Londres – A onda de ataques a jornalistas por integrantes de movimentos antivacina e antilockdown, que desde o fim de 2020 vem se intensificando na Europa e coloca em risco os profissionais que cobrem os protestos, chegou agora às redações britânicas e até ao Google.
Na última segunda-feira (23/8), a sede do grupo ITN, em Londres, foi invadida por manifestantes, que em seguida tentaram entrar no prédio da plataforma de mídia digital, localizado nas proximidades.
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Um protesto semelhante havia ocorrido no dia 9 de agosto, quando uma multidão atacou uma antiga sede da BBC no bairro de White City, oeste da cidade, pensando ser o endereço da redação. Hoje o local é alugado à ITN para gravação de um talk show.
Só que desta vez os manifestantes, que tinham acabado de realizar um ato no centro de Londres, não erraram os endereços. O edifício da ITN, localizado em Camden, ao norte da cidade, abriga os estúdios das emissoras ITV, Channel 4 News e Channel 5 News, que transmitem vários telejornais e programas jornalísticos.
#JUST IN – Anti-vaccine passport protesters storm ITV News office in London.#Vaccine #Passport #Protest #London pic.twitter.com/S9y9vB68sV
— Kamlesh Kumar Ojha🇮🇳 (@Kamlesh_ojha1) August 23, 2021
Um grande efetivo de policiais foi deslocado para conter o avanço e retirar os que tinham conseguido entrar no prédio. Os profissionais de imprensa ficaram isolados e o trabalho das equipes foi interrompido.
O repórter da BBC Shayan Ssrdarizedeh foi um dos que postou imagens da ação.
A group of anti-vaccine protesters has entered the ITN Productions building in central London. Police officers are trying to block the gates to protect staff, who are currently locked in. pic.twitter.com/8vOhCQdVT1
— Shayan Sardarizadeh (@Shayan86) August 23, 2021
Um porta-voz da ITN disse:
“Os funcionários da ITV News, Channel 4 News e Channel 5 News foram aconselhados a permanecer no prédio ou afastar-se enquanto a situação está sendo resolvida. As organizações de notícias foram uma fonte vital de informações durante a pandemia.”
“O abuso de jornalistas por causa de suas reportagens sobre o coronavírus é um desenvolvimento preocupante que o ITN tem monitorado de perto, garantindo que a equipe esteja ciente das precauções para evitar qualquer dano. Essa ação fez com que os jornalistas fossem impedidos de realizar suas atividades de coleta de notícias, algo que o ITN condena veementemente”.
Segundo relatou Shayan Sardarizadeh no Twitter, eles entregaram um documento exigindo a realização de um debate ao vivo sobre as vacinas contra a Covid-19. E prometeram voltar em uma semana se a demanda não for atendida.
Anti-vaccine protesters are now gathering outside Google's headquarters in King's Cross. Police officers have formed a protective line in front of the revolving door, stopping the protesters from entering the building. pic.twitter.com/4vMWx6rs9b
— Shayan Sardarizadeh (@Shayan86) August 23, 2021
Escalada de agressões na Europa
As manifestações contra as restrições para enfrentar a pandemia não acontecem apenas no Reino Unido. Em novembro de 2020, uma onda de violência contra a mídia começou também a afetar jornalistas em outros países da região.
Jornalistas passaram a ser alvo de insultos, intimidações, agressões e até ameaças de morte por neonazistas e hooligans na Alemanha e por sovranisti (soberanistas), a nova forma como se apresentam os nacionalistas italianos.
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Vários ataques foram filmadas pelas próprias vítimas ou por suas equipes. O repórter cinematográfico Valerio Lo Muzio, do La Reppublica, captou imagens de uma das agressões ocorridas na noite de 30 de outubro de 2020 no centro de Bolonha.
Os manifestantes xingaram os jornalistas de “pedaços de m**” e de terroristas. Eles ameaçaram os profissionais gritando o slogan: “Jornalista, você é o primeiro da lista!”
No título da reportagem sobre a manifestação, o jornal La Reppublica ressalta o uso pelos manifestantes das “saudações romanas”, o gesto dos legionários da Antiga Roma no qual foram inspiradas as saudações fascistas e nazistas.
Na cidade alemã de Minden, críticas se transformam em fantasias de execução, com um manequim pendurado pelo pescoço com uma corda, na ponte sobre o Rio Weser:
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