Londres – Enquanto a Rússia se prepara para as eleições legislativas de 17 a 19 de setembro, e as autoridades do país aumentam seu controle sobre a liberdade de expressão online, a organização global Access Now, que defende os direitos humanos no ambiente digital, enviou nesta terça-feira (14/9) uma carta aberta a todas as plataformas digitais cobrando posição firme diante de iniciativas de censura nas redes. 

A carta, assinada em conjunto com a coalizão #KeepItOn exige que os gigantes da mídia digital se levantem pelos direitos humanos e resistam às ordens do governo russo para reprimir a livre expressão na internet, nas plataformas, em aplicativos e em serviços de mensagem. 

“Estamos convocando as empresas privadas a fazerem o que os funcionários do governo na Rússia não farão — tomar uma posição pelos direitos humanos.

Facebook, Twitter, esta é uma mensagem para vocês:

Coloquem suas políticas de direitos humanos em ação e digam não às tentativas de um regime autoritário de silenciar milhões de pessoas nesta eleição. As pessoas na Rússia dependem de vocês”, apela Peter Micek, conselheiro geral da Access Now.

O pedido foi enviado a algumas das figuras mais poderosas da esfera digital — incluindo Tim Cook, CEO da Apple, Mark Zuckerberg, presidente e CEO do Facebook, e Sundar Pichai, CEO do Google.  

“A notoriedade da Rússia por reprimir vozes críticas significa que os pedidos de desligamento da internet provavelmente já estão no horizonte”, disse Felicia Anthonio, ativista e líder da #KeepItOn.

“Mas eles [os pedidos] não são inevitáveis. Eles são uma escolha. E estamos convocando Big Techs e operadoras de telefonia a apresentarem a solução certa.”

Leia também

Novo relatório da RSF cobra medidas contra ataques à liberdade de imprensa e censura à internet na Rússia

Recomendações para os grandes redes sociais que operam na Rússia

As recomendações para Apple, Twitter, Yandex, TransTelekom, ER-Telecom, МТS, Rostelecom, Google, MegaFon, Cloudflare, VEON, Beeline e Facebook incluem:

  • Denunciar publicamente o desligamento, a censura e a interrupção de serviços online essenciais na Rússia e em outros países;
  • Resistir e recuar contra ordens de fechamento e censura;
  • Preservar as evidências e revelar quaisquer demandas do governo que exortem a interrupção do acesso à internet ou bloqueio de conteúdo online específico e qualquer pressão para ocultar essas demandas;
  • Contestar a legalidade do fechamento da internet ou ordens de censura;
  • Consultar a sociedade civil e reunir empresas semelhantes para reagir contra as demandas de censura do governo.

Na semana passada, o regulador russo de telecomunicações, Roskomnadzor, anunciou que está testando métodos de bloqueio de tecnologias inovadoras como o DoH, que esconde nomes de sites para evitar espionagem do governo, usado por Mozilla e Google, e ameaçou empresas de tecnologia.

Em 8 de setembro de 2021, o governo russo bloqueou os serviços do sistema de nomes de domínio (DNS) do Google e do Cloudflare, o que supostamente resultou na queda da internet por aproximadamente uma hora.

Este apelo à intervenção surge no momento em que o governo da Rússia acelera seus ataques mais amplos contra a sociedade civil processando jornalistas, meios de comunicação independentes e organizações de direitos humanos , tendo como alvo o ativista anticorrupção e líder da oposição Alexey Navalny e pressionando empresas de rede social a retirar conteúdo.

Leia também

Trump, Putin, Bolsonaro e Modi: líderes mundiais avançam em conjunto contra as redes sociais

Putin aparenta desconhecer o que é o YouTube em pergunta de aluno no “Dia do Conhecimento”