Após a publicação de um relatório sobre links mais acessados no segundo trimestre do ano, o Facebook foi exposto e admitiu no sábado (21/8) ter omitido o alcance do conteúdo desinformativo na plataforma em dados anteriores.
Na semana passada, a rede social publicou o relatório com os posts de maior sucesso nos Estados Unidos (EUA) entre os meses de abril e junho, dividido em métricas como visualizações e compartilhamentos.
No topo dos conteúdos mais populares, apenas material de cunho divertido ou de comportamento, como um jogo de palavras para o leitor “definir a sua realidade” ou um desafio para pessoas com mais de 30 anos postarem fotos em que parecem jovens para a idade.
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Após a divulgação dos dados, o jornal New York Times publicou, na sexta-feira (20/8), reportagem afirmando que, nos três primeiros meses do ano, o post mais visualizado pelos americanos na plataforma foi o de uma notícia, distribuída pelo Chicago Tribune, que contava sobre um médico que morreu após tomar a vacina contra a Covid-19.
O artigo, originalmente escrito pelo South Florida Sun Sentinel e republicado pelo Tribune, tinha como título “Um médico ‘saudável’ morreu duas semanas após receber uma vacina COVID-19; o CDC está investigando o porquê”.
CDC é a sigla para o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, órgão federal americano que lidera os esforços contra a pandemia.
Rede social admitiu que escondeu resultados do primeiro trimestre
Após a revelação feita pelo Times, a empresa admitiu que se absteve de publicar o relatório sobre o primeiro trimestre, com as informações sobre a notícia do médico, em um tweet do porta-voz, Andy Stone, no sábado.
A gigante da mídia social preparou o relatório sobre as postagens mais vistas em sua plataforma de janeiro a março de 2021, mas decidiu não publicá-lo “porque havia correções importantes para o sistema que queríamos fazer”, afirmou o executivo. Após ser exposta pela reportagem, a companhia admitiu o fato e publicou também os dados do primeiro trimestre, confirmando o caso.
On the question of the unreleased report from earlier this year and why we held it. We ended up holding it because there were key fixes to the system we wanted to make.
— Andy Stone (@andymstone) August 21, 2021
Embora o Facebook proíba postagens que contenham informações falsas sobre vacinas ou que desencorajem as pessoas a se vacinarem, a companhia assume a posição de que é mais eficaz permitir que as pessoas discutam riscos potenciais e questões sobre saúde, em vez de banir o conteúdo.
Em um fio de tweets, o funcionário do Facebook se dedicou a debater o conceito de desinformação e suas fronteiras opacas, e a dificuldade da rede social para moderar as situações que surgem neste contexto.
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A reportagem sobre a morte do médico era real, o fato comprovado, e o texto mencionava, apesar do título sensacionalista, a inexistência de uma ligação comprovada entre a morte do homem e a vacina contra a Covid-19.
A questão colocada é o uso que pessoas contrárias à vacinação fizeram do material, e como o Facebook pode detectar e tomar uma atitude a respeito.
Presidente dos EUA acusou Facebook de “matar pessoas” ao permitir circulação de fake news
Muitos meios de comunicação cobriram a história, mas o link do Tribune ganhou mais força no Facebook: foi visto por quase 54 milhões de usuários nos EUA entre janeiro e março, de acordo com o relatório da empresa.
De toda forma, a companhia foi exibida pelo maior jornal americano em ato com todas as características de omissão de informação, preocupado com a repercussão de enquadrar a rede social como celeiro de fake news em um momento em que o presidente dos EUA, Joe Biden, acusou o Facebook de estar “matando pessoas” ao permitir que a desinformação circule livre e impunemente.
Segundo dados da companhia no relatório sobre o segundo trimestre, a maioria (57%) dos posts que as pessoas veem é de seus familiares e amigos, e menos de 13% das visualizações de conteúdo no período estavam em posts com links.
“Os domínios de sites de notícias mais vistos representam apenas 0,31% de todas as visualizações de conteúdo no feed de notícias”, coloca o Facebook no relatório.
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