Londres – Os jornalistas também estão no alvo dos manifestantes que participam de protestos na França contra as reformas na previdência impostas pelo governo do presidente Emmanuel Macron. 

Segundo a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês) mais de dez casos de ataques a jornalistas foram registrados e compartilhados na plataforma Mapping Media Freedom, bem como na plataforma do Conselho da Europa para a segurança dos jornalistas

Em nota à imprensa,a  Comissão Consultiva Nacional de Direitos Humanos (CNCDH) também declarou estar “preocupada com algumas ações das forças de segurança observadas em particular desde quinta-feira, 16 de março”.

A polícia é responsável por grande parte da violência sofrida por jornalistas, afirma a IFJ. 

Um dos casos que ganhou visibilidade foi o dos jornalistas Chloé Gence, da Le Media TV e Paul Ricaud, freelancer, que foram detidos pela polícia no dia 17 de março. 

Um vídeo da prisão de Gence foi divulgado nas redes sociais e mostra um policial usando força contra a jornalista para levá-la à delegacia.

Gence passou 35 horas presa. A Coalizão para Mulheres no Jornalismo repudiou a agressão. 

A polícia não pode agir impunemente. Os jornalistas têm a responsabilidade de informar o público sobre os protestos e não devem ser presos e detidos. Apelamos à polícia francesa para investigar este incidente e garantir que a imprensa possa reportar sem interferência. 

Mais jornalistas agredidos nos protestos 

A violência continuou nos dias que se seguiram à prisão da jornalista. Em 20 de março, a Assembleia Nacional rejeitou duas moções de desconfiança que buscavam derrubar o governo e derrotar o projeto de lei.

Na mesma noite, em Paris, o jornalista Thomas Dietrich ( Le Media TV ), que cobria os acontecimentos, foi agredido com um escudo por um policial da Brigada de Repressão à Ação Violenta Motorizada (BRAV), segundo registro da IFJ. 

Outro jornalista, Paul Boyer, foi agredido e ferido pela mesma brigada em 23 de março. Ele escapou com a mão esquerda quebrada, um ferimento na cabeça e uma interrupção temporária do trabalho por duas semanas, relatou a IFJ. 

Pelo Twitter, ele mostrou o ferimento e disse que estava com a credencial de jornalista visível no momento da agressão, mas mesmo assim foi espancado, situação que nunca tinha experimentado nem em coberturas no exterior. 

O perfil Violences Policières, que documenta agressões praticadas pela polícia, registrou um ataque ao jornalista Justin Carrete em Tolouse. 

Alguns ataques a jornalistas vieram de manifestantes que participam dos protestos.

Em 21 de março, o cinegrafista Philippe Laurenson , que acompanhava o bloqueio de depósitos de combustível em Fos-sur-Mer, foi atacado. Sua câmera foi arrancada e destruída. Um colega fotógrafo foi agredido verbal e fisicamente no mesmo local.