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Imprensa brasileira é a que esclarece melhor a população sobre a vacina da Covid, demonstra estudo internacional

(Gerd Altmann/Pixabay)

A imprensa brasileira foi a que mais ajudou a entender como as vacinas para a Covid funcionam e como seria feita a vacinação, segundo avaliação das populações de oito países incluídos numa pesquisa encomendada pelo Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo da Universidade de Oxford e divulgada nesta quinta-feira (27/5). Além disso, foi a que menos exagerou sobre os riscos de tomar a vacina, e teve um desempenho melhor do que o governo em todos esses quesitos.

As entrevistas foram realizadas em abril de 2021, ouvindo quase 11 mil pessoas para comparar a performance da imprensa e do governo dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão, Espanha, Coreia do Sul, Brasil e Argentina com relação à confiança nas fontes de informações sobre o coronavírus. O trabalho mostrou que os brasileiros confiam mais na imprensa do que no governo para se informar a respeito da doença. 

Melhor explicação de como funcionam as vacinas

Quase 60% dos entrevistados brasileiros disseram que a imprensa local os ajudou a entender como as vacinas funcionam. Esse foi o maior percentual dentre os países avaliados, bem à frente da imprensa da Coreia do Sul, com 51%. A de pior avaliação nessa questão foi a dos Estados Unidos, com 38% de aprovação.

 

 

Na média geral, 48% dos entrevistados consideraram que as organizações de notícias fizeram um bom trabalho para explicar como as vacinas funcionam, enquanto a aprovação média dos governos foi de 36%.

Os governos ficaram consistentemente atrás da imprensa em todos os países. Os mais bem  avaliados no trabalho de esclarecer à população como as vacinas funcionam foram os do Reino Unido e da Coreia do Sul (45%) e o pior foi o da Alemanha, com 25%.

A diferença entre os índices de aprovação da imprensa e do governo brasileiros com relação a esse quesito também foi a maior entre os países analisados, chegando a 21 pontos percentuais. Em seguida, as maiores diferenças foram a da Espanha e da Alemanha (18 pontos). Os britânicos e os norte-americanos foram os únicos que consideraram a ajuda do governo e da imprensa para entender como as vacinas funcionam praticamente equivalente.

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Melhor informação de como a população será vacinada

Além de fazer a população entender o mecanismo das vacinas, o desafio seguinte era o de explicar como seria aplicada a vacinação. E mais uma vez a imprensa brasileira foi a mais bem avaliada, com 65% de aprovação para o trabalho executado, um ponto à frente do índice obtido pela imprensa britânica. A pior avaliação nesse quesito foi a da imprensa dos Estados Unidos.

A aprovação média da imprensa nesse quesito foi de 55%, acima do índice médio de avaliação dos governos, que foi de 48%.

Mas um governo, o do Reino Unido, se destacou nessa questão, com 71% dos entrevistados considerando fundamental a sua atuação para o sucesso da vacinação. Foi o único país em que a imprensa não apareceu mais bem avaliada do que o governo local. A pior avaliação entre os governos foi a do Japão, com um índice de 37%.

A diferença entre os índices de aprovação da imprensa e do governo brasileiros foi a maior também nesse quesito, alcançando 19 pontos percentuais. A segunda maior diferença foi verificada no Japão e na Espanha (ambos com 14 pontos).

Menos exagero quanto aos riscos da vacina

Nos últimos meses, a imprensa também teve que encontrar um equilíbrio difícil entre reportar pesquisas sobre os possíveis efeitos colaterais da vacina e, ao mesmo tempo, ajudar as pessoas a compreender que os riscos reais geralmente são muito pequenos.

Novamente, a imprensa brasileira se destacou nesse aspecto, com a menor parcela da população local (25%) achando que ela tenha exagerado os riscos de se vacinar. Além disso,  o Brasil foi o único dos oito países pesquisados em que a população percebeu menor exagero por parte dos jornalistas do que do governo. A imprensa que mais exagerou os riscos segundo a população local foi a da Espanha.

Entre os governos, o do Reino Unido foi o que menos exagerou os riscos, facilitando assim a vacinação da população. Os governos nos quais a população local percebeu que mais exageraram esses riscos foram o da Espanha (33%) e o do Brasil (31%).

Brasileiros entre as duas populações que se sentem mais bem informadas

O estudo também fez uma série de perguntas para mensurar como as pessoas se sentiam quanto ao seu próprio conhecimento quanto às questões ligadas às vacinas.  

Os brasileiros ficaram entre as duas populações que mais se sentiram bem informadas sobre esses tópicos, junto com os britânicos. O percentual de brasileiros que disseram conhecer os temas foi superior a 60% nos sete quesitos apresentados e superou a marca de 70% em quatro deles.

