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Jornalista é morto a tiros e Afeganistão chega a cinco vítimas na imprensa após ascensão do Talibã

(Reprodução)

O jornalista e escritor afegão Sayed Maroof Sadat, ex-porta-voz de órgão do governo do Afeganistão, foi morto a tiros no sábado (2/10), no que pode ter sido um confronto entre forças radicais do Talibã e do Estado Islâmico (EI) no leste do país. O profissional foi a quinta vítima entre integrantes da imprensa desde a queda de Cabul, em 15/8.

Sadat foi uma de quatro pessoas, incluindo dois combatentes talibãs, mortos em um tiroteio na cidade de Jalalabad, capital da província de Nangarhar. O filho do jornalista foi gravemente ferido no incidente, segundo reporta a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ).

Em 20 anos de carreira, Sadat trabalhou como jornalista para organizações de mídia nacionais e internacionais, e serviu como porta-voz do ex-Departamento de Desenvolvimento Rural do governo afegão antes da retomada do Talibã. Atualmente ele integrava o governo da província, na mídia da diretoria de desenvolvimento urbano de Nangarhar. 

Conflito entre Talibã e Estado Islâmico é causa provável da morte do jornalista

Os responsáveis pelo crime ainda não foram identificados, mas acredita-se que militantes do Estado Islâmico estejam por trás do incidente. Autoridades do Talibã investigam os quatro assassinatos. 

O EI mantém uma forte presença na província de Nangarhar, onde está localizada a cidade de Jalalabad, ameaçando a presença do Talibã.

Os familiares do jornalista falecido disseram que Sadat não tinha inimizades conhecidas e muitos profissionais da mídia na província de Nangarhar estão agora ainda mais temerosos após o incidente. “Se tais incidentes não forem evitados, os jornalistas não terão outra opção a não ser deixar o país”, disse o colega jornalista Jawid Razmand.

A situação dos profissionais de imprensa remanescentes no Afeganistão vem sendo motivo de alertas de organizações de liberdade de imprensa. Após sua ascensão, os extremistas do Talibã instauraram novas regras para a imprensa, e os relatos são de total interferência do governo nas publicações.

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Em pouco mais de um mês, cinco jornalistas morreram no Afeganistão

Cinco jornalistas foram mortos desde a captura do Afeganistão pelo Talibã em agosto.

Fahim Dashti, um veterano líder da União Nacional de Jornalistas do Afeganistão (ANJU), foi morto na província de Panjshir em 5 de setembro durante um confronto entre a Frente de Resistência Nacional do Afeganistão (NRFA) e o Talibã. 

Ali Reza Ahmadi, repórter da Agência de Notícias Raha, o jornalista Juhad Hamidi e Najma Sadeqi, um youtuber afegão, que trabalhava com o Afghan Insider, foram mortos no atentado suicida no aeroporto de Cabul, em 26/9.

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“A perda de Sayed Maroof Sadat é mais um golpe devastador para a liberdade de imprensa. A segurança de todos os jornalistas e funcionários da mídia no Afeganistão está seriamente ameaçada tanto pelo Talibã quanto por outros grupos extremistas em todo o país”, afirmou o secretário geral da IFJ, Anthony Bellanger.

Jornalistas no Afeganistão enfrentam ameaças e pressão sobre a imprensa

Além das mortes, os relatos de coerção e abusos físicos também estão entre os desafios para a mídia permanecer operante e independente no país. 

Estimativas apontam que, de 108 publicações que funcionavam em 2020, entre rádios, jornais e TVs, cerca de 100 cessaram suas atividades com a ascensão do Talibã ao poder.

Jornalistas mulheres no Afeganistão estão sendo obrigadas a abandonar seus trabalhos. O Talibã faz ameaças diretas às profissionais de imprensa, ou ainda, pressiona as empresas onde elas trabalham a retirá-las de atividade.

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Segundo levantamento divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em parceria com o Centro para a Proteção de Jornalistas Mulheres Afegãs (CPAWJ), de um total de 700 jornalistas mulheres que trabalhavam no Afeganistão, cerca de 76 continuavam em atividade em setembro.

Em outras palavras, destaca a RSF, “mulheres jornalistas estão em vias de desaparecer da capital”. O estudo comparou a situação atual com registros do ano passado, quando o país possuía 108 veículos de comunicação com um total de 4.940 funcionários em operação.

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