O sindicato nacional de jornalistas do México também se manifestou:
“O SNRP valoriza o pedido público de perdão do Estado mexicano. Ao mesmo tempo, avalia que o gesto é insuficiente para reverter o clima de hostilidade e grave risco em que vivem a população e os jornalistas.
No Dia dos Direitos Humanos, instamos os diferentes níveis de governo a tomar as medidas que salvaguardem a vida e o trabalho dos jornalistas do país.”
México foi o segundo país com mais jornalistas assassinados em 2021
O México só ficou atrás do Afeganistão em número de jornalistas assassinados ao longo de 2021, de acordo com o balanço global divulgado pela Federação Internacional de Jornalistas no Dia Internacional dos Direitos Humanos.
E a diferença foi mínima: enquanto no Afeganistão foram registrados os assassinatos de nove jornalistas, muitos em função dos conflitos que levaram o Talibã ao poder, no México foram oito, a maioria vitimados pelo crime organizado.
Os dois países responderam por quase 40% dos 45 assassinatos de jornalistas registrados desde janeiro de 2021. Depois de Afeganistão e México, os dois países mais perigosos para o exercício da profissão foram a Índia, com quatro mortes, e o Paquistão, com três.
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No mundo, menos assassinatos e mais prisões em 2021
Globalmente, o número total de assassinatos de jornalistas em 2021 está menor do que em 2020, quando 65 profissionais foram mortos.
O número de prisões, porém, está maior. O balanço revela que 365 jornalistas estão atrás das grades e aponta a Ásia e a Europa como as regiões com mais profissionais cumprindo penas, alguns sem julgamento.
As duas listas revelam “o aprofundamento da crise no jornalismo, com os direitos e a liberdade dos profissionais de imprensa sob constante ameaça em muitas regiões do mundo”, diz o comunicado da FIJ, que enfatiza:
“Embora a redução dos assassinatos seja uma notícia bem-vinda, é um pequeno consolo em face da violência que continua a ceifar a vida de jornalistas.”
Reconhecimento do México evita exposição como a da Colômbia
A decisão do México foi voluntária e evitou que o caso pudesse alcançar dimensões como a de uma condenação perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que em outubro tomou uma decisão histórica no combate à impunidade dos crimes contra jornalistas.
A sentença responsabilizou o governo colombiano pelo sequestro, tortura e estupro da jornalista Jineth Bedoya por paramilitares que ela investigava.
Na época, Bedoya tinha 26 anos. Em 25 maio de 2000, ela trabalhava para o jornal El Espectador e fazia uma reportagem sobre tráfico de armas. Foi sequestrada diante de um presídio em Bogotá, onde pretendia entrevistar líderes paramilitares.
A jornalista foi drogada, mantida em cárcere privado e violada sexualmente. Em seguida foi jogada sem roupa à beira de uma estrada.
A Corte Interamericana concluiu que as provas eram “sérias, precisas e consistentes” e condenou o Estado colombiano a pagar uma dupla indenização de US$ 30 mil (R$ 166 mil), em nome da jornalista torturada e da mãe dela.
Além disso, o governo terá que criar um centro de memória para mulheres vítimas da violência e destinar US$ 500 mil (RS 2,7 milhões) para financiar programas voltados para a prevenção, proteção e assistência às jornalistas vítimas de violência no exercício da profissão.
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Luta de Bedoya foi reconhecida com prêmios internacionais
A sentença também determinou a continuidade das investigações para responsabilizar os autores dos crimes e a realização de uma campanha de apoio ao movimento #NoEsHoraDeCallar (Não É Hora de Calar), mantido pela jornalista.
Por seu trabalho em prol dos direitos das mulheres, Bedoya recebeu em 2001 o prêmio Coragem no Jornalismo da Fundação Internacional de Mídia Feminina.
No ano passado, ganhou o Prêmio Unesco-Guillermo Cano para a Liberdade de Imprensa Mundial e a Caneta de Ouro da Liberdade concedido pela Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias.
Jineth Bedoya trabalha hoje no jornal El Tiempo. Por segurança, o governo colombiano designou três guarda-costas e um carro à prova de balas para protegê-la.
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