Há um mês a guerra na Ucrânia colocou o país nos principais noticiários mundiais, com a imprensa e as redes sociais documentando os dramas de quem ficou e de quem teve que fugir da invasão russa ordenada por Vladimir Putin, e manifestações públicas nos países da União Europeia. 

Se o conflito ainda parece longe de acabar, a intensa cobertura dele já provocou impactos profundos na percepção dos europeus com o vizinho atacado.

Agora, os cidadãos dos principais países da Europa são favoráveis à sua entrada no bloco, como demonstra uma pesquisa publicada nesta terça-feira (29).

Europeus mudam de opinião sobre Ucrânia entrar para UE

A entrada de novos países sempre foi motivo de reação da população de nações europeias mais ricas, devido à necessidade de financiar projetos de desenvolvimento e da entrada de imigrantes com livre trânsito. A simpatia ao país atacado está sendo mais forte do que o protecionismo.  

A pesquisa feita pelo instituto britânico YouGov constatou a mudança na opinião dos europeus.

Cidadãos dos quatro maiores países membros do bloco (Alemanha, França, Itália e Espanha) passaram a apoiar a admissão do país na União Europeia, revelou o levantamento.

Os espanhóis são os que mais concordam com a entrada da Ucrânia na UE, com seis em cada dez (60%) dispostos a ver a nação presidida por Volodymyr Zelensky se juntar ao bloco. Apenas 14% são contra.

Nos demais países, há um apoio majoritário, porém, que não chega à metade dos entrevistados dispostos a aceitar um novo membro na UE: Alemanha (46%), Itália (45%) e França (42%).

O YouGov destaca, no entanto, que os novos resultados representam uma vantagem notável sobre o número de opositores (30% em cada país).

A pesquisa recente também representa uma mudança significativa de opinião na França e na Alemanha, onde essa pergunta também foi feita no final de 2018 pelo instituto britânico.

Naquela época, apenas 22% dos franceses e 30% dos alemães achavam que a Ucrânia deveria ter permissão para entrar na UE, ambos substancialmente superados em número pelo 47% e 49% que se opuseram, respectivamente.

O YouGov destaca que embora seja possível que as percepções tenham mudado no período intermediário antes do atual conflito, há fortes evidências que sugerem que a invasão russa é o catalisador para grande parte dessa mudança entre os entrevistados.

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Apoio à adesão da Ucrânia à UE é maior do que demais países

Outro destaque da pesquisa do YouGov é que a Ucrânia é o país com o maior apoio para aderir à União Europeia na França e Alemanha, apesar desses países também aumentarem o apoio à maioria das nações pretendidas ao bloco. 

Na França, a mudança líquida de -27 para +12 é de 39 pontos, superando o segundo maior aumento (Albânia, 21 pontos de -43 para -22).

Da mesma forma, na Alemanha, o aumento de 33 pontos no apoio à adesão da Ucrânia à UE está muito à frente da segunda colocada Turquia — um aumento de 21 pontos de -65 para -44.

A mesma pesquisa também mostra que o apoio à adesão da Rússia ao bloco europeu diminuiu significativamente em ambas as nações desde 2018 — de -40 para -69, na França; e de -35 para -60, na Alemanha.

Além da Ucrânia, os únicos países com apoio consistente para a adesão à União Europeia em todos os quatro países entrevistados são Noruega, Suíça e Islândia, que recebem apoio majoritário.

Todos são nações ricas, que não oferecem o risco de onerar os cofres públicos dos países vizinhos, nem provocar uma onda passiva de imigração. 

A vontade de ver essas nações admitidas é quase a mesma na França agora que em 2018, embora tenha caído um pouco na Alemanha, entre sete e dez pontos líquidos em cada caso.

A entrada de um novo membro na União Europeia não é tomada por voto popular. Mas o ambiente favorável pode influenciar a opinião de parlamentares dos países-membro na direção de aceitar a Ucrânia. 

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