Com as queimadas e incêndios florestais avançando no mundo e também no Brasil, o tema do 9º ciclo do concurso de fotografia Prix Pictet não poderia ser mais oportuno. Os 13 trabalhos finalistas exploram a relação do fogo com as pessoas e com o meio ambiente.
O prêmio, promovido pelo banco suíço Pictet desde 2008, é dividido em ciclos de 18 meses, com um tema diferente a cada mês. As imagens selecionadas por um júri internacional participam de exposições e também viram livro, apresentando a obra de cada artista e ensaios de escritores sobre o tema do prêmio.
Na série dedicada ao fogo, fotógrafos de vários países documentaram seus efeitos destrutivos, mas também como ele pode simbolizar renovação e renascimento.
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Conheça os trabalhos selecionados:
Série Três dias restantes – Homens em armas
Por Mak Remissa – Camboja
‘Left 3 Days’ relembra as memórias da infância do fotógrafo durante o genocídio cambojano, particularmente em 17 de abril de 1975, quando as tropas do Khmer Vermelho assumiram o controle e ocuparam Phnom Penh.
Na imagem, a representação dos soldados do Khmer Vermelho assumindo o controle da capital do país.
Série LA Incêndios, 2017 – Incêndio em La Tuna, Apicultor
Por Mark Ruwedel – EUA
‘LA Fire’ faz parte de um proeto intitulado ‘Los Angeles: Quatro paisagens ecológicas’. As imagens documentam o incêndio de La Tuna, em 2017, considerado o maior da história da cidade.
Série Capital mundial das queimaduras, 2013 – Ragini Kumari
Por Brent Stirton – África do Sul
A série ‘Burns capital of the world’ documenta jovens vítimas se recuperando de queimaduras graves na Índia. Apesar de mais de seis milhões de pessoas serem queimadas todos os anos, a Índia tem muito poucos locais para queimados em hospitais e clínicas, e os melhores são muito caros.
Ragini Kumari, 10 anos, foi queimada por uma fogueira de querosene quando tinha apenas 2 anos. Sofreu compressão no pescoço e nos ombros e vive com câimbras desde o acidente. Sua família é pobre e não conseguiu a cirurgia necessária. O Dr. Subodh Singh encontrou Ragini em um acampamento de queimados e providenciou para que ela frequentasse sua clínica, onde ele realiza cirurgias gratuitas para os mais pobres.
Série A profecia, 2015
Por Fabrice Monteiro – Bélgica
A série ‘The Prophecy’ começou em 2013, quando o fotógrafo retornou à África após vários anos e descobriu que a poluição devastadora havia tomado conta do continente. A série foi baseada em problemas ambientais no Senegal, como destruição de florestas, incêndios, resíduos de plástico e derramamentos de óleo.
O artista utilizou figuras que inspiradas nas máscaras da África Ocidental, criadas em colaboração com o estilista senegalês Doulsy, que criou fantasias feitas de lixo e materiais naturais.
Série: Em consequência, 2020 – Fogo selvagem
Por David Uzochukwu – Áustria
A série ‘In the wake’ mostra retratos ambientados em uma paisagem em chamas. Com todo o histórico e marcadores geográficos removidos de cada imagem, os corpos nas fotografias são submersos na paisagem e removidos de sua realidade social.
Série Beirute Maravilha, 1998 – A história de um fotógrafo piromaníaco
Por Joana Hadjithomas r Khalil Joreige
A série ‘Wonder Beirut’ é um projeto baseado em cartões postais dos anos 1960 e 1970 que ainda estão à venda nas livrarias libanesas, embora os lugares que retratam tenham sido destruídos em bombardeios ou alterados em programas de reconstrução.
Os artistas criaram um personagem fictício, o fotógrafo Abdallah Farah, imaginando que teria tirado fotos para produzir os cartões postais, depois queimadas para registrar o impacto das batalhas de rua durante as guerras civis libanesas.
Série Fogos de Artifício, 2001
Por Rinko Kawauchi – Japão
A série ‘Hanabi’ começou entre 1997 e 2001, quando Kawauchi morava sozinha em Tóquio e todo verão fotografava fogos de artifício. A série é uma coleção de fotografias que representam essas explosões no céu.
Série Água preta 3, 2008-2012
Por Sally Mann – EUA
Para a série ‘Black water’ a fotógrafa explorou o Great Dismal Swamp, na Virgínia, documentando os vastos incêndios e a densa fumaça durante suas visitas, que pareciam resumir o ‘grande incêndio’ da luta racial na América.
Série Fumaça, 2012 – Billowing
Por Lisa Oppenheim – EUA
Na série ‘Smoke’ a presença de fogo é indicada pela fumaça. Usando imagens encontradas em jornais ou na internet, Oppenheim ‘reprocessa’ as fotografias na câmara escura, usando a luz de um fósforo para expor o negativo.
“Enquanto íamos para Norfolk eu vi o fogo de Enfield, onde um centro de distribuição da Sony foi incendiado por manifestantes. A quantidade de fumaça foi surpreendente, e continuou cobrindo a rodovia no dia seguinte”.
Série Imolação, 2010 – Fogo
Por Carla Rippey – México
O trabalho começou com uma coleta de imagens de fogo em revistas, jornais e na internet. Para fazer as colagens da série ‘Immolation’, a fotógrafa transferiu fotocópias para papeis japoneses usando solvente e uma prensa de gravação, combinando cenas de vulcões, pessoas incendiadas (linchamentos no México), outras atirando fogo (palestinos) ou pessoas ateando fogo a si próprias como forma de protesto.
Série Queimar matéria, 2016
Por Daisuke Yokota – Japão
A série de 2016, ‘Matter/Burn out’, documenta a queima em grande escala de impressões fotográficas na Trienal de Aichi (2010-2016), exposição realizada no Japão com o objetivo de familiarizar o público com a arte inovadora.
Série Fogo, 2020
Christian Marclay – EUA
O trabalho ‘Fire’ consiste em uma série de impressões fotográficas que começou como colagens de fragmentos de histórias em quadrinhos, fotos de filmes e imagens encontradas na internet. Mais de 1.500 fotografias mostradas em rápida sucessão sugerem um flip book, criando a ilusão de um fogo bruxuleante.
Imagens reproduzidas mediante autorização do Prix Pictet e Candlestar
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