Londres – Em mais um ato de Israel contra a rede árabe Al Jazeera, financiada pelo governo do Catar, soldados armados invadiram na madrugada deste domingo (22) a redação da emissora em Ramallah, na Cisjordânia, e ordenaram seu fechamento por 45 dias.
A Al Jazeera transmitiu imagens ao vivo em seu canal de língua árabe. Os profissionais tiveram 10 minutos para deixar o local. As cenas mostram soldados tentando evitar que a abordagem fosse filmada.
Walid al Omari, chefe do escritório de Ramallah, transmitiu a operação ao vivo e afirmou que a ordem israelense acusava a Al Jazeera de “incitação e apoio ao terrorismo”.
Ele também informou que os soldados confiscaram as câmeras do escritório antes de partirem.
Mais tarde a rede exibiu imagens de soldados israelenses arrancando uma faixa na varanda do escritório que exibia uma imagem de Shireen Abu Akleh, jornalista palestino-americana morta por forças israelenses em maio de 2022.
A operação de Israel foi duramente criticada, com a Al Jazeera chamando-a de “um ato criminoso” e responsabilizando o governo israelense pela segurança de seus jornalistas.
A emissora prometeu tomar medidas legais para proteger seus direitos e continuar sua cobertura na Cisjordânia.
“A Al Jazeera rejeita as ações draconianas e as alegações infundadas apresentadas pelas autoridades israelenses para justificar essas incursões ilegais”, declarou a rede.
O ministro das comunicações de Israel, Shlomo Karhi justificou a decisão em um post no X, afirmando que a Al Jazeera era “o porta-voz” do Hamas em Gaza e do Hezbollah.
A Associação de Imprensa Estrangeira manifestou sua profunda preocupação com a escalada de repressão, declarando que “restringir repórteres estrangeiros e fechar canais de notícias sinaliza um afastamento dos valores democráticos”.
O Sindicato dos Jornalistas Palestinos também condenou a invasão e a ordem de fechamento, assim como entidades de liberdade de imprensa como a Repórteres Sem Fronteiras.
Em maio, a polícia israelense já havia invadido um ponto de transmissão da Al Jazeera em Jerusalém, confiscando equipamentos e impedindo suas transmissões em Israel, além de bloquear seus sites.
A emissora mantém cobertura 24 horas na Faixa de Gaza, em meio à ofensiva terrestre israelense em curso, enquanto jornalistas e entidades cobram de Israel a autorização de entrada na área, sistematicamente negada.
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