Londres – Ano novo, vida nova. Em 2022, essa expressĂŁo pode ganhar muito mais sentido diante das seis tendĂȘncias digitais anunciadas por Theo Tzanidis, professor sĂȘnior de marketing digital da Universidade West Anglia, na EscĂłcia.

Embora Tzadinis reconheça ser difĂ­cil fazer previsĂ”es precisas no ambiente imprevisĂ­vel dos Ășltimos dois anos, em um artigo no portal acadĂȘmico The Conversation ele aposta em tendĂȘncias digitais que vĂŁo influenciar a vida cotidiana, pelo menos no ocidente.

Do crescimento da InteligĂȘncia Artificial em alimentos Ă  ampliação da criptografia, a sociedade vai participar de redes sociais mais preocupadas com privacidade (o Facebook jĂĄ estĂĄ dando uma guinada), estarĂĄ mais conectada com o 5G e vai perceber a necessidade de novas habilidades no trabalho, que vai sofrer transformaçÔes inimaginĂĄveis.

TendĂȘncias digitais para 2022 em seis pontos

Para detectar as novas tendĂȘncias digitais, o professor Tzanidis resumiu o ano que passou:

“De acordo com uma pesquisa recente da McKinsey, 2021 foi um ano de transformação: pessoas, empresas e sociedade começaram a olhar para frente para influenciar seu futuro, em vez de apenas sobreviver no presente”, destacou o professor.

“Foi o ano em que as esperanças prematuras de imunidade coletiva, o fim dos bloqueios de pandemia e o retorno Ă  normalidade foram frustradas – pelo menos por enquanto.”

Mas, alĂ©m da “Grande RenĂșncia das Redes Sociais”, durante a qual os trabalhadores da Geração Z esgotados deixaram seus empregos no TikTok e Instagram, o aumento de tokens nĂŁo fungĂ­veis (NFTs) e a introdução do metaverso, os bilionĂĄrios do mundo espacial foram novidades produtivas em negĂłcios e tecnologia, como sempre”, observa Tzanidis.

Em seu artigo no The Conversation, Tzanidis apresentou as tendĂȘncias digitais para 2022 em seis pontos: redes sociais com mais privacidade e qualidade; o metaverso do Facebook, que deve atrair grandes marcas; o aumento da criptografia, para a proteção de dados, e do uso de NFTs (os token nĂŁo fungĂ­veis); maior conectividade com o 5G e o Wi-fi 6; e novas habilidades para novas ocupaçÔes.

“Lembra dos “Jetsons”? O futuro Ă© agora”, diz ele. 

Sobre as redes sociais, que chegaram para ficar, Tzanidis aposta que elas vĂŁo buscar mais qualidade no conteĂșdo e privacidade com o ajustes de algoritmo.

“Apesar das crĂ­ticas recentes do pĂșblico, o Facebook provavelmente aumentarĂĄ os membros e tambĂ©m as receitas.

De olho na privacidade e na qualidade do conteĂșdo, todas as principais plataformas de mĂ­dia social provavelmente terĂŁo atualizado suas polĂ­ticas de privacidade e ajustado seus algoritmos atĂ© o final de 2022”.

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Com a melhoria da qualidade das redes sociais e a atração do pĂșblico, Tzanidis prevĂȘ o surgimento de uma nova geração de influenciadores.

“Devido Ă  demanda por conteĂșdo forte e envolvente, uma nova tribo de influenciadores criativos crescerĂĄ rapidamente e causar um grande impacto na marca e no engajamento”, observa o professor sĂȘnior de marketing digital.

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Aumento da procura por Instagram e TikTok estĂĄ entre as tendĂȘncias digitais

Para Theo Tzanidis, a crescente popularidade do conteĂșdo de vĂ­deos de curta duração vai amentar a busca pelo Instagram e o TikTok, a rede social que domina o pĂșblico mais jovem.

