A Associated Press (AP) terá como nova líder a primeira mulher, a primeira pessoa não branca e a primeira pessoa de fora dos Estados Unidos (EUA) a liderar a agência de notícias em seus 175 anos de história. A AP produz cerca de 2.000 notícias, 3.000 fotos e 200 vídeos todos os dias, atingindo mais da metade da população mundial.
Daisy Veerasingham, vice-presidente executiva e diretora de operações, foi nomeada presidente e CEO nesta terça-feira (3/8). Ela irá substituir Gary Pruitt, no cargo desde 2012, que vai se aposentar no início do próximo ano.
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Veerasingham, de 51 anos, é representante da primeira geração britânica de descendência do Sri Lanka. Sua nomeação acompanha uma mudança na AP — hoje 40% da receita da empresa é gerada fora dos EUA, o dobro do que era há 15 anos. A nova presidente e CEO da agência terá a tarefa de continuar a diversificar as fontes de receita da empresa, a exemplo de outros grandes grupos, como Forbes e The Economist.
A nova liderança afirmou estar determinada a manter a AP como uma fonte de jornalismo de credibilidade, a favor da liberdade de imprensa e do acesso à informação. “Esses são valores fundamentais para a AP desde sua fundação, há 175 anos.Eu acho que eles são realmente mais importantes hoje”, afirmou.
Agência passa por mudanças na cúpula
Na gestão de Pruitt, a empresa ganhou seis prêmios Pulitzer e teve três outros finalistas para o prêmio principal do jornalismo em 2021.
Ele está atualmente trabalhando com Veerasingham para encontrar um sucessor para Sally Buzbee como editor executivo da AP, uma nomeação prevista para dentro de um ou dois meses. Buzbee assumiu como editora executiva do The Washington Post em julho.
Veerasingham ingressou na agência em 2004 como diretora de vendas da AP Television News, em Londres. Ela acabou se tornando responsável pelo licenciamento de conteúdo e marketing na Europa, Oriente Médio, África, Ásia e Austrália, liderando os esforços de expansão da empresa. Antes de chegar ao posto de CEO, a executiva também liderou a expansão do negócio de vídeo da agência.
Mundo não precisa se preocupar com AP, diz nova presidente
À medida que seu negócio principal de vender notícias para jornais e emissoras começou a encolher, a AP montou um negócio de licenciamento de fotos e vídeos de arquivo. A agência também fornece espaço em estúdio e equipamento de notícias para organizações, vende softwares de notícias, contagem de votos eleitorais e pesquisas.
Outros esforços de diversificação estão em andamento, incluindo a oferta de notícias personalizadas e gerenciamento de vídeo para leilões realizados por empresas como a Sotheby’s.
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“Não acho que o mundo precise se preocupar com o futuro da Associated Press. Temos desafios pela frente? Sim, temos que diversificar nossa receita e estabilizar o faturamento em nosso núcleo. Mas acho que é algo que podemos realmente fazer nos próximos três anos por causa da força financeira que construímos”, disse Veerasingham.
Retorno ao trabalho presencial
Veerasingham trabalhou em marketing na LexisNexis e no Financial Times antes de ingressar na AP. Advogada formada, ela não trabalhou como jornalista.
A executiva comentou também sobre o funcionamento das redações em um momento em que postos de trabalho passam a retornar à atividade presencial.
“Como muitas outras empresas, espera-se que a AP retorne aos escritórios nos próximos meses, embora uma abordagem híbrida que inclui trabalhar em casa esteja em vigor no início. Uma das coisas que a pandemia me ensinou sobre a AP é que somos capazes de muito mais do que pensávamos que éramos”, disse a nova CEO.
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