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Caso Cuomo: jornalista da CNN é afastado nos EUA por ajudar irmão governador acusado de assédio sexual

Chris Cuomo (reprodução vídeo)

Londres – Depois de resistir por meses ao envolvimento no escândalo de assédio sexual que atingiu seu irmão, o ex-governador de Nova York, o jornalista da CNN americana Chris Cuomo acabou “suspenso indefinidamente” pela emissora na terça-feira (30/11).

Segundo um porta-voz da emissora, o motivo foi a divulgação de transcrições pela procuradoria-geral de Nova York, “que lançaram uma nova luz sobre o envolvimento de Chris Cuomo na defesa de seu irmão”. Andrew Cuomo renunciou em agosto para evitar um processo de impeachment.

Chris Cuomo sempre afirmou que nunca teve papel de liderança na comunicação do político durante o escândalo, mas que esteve presente “como irmão”, fazendo a parte dele em ouvir e dar seu ponto de vista sobre a situação. 

Um dos principais jornalistas da CNN

O jornalista da CNN faz parte do elenco de estrelas da casa. Ele comanda (ou comandava) um dos programas de maior audiência da emissora nos EUA, o Cuomo Prime Time, exibido no horário nobre, às 21h.

Seu castelo começou a ruir quando as investigações revelaram o aconselhamento ao irmão governador sobre como proceder na comunicação oficial após as denúncias de assédio sexual que emergiram em março. Chris foi incluído em e-mails oficiais da equipe do governador.

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A atuação como conselheiro político simultaneamente com o cargo de apresentador no horário nobre americano foi considerada conflito de interesses, já que ele teria o poder de influenciar a forma como a emissora cobriria as denúncias.

Em maio, ele disse em seu programa: 

“Não sou um conselheiro; Eu sou um irmão. Eu não estava no controle de nada. Eu estava lá para ouvir e oferecer minha opinião.

“E meu conselho para meu irmão foi simples e consistente: assuma o que você fez, diga às pessoas o que você fará para ser melhor, mostre-se arrependido e, finalmente, aceite que não importa o que você pretendia. O que importa é como suas ações e palavras foram percebidas “.

Embora as críticas tenham espirrado na CNN, a emissora manteve Cuomo em seus quadros. Ela chegou a admitir o erro de seu apresentador após a revelação da história pelo jornal Washington Post, mas afirmou que o jornalista não participava da cobertura do caso sobre o irmão governador, “na frente ou atrás das câmeras”. 

Documentos mostraram que Chris Cuomo foi além

A situação mudou com os documentos divulgados pela procuradoria-geral, comprovando que sua atuação não foi apenas a de um conselheiro informal do irmão em apuros. 

Eles mostram que o âncora pressionou fontes para obter informações sobre as mulheres que faziam acusações e passou-as à equipe do governador. E que ajudou a redigir a resposta às denúncias, de acordo com e-mails e de uma transcrição de seu depoimento para investigadores que trabalham para a procuradora Letitia James.

A correspondência revela descontentamento com os assessores do irmão diante de novas denunciantes alegando terem sido assediadas por Andrew Cuomo. E indicam que ele se ofereceu para descobrir que outras alegações poderiam surgir. 

Na transcrição do depoimento prestado à procuradoria pelo próprio jornalista da CNN em julho, sob juramento, ele admite ter enviado mensagens de texto para Melissa DeRosa, a assessora de seu irmão, dizendo: “Tenho uma pista sobre a noiva”. Era uma referência a Anna Ruch, uma mulher que acusou Andrew Cuomo de tentar beijá-la em um casamento.

Nas redes sociais, o jornalista não falou do caso nem de seu afastamento. Continua apresentado no perfil do Twitter como âncora da CNN, pois não foi demitido. 

CNN agiu rápido

Desta vez a CNN não esperou muito para decidir o que fazer. Na segunda-feira, divulgou um comunicado sobre as mensagens, dizendo:

“As milhares de páginas de transcrições e informações adicionais que foram divulgadas hoje pela Procuradoria-Geral de Nova York merecem revisão e consideração minuciosas.

“Nos próximos dias, conversaremos e buscaremos clareza adicional sobre seu significado, visto que se relacionam com a CNN.”

Mas apesar de as revelações terem sido amplamente noticiadas, o jornalista da CNN não mencionou o tema no programa Cuomo Prime Time da segunda-feira.

No dia seguinte veio a decisão da rede, que afirmou não ter conhecimento prévio do que foi exposto, inferindo-se que o profissional não havia revelado aos chefes todos os fatos do caso.

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O comunicado refere-se à decisão anterior de manter Chris Cuomo no ar, posição que mudou diante dos novos fatos: 

“Quando Chris admitiu que havia aconselhado a equipe de seu irmão, ele quebrou nossas regras e reconhecemos isso publicamente.”

“Mas também entendemos a posição única em que ele estava e entendemos sua necessidade de colocar a família em primeiro lugar e o trabalho em segundo lugar.”

“No entanto, esses documentos apontam para um maior nível de envolvimento nos esforços de seu irmão do que sabíamos anteriormente.

“Como resultado, suspendemos Chris indefinidamente, enquanto se aguarda uma avaliação adicional.”

Republicanos atacam jornalista da CNN e emissora 

O caso virou um prato cheio para os conservadores adversários do jornalista da CNN e da própria emissora. A senadora republicana Marsha Blackburn classificou Cuomo de “ativista disfarçado” e chamou sua família de “máfia”. 

Até Donald Trump aproveitou para fazer a sua manifestação, chamando a suspensão de “grande notícia para os espectadores”. Embora banido das redes sociais principais, o ex-presidente teve a nota publicada em seu blog pessoal postada no Twitter pela conta Election Wizard. 

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Trump sugere que o motivo do afastamento de Cuomo poderia ser “a baixa audiência” ou o fato de seu irmão não ser mais governador de Nova York, em uma tentativa de reduzir a importância do jornalista da CNN e da rede. 

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