“O Instagram e o TikTok provavelmente testemunharĂŁo um aumento nas despesas com anĂșncios em 2022 e o Instagram continuarĂĄ a crescer alĂ©m de sua participação de 50% na receita de anĂșncios”, prevĂȘ Tzanidis, acrescentando uma novidade que ganharĂĄ espaço nas redes: atendimento ao cliente e gerenciamento de relacionamento. 

O professor Tzanidis estĂĄ atento tambĂ©m Ă  virada que Mark Zuckerberg deu no Facebook – chamuscado por denĂșncias atĂ© de ex-funcionĂĄrios – com a criação de uma empresa que controla o Facebook chamada “Meta”. Para Tzanidis, a medida vai repercutir positivamente este ano.

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“O Facebook quer moldar a transformação do metaverso. O termo se refere Ă s possibilidades de realidade virtual e aumentada. 

Alguns chamam de espaço virtual compartilhado acessĂ­vel atravĂ©s de fones de ouvido VR, Ăłculos AR ou aplicativos de smartphone”, afirma Tzanidis, para quem tudo isso vai facilitar o ingresso dos usuĂĄrios no mundo das transaçÔes virtuais, usando tecnologia blockchain e criptomoeda.

“O metaverso (ou 3web) estĂĄ intrinsecamente ligado a NFTs e criptomoedas, que comercializam interaçÔes criando ou vendendo artefatos digitais. Em 2022, espera-se que a 3web seja um grande problema comercial e seja apoiada por grandes marcas, incluindo Nike , Adidas , Gucci, Prada, Puma , Microsoft e outras”, afirma Tzanidis.

Um token nĂŁo fungĂ­vel (NFT) Ă© um bem criptogrĂĄfico que tem a capacidade de ser Ășnico e irreprodutĂ­vel.

Graças à tecnologia blockchain, o token pode ser armazenado e, desta forma, é possível certificar tanto a originalidade do ativo quanto sua propriedade. Um pé no freio de fraudes digitais.

Token nĂŁo fungĂ­vel Ă© outra tendĂȘncia digital

“O uso de tokens nĂŁo fungĂ­veis (NFTs) aumentou em 2021 e continuarĂĄ a crescer em 2022. Novo mecanismo de troca de valor na economia online global, os NFTs mudaram o valor e a função de todos os ativos digitais e atĂ© obras de arte”, observa Tzanidis.

O professor da Universidade do Oeste da Escócia estå animado com os rumos que a economia vai tomar com a evolução dos NFTs.

“De uma moda passageira a uma nova economia, os NFTs criaram o que a Harvard Business Review chama de â€œaçÔes digitais”. No mundo digital, os NFTs sĂŁo ativos exclusivos que podem ser comprados e vendidos como qualquer outro”, explica Tzanidis.

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Para ele, os NFTs vão entrar na rotina da economia e um grande passo em direção a inclusão financeira das criptomoedas:

“Esses tokens digitais podem ser usados ​​para comprar coisas fĂ­sicas, como pinturas da vida real, ou ativos virtuais, como arte digital, compras no aplicativo e atĂ© mesmo propriedades virtuais”.

Segundo Tzanidis, o Frankfurt School Blockchain Center prevĂȘ um mercado de US $ 1,5 trilhĂŁo (ÂŁ 1,1 trilhĂŁo) para ativos tokenizados na Europa nos prĂłximos trĂȘs anos.

“ImĂłveis, dĂ­vidas, tĂ­tulos, açÔes, direitos autorais, arte real, arte virtual e colecionĂĄveis ​​sĂŁo todos exemplos de ativos que podem ser tokenizados”, afirma Tzanidis.

IA no consumo de alimentos e Recursos Humanos tambĂ©m serĂĄ tendĂȘncia 

Outra tendĂȘncia digital para 2022, segundo o artigo de Tzanidis, Ă© o uso de InteligĂȘncia Artificial no consumo de alimentos e na forma como procuramos emprego. 

” Michael Spranger, da equipe de inteligĂȘncia artificial da Sony, explica que a escassez de mĂŁo de obra levou muitas organizaçÔes a usar a IA para ampliar a forma como avaliam e avaliam os candidatos a empregos” diz o professor.

