Londres – A guerra declarada pelo príncipe Harry e por sua mulher Meghan Markle contra a família real britânica não está rendendo popularidade para o casal como eles talvez esperassem, segundo o instituto de pesquisas britânico YouGov.

A empresa, que mede regularmente a popularidade de figuras públicas, ouviu 4 mil britânicos no dia 13 de dezembro, depois da exibição dos primeiros três capítulos do explosivo documentário da Netflix, e constatou que o casal mais perdeu do que ganhou. 

De acordo com os dados do YouGov, 4% dos entrevistados passaram a vê-los de forma mais positiva, enquanto 14% disseram ter naquele momento impressão mais negativa do casal. 

O resultado não reflete ainda o segundo bloco da série, mas indica a tendência de desaprovar as alegações. 

Harry está em seu mais baixo índice de popularidade desde 2012, despencando 13 pontos percentuais após uma breve reação na época da morte da rainha Elizabeth.

Meghan já esteve um pouco pior, mas está longe dos quase 40% de admiração em 2018, ano do casamento. 

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Mas os recentes acontecimentos estão deixando sequelas para toda a família, respingando na instituição monarquia. 

Antes de os primeiros capítulos irem ao ar, mas já com o impacto das revelações assombrando a realeza e o caso de racismo no Palácio de Buckingham ter atrapalhado a visita do príncipe William e de Kate aos EUA, as coisas não iam bem. 

De acordo com a nova rodada do acompanhamento trimestral feito pelo instituto YouGov medindo a popularidade de todos os integrantes da realeza (entrevistas feitas em 7 e 8 de dezembro), todos perderam.

O rei Charles III segue em quarto lugar entre os membros vivos da família mais admirados. 

Popularidade de Harry e Meghan depende da afiliação política 

As opiniões da pesquisa feita depois que os primeiros episódios de Harry & Meghan foram ao ar variam de acordo com a orientação política do entrevistado, refletindo uma tendência maior de os conservadores apoiarem a tradição da monarquia e repelirem quem desafia o status quo. 

O percentual de eleitores do Partido Conservador que passou a ter opinião mais negativa sobre eles é de 22%, contra 11% dos que votam no Trabalhista. 

No segundo e último pacote de capítulos, exibidos pela Netflix na quinta-feira (15), Harry e Meghan foram ainda mais contundentes nas queixas de assédio da imprensa, racismo e atitudes da família real. 

O príncipe William foi acusado pelo irmão mais novo de ter gritado com ele em uma reunião para tratar do futuro do casal depois da decisão de se mudar para os EUA.

E o Palácio de Buckingham foi apontado como responsável por plantar notícias negativas relacionadas à Meghan para fazer sumir do noticiário histórias incômodas sobre outros integrantes da realeza. 

A imprensa continuou sendo demonizara, com a mãe da duquesa de Sussex declarando que ouviu da filha ideias sobre suicídio devido à pressão. 

Os três episódios não trouxeram nenhum fato novo, além de detalhes sobre as discórdias, como o de que a rainha Elizabeth II teria se omitido na defesa de Harry em nome da proteção à instituição. 

Esses comentários tendem a irritar os britânicos, sobretudo porque faz apenas três meses que ela morreu, comovendo o país.

Harry e Meghan podem não estar preocupados com isso. Os contratos fechados com a Netflix e com o Spotify depois que eles deixaram de fazer parte do núcleo de “working members” da família real britânica são estimados em mais de US$ 100 milhões. 

Nos EUA, eles conquistaram prestígio e formaram uma rede de amigos composta por celebridades que apoiam publicamente os movimentos considerados corajosos para quebrar os supostos preconceitos contra Meghan, americana e filha de mãe negra. 

Na semana em que o príncipe William e sua mulher Kate, futuros rei e rainha da Inglaterra, visitaram os EUA sob uma atmosfera de publicidade negativa em torno do caso de racismo no Palácio de Buckingham, Harry e Meghan eram premiados pela fundação Robert Kennedy por combater a discriminação na realeza. 

