O novo balanço publicado pela Press Emblem Campaign (PEC), organização sediada em Genebra (Suíça) que vem acompanhando desde o início da pandemia o número de jornalistas mortos por Covid-19 no mundo, mostra que o Brasil distanciou-se das demais nações em número de vítimas e voltou ao topo da lista.
Segundo a entidade, pelo menos 280 profissionais de imprensa brasileiros perderam a luta contra o coronavírus. Em seguida vem o Peru, com 180. Nos levantamentos anteriores, o país andino estava à frente do Brasil ou muito próximo.
Em todo mundo, foram 1.792 vítimas da Covid-19 em 80 países. Apenas em julho e agosto deste ano, quase 120 mortes foram registradas, representando uma média de duas perdas por dia.
A América Latina é a região que detém mais da metade do número de profissionais de imprensa vítimas da doença, com um total de 954 mortos, à frente da Ásia (485), Europa (206), África (86) e América do Norte (57).
Entre os 10 países mais afetados, seis estão na América Latina. Na Europa, a Itália e o Reino Unido são as nações com mais vítimas entre jornalistas.
Blaise Lempen, secretário-geral da PEC, declarou que “jornalistas de campo continuam entre os profissionais mais expostos à contaminação”, embora o número de mortes por Covid-19 venha diminuindo desde junho em vários países.
Ele fez um alerta sobre a responsabilidade de pessoas públicas na desinformação, incluindo profissionais de imprensa:
“Alguns políticos, mas também jornalistas, continuam a espalhar informações falsas sobre a doença, a um custo alto. Nos Estados Unidos (EUA), três populares apresentadores contrários à vacinação morreram em agosto em decorrência do vírus, dois na Flórida e um no Tennessee”, disse Lempen.
Em entrevista ao MediaTalks em maio, ele criticou os programas de vacinação nos países em desenvolvimento, que acabam levando a mais mortes de jornalistas, e falou sobre o Brasil:
“Os brasileiros pagam um alto preço pelas políticas incoerentes do Governo, é uma vergonha”.
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Um dos que morreram na Florida foi o radialista conservador Marc Bernier, de 65 anos, da rádio WNBD. Ele criticava os esforços de vacinação contra o coronavírus e se autodenominou “Sr. Anti-Vax”.
Mas nem todos se mantiveram fiéis a esse pensamento até o fim.
Também na Flórida, o radialista de extrema-direita Dick Farrel, de 65 anos, que morreu de complicações causadas pelo coronavírus, usava seu programa e as redes sociais para criticar o médico Anthony Fauci, principal autoridade de saúde pública nos EUA, a quem chamou de “maníaco por mentira”.
Ele também dizia que ninguém deveria tomar a vacina contra o coronavírus. Mas quando foi para o hospital, mudou de opinião e pediu aos amigos que se vacinassem.
O mesmo ocorreu com o apresentador Phil Valentine, da rádio SuperTalk de Nashville. Aos 61, ele era um cético em relação à vacina. Mas depois de testar positivo para a doença e antes de ser hospitalizado, afirmou que optou por não ser vacinado porque pensou que provavelmente não morreria. E aconselhou os ouvintes a se vacinarem caso julgassem que teriam chances de perder a vida.