A conta de relações públicas da CNN no Twitter não deixou barato as críticas do senador republicano do Texas Ted Cruz a uma repórter que cobre a invasão Taleban a Cabul, capital do Afeganistão.

A correspondente-chefe internacional da CNN, Clarissa Ward, transmitiu imagens do lado de fora da embaixada (recém-abandonada) dos Estados Unidos (EUA) ao lado de membros do Taleban que gritavam “morte à América”.

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Ward observou que o grupo parecia “amigável”, mas chamou a situação de “totalmente bizarra”.

“Eles estão apenas gritando ‘morte para a América’, mas parecem amigáveis ​​ao mesmo tempo”, disse Ward.

Senador usou o Twitter para atacar a emissora, que respondeu

Cruz retuitou o vídeo, escrevendo: “Há um inimigo da América para quem a CNN NÃO SERÁ líder de torcida?”. O senador ainda observou a burca da repórter.

A CNN Communications foi rápida em contra-atacar e respondeu o tweet com críticas e pitadas de ironia.

“Em vez de fugir para Cancún em tempos difíceis, @clarissaward está arriscando sua vida para contar ao mundo o que está acontecendo. Isso se chama bravura. Em vez de fazer RT com teorias da conspiração enganosas, talvez seu tempo fosse melhor gasto ajudando os americanos em perigo.”

Veja abaixo a troca de farpas original:

Repórter comentou mudança no figurino após invasão do Taleban

Ward estava usando um hijab na segunda-feira enquanto estava no ar, um costume diferente em relação a suas aparições anteriores na TV. Ward reconheceu a mudança de guarda-roupa e comentou que se trata de uma questão de segurnça após a chegada dos radicais ao poder.

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“Obviamente, estou vestida de uma maneira muito diferente de como normalmente me vestiria para andar pelas ruas de Cabul”, disse ela, observando que outras mulheres estavam se vestindo de forma mais conservadora após o domínio do Taleban.

A correspondente Clarissa Ward, nas ruas de Cabul durante a tomada do poder pelo Taleban. (Reprodução)
Plataformas digitais reagem à mudança no poder do Afeganistão

Nesta terça-feira (17/8), o Facebook anunciou que classifica o Taleban como organização terrorista, e que baniria todo conteúdo relacionado ao grupo da rede social.

O WhatsApp, pertencente ao mesmo grupo, afirmou que não tem como rastrear mensagens devido à criptografia do aplicativo, mas que estaria atento a perfis usados pelos extremistas. YouTube e Twitter ainda não têm uma posição oficial sobre o tratamento ao grupo radical, que agora responde pelo poder oficial do Afeganistão.

A evolução do cenário pode trazer complicações às plataformas pelas medidas tomadas agora contra o grupo, alerta Mohammed Sinan Siyech, pesquisador sobre segurança na Ásia meridional ouvido pela Reuters:

“O Taleban é de certa forma um participante aceito no nível das relações internacionais. Se esse reconhecimento chegar, pode causar complicações a decisões subjetivas tomadas por empresas como o Facebook ou o Twitter de que o grupo é ruim e deve ser banido de suas plataformas.”

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