Ele tambĂ©m observa que algumas das aplicaçÔes mais interessantes da IA na gastronomia irĂŁo aumentar a imaginação e a criatividade dos chefs e especialistas em culinĂĄria alĂ©m do que Ă© possĂ­vel hoje”, afirma Tzanidis, lembrando que robĂŽs, como o Flippy, jĂĄ estĂŁo vendendo hambĂșrgueres no McDonald’s e em outros restaurantes.

TendĂȘncias digitais vĂŁo depender de maior conectividade

Mas todas as tendĂȘncias digitais previstas por Tzanidis nĂŁo farĂŁo sentido sem a melhoria das tecnologias de acesso Ă  internet. Por isso mesmo ele acredita que 2022 serĂĄ marcado por maior conectividade das pessoas.

“O 5G e o novo padrĂŁo Wi-Fi 6 permitirĂŁo uma conexĂŁo mais rĂĄpida – crucial se o mundo deseja abraçar essas novas tendĂȘncias digitais”, lembra Tzanidis.

Em seu artigo, ele cita Jerry Paradise, vice-presidente de gerenciamento de produtos da empresa de tecnologia chinesa Lenovo, para quem 5G e Wi-Fi 6 sĂŁo mais do que apenas velocidade:

“As aplicaçÔes futuras incluirĂŁo cidades inteligentes, a Internet das coisas e comunicaçÔes de veĂ­culo a veĂ­culo – que melhoraria  o fluxo de trĂĄfego e a segurança”.

De acordo com a Lenovo, o home office se tornarå mais híbrido na medida em que organizaçÔes e pessoas terão que pensar muito além do escritório.

Tzanidis apresenta uma tendĂȘncia de mudança completa no trabalho, sobretudo para o pessoal de tecnologia: 

“A grande maioria dos executivos de TI espera trabalhar fora do escritĂłrio no futuro, com dispositivos menores e mais inteligentes, bem como fones de ouvido sem fio e com cancelamento de ruĂ­do. 

Os funcionĂĄrios hĂ­bridos podem participar de videoconferĂȘncias e realizar chamadas telefĂŽnicas nĂŁo apenas de casa, mas de qualquer lugar”.

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Home office

As tendĂȘncias digitais no trabalho

A Ășltima mas nĂŁo menos importante tendĂȘncia digital prevista por Tzanidis para este ano estĂĄ justamente onde boa parte das pessoas passa pelo menos a terça parte do dia: no emprego. Novo trabalho, novas habilidades.

“Com o local de trabalho pronto para mudar, as habilidades serĂŁo as prĂłximas. De acordo com o FĂłrum EconĂŽmico Mundial , em 2022, as novas ocupaçÔes serĂŁo responsĂĄveis ​​por 27% da base de funcionĂĄrios das grandes empresas, enquanto as posiçÔes tecnologicamente obsoletas cairĂŁo de 31% para 21%”, afirma Tzanidis.

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Agora a notĂ­cia que pode preocupar uns e animar outros:

“A mudança na divisĂŁo de trabalho entre humanos, computadores e algoritmos tem o potencial de remover 75 milhĂ”es de vagas de emprego atuais, ao mesmo tempo que gera 133 milhĂ”es de novas vagas”, observa Tzanidis.

O professor da Universidade do Oeste da Escócia då a dica das profissÔes que terão alta procura.

“Analistas de dados, desenvolvedores de software e aplicativos, especialistas em comĂ©rcio eletrĂŽnico e especialistas em mĂ­dia social estarĂŁo em alta demanda”.

Por fim, o professor de marketing digital tranquiliza os mais antigos:

“Espera-se que muitos empregos “humanos”, como atendimento ao cliente, desenvolvimento organizacional e gestĂŁo da inovação, cresçam. Portanto, longe de “tirar nossos empregos”, a IA criarĂĄ empregos e garantirĂĄ empregos em uma variedade de campos diferentes”, conclui Theo Tzanidis.

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