Antes da série, todos perderam admiração, até a monarquia 

Aos olhos dos britânicos, prêmios como esses ou apoio público de celebridades não estão fazendo grande diferença para a popularidade de Harry e Meghan. 

A pesquisa anterior à série da Netflix mostrou que eles já vinham perdendo admiração.

Na semana do lançamento do documentário (o primeiro pacote de episódios saiu no dia 9), apenas um terço dos britânicos (33%) disseram ter opinião positiva sobre Harry, enquanto 59% o viam de forma  negativa. 

De acordo com o última taxa de favorabilidade real do YouGov, isso o deixou com uma pontuação líquida de -26, resultado da subtração da proporção de britânicos que têm uma opinião negativa sobre ele da parcela que tem uma opinião positiva. 

A posição atual é a mesma posição em que o príncipe Harry estava em maio, quando o YouGov registrou sua pontuação mais baixa antes de as opiniões suavizarem e sua popularidade aumentar na época da morte da rainha Elizabeth, em setembro. 

Meghan Markle agora é vista positivamente por apenas um quarto dos britânicos (25%), sendo o príncipe Andrew (7%) o único membro da família real com menos popularidade do que ela entre o público. 

Quase dois terços das pessoas (64%) agora disseram ter uma opinião negativa sobre a duquesa, dando a ela uma pontuação líquida de -39, uma queda de 7 pontos desde novembro. 

Mais de oito em cada dez pessoas com 65 anos ou mais (84%) dizem ter uma opinião negativa sobre a Duquesa de Sussex, incluindo 70% que têm uma opinião “muito negativa”. 

Os mais velhos preferem William a seu irmão, o príncipe Harry 

A única faixa etária com maior probabilidade de ter uma opinião um pouco mais positiva do que negativa sobre Meghan Markle é a de 18 a 24 anos: 40% a veem positivamente, enquanto 38% pensam negativamente. 

A admiração pelo príncipe Harry também permanece maior entre as gerações mais jovens, enquanto ele caiu em desgraça com pessoas mais velhas. 

O YouGov mostra que metade dos jovens de 18 a 24 anos (49%) e 73% dos jovens de 25 a 49 anos pensam positivamente sobre o príncipe (29%) e 18% têm opinião desfavorável. 

As pessoas mais velhas são mais propensas a preferir seu irmão e sua esposa do que Harry e Meghan. 

Mas a popularidade do príncipe William e de sua mulher Kate também diminuiu: o príncipe de Gales agora tem uma pontuação líquida de +69 (uma queda de 7 pontos desde novembro), enquanto a princesa de Gales tem uma pontuação líquida de +64 (-7). 

Isso os tornam as figuras mais populares da realeza britânica, especialmente entre pessoas de 65 anos ou mais, que têm uma visão extremamente positiva deles. 

Quase nove em cada dez dessa faixa etária (89%) admiram Kate enquanto a mesma proporção têm visão positiva sobre seu marido.  

O príncipe e a princesa de Gales são mais impopulares entre os jovens de 18 a 24 anos, com 31% vendo o príncipe William e a mesma proporção tendo uma opinião negativa sobre sua esposa. 

No entanto, entre todas as faixas etárias, eles são vistos de forma mais positiva do que negativa.

Além de William e Catherine, a mais popular da família atualmente é a princesa Anne (72% têm uma opinião positiva), superando o rei Charles III e a rainha consorte, Camilla. 

Charles caiu de 43% de admiração para 35% em dois meses. 

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O príncipe Andrew é o mais impopular, com apenas 7% dos britânicos tendo uma opinião positiva sobre ele e 86% desaprovando-o. A pontuação líquida é -79.

Sua avaliação é a única que se manteve estável entre o público de uma rodada para a outra da pesquisa.

Quieto e escondido depois que perdeu os cargos e títulos honoríficos, ele não se recupera diante dos súditos, mas também não perde mais do que já perdeu.