Os entrevistados brasileiros foram os que mais se demonstraram confiantes em seu conhecimento sobre o desenvolvimento de novas vacinas. E ficaram em segundo lugar, atrás dos britânicos, na avaliação de seu conhecimento sobre a eficácia, funcionamento e segurança das vacinas, como a população será vacinada e como as vacinas são regulamentadas. Só ficaram em terceiro lugar, atrás de britânicos e norte-americanos, em como se sentiam informadas a respeito da quantidade de vacinados no país.

As populações que se sentiram menos confiantes no conhecimento sobre essas questões foram as da Espanha e da Argentina.

Na média geral, os entrevistados se sentiram mais confiantes no conhecimento que têm sobre a eficácia e o funcionamento das vacinas, e menos confiantes no que diz respeito ao desenvolvimento de novas vacinas e como elas são regulamentadas.

Brasileiros entre os que menos creem nos mitos sobre vacinas

Como a crença em alguns mitos pode levar à hesitação sobre tomar a vacina, o estudo pesquisou também o percentual de cada população que acredita em cinco das desinformações mais propagadas durante a pandemia.

Novamente, os brasileiros foram uma das populações de melhor desempenho, com menos de 5% da população dizendo acreditar que as vacinas causariam câncer ou infertilidade, ou que contivessem porco ou alumínio.

O mito em que a maior parcela de brasileiros mais disse acreditar foi o de que as vacinas poderiam alterar o DNA, com um índice de quase 10%. Mas essa é a desinformação em que a amostra global mais acredita, e o índice brasileiro foi o segundo menor dos oito países pesquisados.

O país no qual a população menos acredita na desinformação sobre a vacina é o Reino Unido, com taxas variando entre 2% e 5% de pessoas acreditando nos mitos apresentados.

No outro extremo, os que mais creem na desinformação sobre vacinas são os norte-americanos, seguidos pelos alemães. As maiores taxas de crença na desinformação entre os cinco mitos analisados ocorreram nos Estados Unidos, com 17% dos americanos acreditando que as vacinas contra a Covid podem alterar seu DNA, ou 12% acreditando que as vacinas podem causar infertilidade. Eles foram seguidos de perto pela Alemanha, com índices de 16% e 9% nesses quesitos, respectivamente.

No geral, mais de 90% dos entrevistados não acreditam em nenhum dos mitos encontrados.

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Alto percentual de pessoas que não sabem

No entanto, o fato de poucas pessoas efetivamente acreditarem nos cinco mitos apresentados não significa que elas estejam bem informadas a ponto de rechaçá-los com convicção.

Em todos os países, um grande número de pessoas não soube dizer se o coronavírus pode alterar o DNA (36%), se as vacinas contêm carne de porco (47%) ou alumínio (57%). Os números mais altos dos que responderam não saber são os da Argentina, onde metade da população não sabe se as vacinas causam infertilidade e 70% não sabem se o alumínio faz parte da sua composição.

Principal fonte de informação influencia a crença na desinformação

O estudo demonstrou que o uso de organizações de notícias como fonte de informações sobre o coronavírus diminui a taxa das pessoas que acreditam na desinformação da vacina contra o coronavírus em todos os países estudados.

O governo como fonte de informação causou um efeito duplo, aumentando a crença na desinformação em alguns, e diminuindo em outros. Nesse último caso incluem-se o Reino Unido, a Alemanha e a Argentina.

Ter como principal fonte de informação as mídias sociais, sites de vídeo ou pessoas desconhecidas está relacionado a uma maior crença de desinformação em mais da metade dos países.

WhatsApp é a fonte que mais faz acreditar na desinformação da doença

Usar aplicativos de mensagens como o WhatsApp (ou rivais menores, como o Telegram) como principal fonte de informação sobre a Covid foi o que mais fez as pessoas acreditarem na desinformação sobre a doença.

Em todos os países estudados, a pesquisa demonstrou que as pessoas que usam aplicativos de mensagens para se informar sobre a pandemia têm mais probabilidade de acreditar em mais desinformação sobre a vacina em comparação com os que utilizam outras fontes.

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Os pesquisadores concluem que a descoberta de que depender de plataformas digitais amplamente utilizadas – como as mídias sociais como Facebook e Instagram, sites de vídeo como Youtube e, especialmente, aplicativos de mensagens como o WhatApp – está, na maioria dos países, associada a uma maior crença na desinformação da vacina contra o coronavírus, ajuda a comprovar que essas plataformas estão no cerne da infodemia que se alastrou com a pandemia.

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