para todos os nossos heróis que deram a vida pela Ucrânia!”

Sergey Bratchuk, porta-voz do governo de Odessa, cidade próxima de Izium, também prestou homenagem ao jornalista.

“Hoje, meu bom amigo Oleksander Makhov, brilhante jornalista, voluntário e corajoso soldado, deu a vida defendendo a Ucrânia. Descanse em paz, irmão.”

O portal Ukrinform de notícias também homenageou o repórter, lembrando que Makhov era “um jornalista talentoso que decidiu escolher a defesa da pátria”.

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No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, comemorado em 3 de maio, a organização internacional CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas) fez um apelo nas redes sociais pedindo o fim de ataques a jornalistas e profissionais da mídia na guerra na Ucrânia.

Com a #NotATarget (#NãoSãoAlvos) nas redes sociais, o CPJ divulgou um vídeo com depoimentos de familiares e colegas de trabalho dos profissionais que perderam a vida no conflito do Leste Europeu.

 Para a entidade, a liberdade de imprensa está sendo sufocada na região, pois a Rússia age para minar as reportagens sobre a guerra reprimindo a mídia independente dentro do país e detendo jornalistas da nação vizinha.

“Todos os jornalistas e profissionais da mídia são civis sob o Direito Internacional Humanitário, e seus direitos devem ser respeitados e protegidos”, lembra o diretor executivo do CPJ, Robert Mahoney.

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