O Instituto Serrapilheira e o International Center for Journalists (ICFJ) fizeram um acordo para apoiar reportagens colaborativas relacionadas à desinformação na ciência produzidas por jornalistas, comunicadores ou pesquisadores brasileiros. 

A iniciativa é parte do programa global Disarming Disinformation do ICFJ, e vai financiar a produção de reportagens que busquem revelar quem ou o que está por trás das campanhas de desinformação.  

Por meio da parceria com o Serrapilheira, candidatos brasileiros que trabalhem com temas de desinformação em ciência poderão se inscrever no Disarming Disinformation e concorrer a até cinco vagas exclusivas no investigathon, evento presencial que ocorrerá em Austin, nos Estados Unidos, em abril de 2023.

As inscrições ficarão abertas entre 17 de janeiro e 5 de fevereiro e são gratuitas. 

Os projetos devem propor colaborações com outros veículos de comunicação nacionais ou internacionais, ou com outros jornalistas de diferentes meios. 

No encontro em Austin, os cinco selecionados se somarão a outros 15 comunicadores vindos de outros países das Américas e receberão mentoria para aprimorar estratégias de investigação, colaboração e distribuição do conteúdo produzido com ajuda da bolsa. 

No evento, o grupo também terá a oportunidade de estabelecer outras parcerias e planejar investigações e publicações colaborativas. 

Até três dos cinco brasileiros levados a Austin receberão bolsas de até US$ 10 mil para produzir e publicar seu projeto ainda no primeiro semestre de 2023. 

A desinformação em ciência 

“Informações falsas sobre a Covid-19, negacionismo climático, lobbies de grupos de interesse sobre alimentação, saúde pública ou meio ambiente têm nos mostrado como a ciência se tornou um dos principais alvos da desinformação”, afirma Natasha Felizi, diretora de Divulgação Científica do Serrapilheira.

“Think-tanks, ‘institutos de pesquisa’, associações e canais de comunicação surgem como porta-vozes de agendas anticientíficas. Além de compreender o fenômeno, é preciso investigar como ele se articula, se financia e quem se beneficia dele.” 

“Com esta parceria, queremos estimular que brasileiros investiguem a desinformação científica a partir da perspectiva multidisciplinar e internacional oferecida pelo ICFJ. Esperamos que as reportagens produzidas no âmbito do programa se destaquem nos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo”, diz Cristina Tardáguila, Diretora Sênior de Programas do centro.   

Fase I. Investigathon

Até cinco brasileiros serão selecionados para participar de um investigathon em Austin, Texas (EUA), em abril de 2023, com todos os custos cobertos.

Durante o evento, os candidatos vão desenvolver os projetos de investigação transfronteiriços que apresentaram no ato de inscrição – que poderão receber financiamento na Fase II.  

investigathon acontece em abril de 2023, imediatamente antes do Simpósio Internacional de Jornalismo Online (ISOJ), promovido na mesma cidade pelo Centro Knight para Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas. Os participantes do investigathon também terão acesso ao simpósio.  

Durante o investigathon, os cinco brasileiros receberão mentoria de especialistas em desinformação, como Patrícia Campos Mello, Craig Silverman, Gianinna Segnini, Claire Wardle e Laura Zommer.

Deverão fazer uma defesa pública de seus projetos e estabelecer parcerias internacionais – tanto para a apuração quanto para a publicação das reportagens resultantes do trabalho.

Fase II. Investigação colaborativa e reportagem

Depois do investigathon, até três projetos de reportagens colaborativas e internacionais sobre quem financia a desinformação científica receberão apoio financeiro de até US$ 10 mil, cada, para a execução.  

Durante a realização das reportagens, os participantes receberão acompanhamento de mentores determinados pelo ICFJ.

Quem pode concorrer 

Os candidatos devem ser brasileiros e atuar no Brasil como jornalistas, pesquisadores, comunicadores e outras atividades que permitam produzir uma reportagem investigativa sobre desinformação científica. 

Eles devem ser capazes de propor estratégias de investigação e abordagens narrativas interessantes e inovadoras sobre desinformação científica e quem a financia e serem fluentes em inglês para participar das conferências. 

Mais informações podem ser obtidas no site do Instituto Serrapilheira.