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China não quer celebridades “afeminadas” na TV e recomenda que emissoras evitem artistas “imorais”

Cena da novela chinesa Word of Honor. (Reprodução)

A repressão da China tem agora mais um alvo: os homens que seja celebridades consideradas “afeminadas”. Na última quinta-feira (2/9), a Administração Nacional de Rádio e Televisão do país (NRTA) publicou em seu site uma instrução formal solicitando às emissoras de TV que barrem artistas com postura “imoral”, “posições políticas incorretas” e também os “afeminados”. 

Segundo o comunicado, uma “atmosfera patriótica” deve ser cultivada em programas de entretenimento. A autoridade disse ainda que conteúdo não saudável deve ser regulamentado e que os salários das estrelas da televisão devem ser limitados.

“Indivíduos com postura política equivocada, aqueles que vão contra o país e o Partido Comunista da China, não deveriam ser empregados pela indústria. O mesmo vale para aqueles que violam as leis chinesas ou moralidades sociais”, diz uma tradução em inglês do aviso da NRTA, conforme relatado pelo The Global Times.

O edital fazia menção específica à proibição do que chamou de “estética anormal”, descrevendo-a como um estilo veiculado por “homens femininos” na televisão.

O entretenimento na China envolvendo celebridades “vulgares” da internet, escândalos e ostentação de riqueza deve ser rejeitado, acrescentou.

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As novas regras vêm em meio a uma série de escândalos — que vão desde sonegação de impostos e acusações de estupro — envolvendo atores populares online e de televisão. As estrelas envolvidas têm muitos seguidores e são ícones de várias marcas.

Na semana passada, a Administração do Ciberespaço da China (CAC) disse que vai reprimir o movimento online caótico de fãs de celebridades, como parte da campanha para “corrigir” o setor da internet.

A cultura fan quan, como é conhecida, resulta em casos de difamação e ameaças online entre fãs “rivais”, além de movimentos em massa para ajudar celebridades na China em concursos e promoções.

Este ano, fãs de um programa de ídolos compraram milhões de dólares em laticínios para escanear um código impresso na embalagem, que registraria um voto para seu concorrente favorito. 

Grupos fizeram campanhas e arrecadaram dinheiro para comprar produtos a granel e votar em massa. A mídia chinesa relatou que grande parte dos laticínios foram desperdiçados ou despejados no esgoto.

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O apelo para o fim das estrelas que são vistas como muito “femininas” tem crescido na China. As investidas do governo chinês contra a cultura ocidental, as plataformas digitais e as celebridades vêm se multiplicando nas últimas semanas. 

No início de agosto, o país anunciou interferências no aplicativo WeChat e na rede social Weibo, uma versão chinesa do Twitter. 

No caso do Weibo, a plataforma decidiu remover sua lista de celebridades mais “bombásticas” na China após o jornal estatal People’s Daily publicar críticas ao “apoio irracional” que fãs estariam dando a pessoas “não dignas de valor”.

Em seguida, plataformas de mídia social chinesas deletaram as contas do ator e cantor chinês Zhang Zhehan, estrela de séries e filmes do país, após uma onda de cancelamento gerada por fotos dele no no Santuário Yasukuni, no Japão, dedicado a soldados japoneses mortos em batalha.

Na primeira metade do século 20, China e Japão tiveram duas grandes guerras entre si.

Dias depois, a autoridade que regula o ciberespaço chinês proibiu qualquer rede social ou site na internet do país de manter qualquer rankings de celebridades.

De acordo com a mídia estatal, só podem ser publicadas listas que classifiquem obras como músicas, filmes e programas de TV, mas devem reduzir a ênfase em gostos e comentários e, em vez disso, “aumentar o peso de indicadores como orientação para o trabalho e avaliação profissional”.

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