Londres– Em quase seis meses de guerra entre a Rússia e a Ucrânia, 49% do público de seis países europeus acredita que o conflito ainda estará acontecendo daqui a um ano, mostra uma nova pesquisa de opinião do instituto YouGov.

A nova rodada do acompanhamento das percepções sobre o conflito feita pelo instituto britânico na Polônia, Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido e França revelou também que um percentual variando entre 11% a 21% dos entrevistados de acordo com o país crê que a Ucrânia pode acabar sob domínio russo. 

Pela proximidade com o país invadido, os poloneses tendem apoiar medidas mais duras contra a Rússia, e acham que a Alemanha e a França não estão se esforçando o bastante para acabar com a guerra. 

Opinião sobre a guerra na Ucrânia medida em junho e julho 

As entrevistas foram feitas pelo YouGov nos meses de junho e julho. 

Apesar do apoio internacional à Ucrânia e da resistência do país à invasão russa, poucos europeus acham que ela está em vantagem no conflito. A taxa mais alta é na Polônia, ainda assim de apenas 11%. 

Os espanhóis são os que mais reconhecem a força da Rússia, em percentual muito superior ao dos demais países.

Fora da Espanha, a taxa dos que creem que ambos estão em igualdade de condições varia entre 40% e 44%. 

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A visão de 49% em média nos seis países é que a guerra continuará se arrastando por pelo menos mais um ano. Os britânicos são os que mais acreditam em um conflito de longa duração.

Os entrevistados da Espanha também se demonstraram os mais preocupados com a possibilidade da queda da Ucrânia para a nação governada por Vladimir Putin em 12 meses. 

Mesmo os países em que as opiniões estão divididas sobre quem tem mais vantagem na guerra – Itália, Alemanha e Reino Unido – a taxa dos que apostam em uma Ucrânia sob o controle da Rússia em 12 meses é maior do que a dos que acham que ela pode vencer a guerra e as tropas russas se retirarem do país. 

Os poloneses são os que mais acreditam na hipótese, mesmo assim em uma taxa baixa, 21%. 

Sanções suficientes?

A opinião dos países sobre a eficiência de medidas como sanções e fornecimento de ajuda militar para colocar fim à guerra da Ucrânia é dividida. 

Sem surpresa, devido à forte crença de que a Rússia tem a vantagem, os espanhóis são muito mais propensos do que os outros países a acreditar que o Ocidente não está fazendo o suficiente para impedir a vitória da Rússia (76%), aponta o YouGov. 

Entre os poloneses, mais da metade (53%) não acha que o Ocidente está fazendo o suficiente para evitar uma vitória russa.

Porém, o aumento do custo de vida, que tem no preço da energia fornecida pela Rússia um forte componente, pode fazer uma parte do público mudar de opinião. 

Na Polônia, o apoio a medidas que pesem no orçamento doméstico cai para 39%, enquanto 45% continuam apoiando.

Os franceses e italianos são os menos propensos a endossar apoio de seus países que represente impacto econômico – apenas 27% do público seria a favor meses dois países. E 63% dos franceses manifestaram-se contrários. 

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Que ações as pessoas apoiam?

Os poloneses são geralmente os mais entusiasmados dos países europeus pesquisados ​​em termos de ação contra a Rússia, revelou o estudo do YouGov. 

Quase dois terços deles (68%) apoiam o envio de mais armas para a Ucrânia, o mais alto nível de apoio conjunto para essa medida, ao lado da Grã-Bretanha. 

Na guerra marcada por batalhas de informação, ambos os países também são os mais propensos a apoiar a mídia direcionada em partes da Ucrânia de língua russa, incentivando-os a não apoiar a liderança russa ou as forças armadas, com 65% em ambos.

A maioria dos poloneses também apóia ataques cibernéticos contra instalações militares russas, uma média de 57% nos seis países. 

No entanto, o apoio à intervenção militar direta é menor. Enquanto quatro em cada dez poloneses apoiam ataques aéreos contra alvos russos na Ucrânia (40%), e um número semelhante apoia o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea (38%), apenas 23% apoiam o envio de tropas para a Ucrânia.

Os que mais apoiam a ideia são os espanhóis, justamente os mais preocupados com a supremacia russa na guerra. 

Público menos interessado na guerra da Ucrânia

O instituto mapeou também o interesse da opinião pública sobre a guerra na Ucrânia.

O tempo decorrido desde a invasão, em 24 de fevereiro, diminuiu a atenção sobre notícias em quase todos os países, mas na Alemanha isso não aconteceu de forma tão acentuada.

Os alemães continuam sendo os mais interessados no noticiário em torno da invasão, assim como eram em março. 

Em 23 de junho, o Conselho Europeu concedeu à Ucrânia o estatuto de candidato à adesão à UE. Uma pesquisa feita pelo YouGov em março apontou aprovação nas quatro maiores nações da UE para permitir a entrada da Ucrânia.

Nesta nova rodada a tendência se confirmou, com os entrevistados da Espanha e da França se tornando ainda mais favoráveis, respectivamente 66% e 49%. 

Na Polônia – que não havia sido incluída na pesquisa de março – as pessoas estão ainda mais entusiasmadas com o fato de seu vizinho se juntar a elas na UE, com 73% dos poloneses dizendo que a Ucrânia deve ser aceita.

O país já está em processo de adaptação de suas leis para se alinhar às exigências do bloco europeu.

Mas uma nova legislação de mídia despertou críticas por oferecer risco de censura, na visão de organizações de defesa da liberdade de imprensa.