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Simpatizantes do partido do governo invadem redações na Índia; federação vê ataque à liberdade de imprensa

(Reprodução)

Invasões a cinco redações de publicações na Índia mostram o agravamento da crise de liberdade de imprensa no país. Os casos foram denunciados pela Federação Internacional de Jornalistas (IFJ), que condenou os atos e considerou se tratar de uma tentativa de reprimir a mídia nacional. 

Na semana passada, após um comício do Partido Bharatiya Janata (BJP), ao qual pertence o atual primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, as instalações dos canais de televisão PB 24 News e Duranta TV e dos jornais Pratibadi Kalam, Kalmer Shakti e Daily Deshar Katha foram vandalizadas, em Tripura. Ao menos quatro jornalistas sofreram ferimentos.

O presidente estadual do BJP, Manik Saha, declarou que os manifestantes invadiram as redações por engano ao tentar invadir a sede do CPIM e o escritório do jornal Daily Deshar Katha, que atua como porta-voz do Partido Comunista da Índia. Ele argumentou também que a invasão só ocorreu depois que tijolos e pedras foram atirados contra eles. 

Roy Chowdhury, editor do Pratibadi Kalam, relatou à IFJ que os manifestantes entraram no escritório com armas e varas de bambu, vandalizando o local e assediando jornalistas. Carros que estavam estacionados em frente à redação foram queimados.

Em 9 de setembro, jornalistas de Tripura protestaram em frente à sede da polícia local, exigindo a prisão imediata dos infratores. 

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Chowdhury apresentou um relatório contra os agressores, no qual destaca que muitos policiais foram omissos e não agiram para proteger os jornalistas e conter os manifestantes. Ele destacou também que um dos jornalistas foi atingido na nuca por uma arma cortante e ficou gravemente ferido. 

Sobre o ocorrido, a IFJ declarou que se trata de mais uma tentativa de intimidar a imprensa indiana:”Esses ataques a organizações de mídia são tentativas nítidas do Estado de silenciar vozes críticas, violando gravemente a liberdade de expressão e de imprensa. A IFJ pede às autoridades indianas que detenham imediatamente os culpados e indenizem as cinco organizações e jornalistas atacados.”

Também na semana passada, as casas de quatro jornalistas foram invadidas pelas forças policiais nas regiões de Jammu e Caxemira. Os profissionais tiveram documentos e equipamentos eletrônicos apreendidos.

Segundo a IFJ, as invasões ocorreram antes da detenção e interrogatório dos jornalistas. 

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Os quatro foram questionados sobre possíveis ligações com o blog Kashmir Fight, site supostamente administrado pelo Paquistão, que teria publicado conteúdo que ameaça jornalistas e ativistas indianos.

Um profissional não identificado de imprensa da região ironizou a situação: “Jornalistas estão sendo questionados sobre um site que coloca ativamente em perigo membros da mesma profissão.

A União dos Jornalistas Indianos (IJU) demonstrou-se surpresa “ao saber que a polícia da Caxemira e as autoridades frequentemente violam os direitos da mídia e a liberdade de imprensa, apesar de jornalistas e órgãos de direitos civis levantarem fortes objeções e condenarem essas violações. A IJU exige que as autoridades parem o assédio contra a mídia”.

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Em julho, autoridades fiscais invadiram  as sedes da emissora TV Bharat Samachar e da rede Dainik Bhaskar, maior conglomerado de mídia da Índia, sob alegação de evasão fiscal. A operação foi feita em 32 escritórios e residências em seis cidades.

Da mesma forma que ocorreu nas prisões da última semana, na operação sobre a suposta sonegação agentes interrogaram funcionários e jornalistas e levaram celulares e laptops. Eles são acusados de criação de empresas de fachada para desvio de recursos.

Os veículos invadidos são críticos ao governo Modi, apontando em suas coberturas as falhas no enfrentamento da pandemia, mostrando imagens de hospitais sem oxigênio e corpos boiando em rios. 

Um mês antes, uma coalizão liderada pela Access Now exigiu que o governo da Índia colocasse um fim à “onda de censura digital e intimidação, incluindo a retirada imediata de suas novas regras de controle de conteúdo e comunicações online”. Segundo a entidade, os indianos têm recorrido às plataformas de mídia social para compartilhar críticas e buscar informações sobre o coronavírus e encontram censura governamental no Twitter e no Facebook. 

A lei aprovada pelo governo Modi responsabiliza redes sociais pelo conteúdo que usuários postarem, exigindo que as empresas de tecnologia apontem executivos para contato direto com o governo, que informa sobre posts considerados ilegais ou inaceitáveis.

No episódio de um vídeo de agressões de um homem muçulmano, o Twitter virou alvo do governo e o principal executivo da empresa no país teve prisão decretada.

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