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No aniversário da invasão do Capitólio, democratas lançam nova campanha contra Trump

(reprodução)

Londres – Aproveitando o aniversário de um ano da invasão do Capitólio por apoiadores do então presidente americano, o grupo ligado ao partido Democrata Priorities USA Action anunciou um investimento “de centenas de milhares de dólares”  numa campanha publicitária destinada a “destacar as políticas e retórica perigosas promovidas pelos aliados políticos de Donald Trump.”

Segundo o grupo, os anúncios foram criados para “responsabilizar as autoridades republicanas que continuam tentando deslegitimar as eleições de 2020” e “promovendo as mesmas teorias da conspiração que levaram à violenta insurreição de 6 de janeiro”, que deixou cinco mortos e dividiu ainda mais o país.

Os dois primeiros filmes, a serem veiculados na TV, em plataformas de streaming e em redes sociais como o Facebook, chamam-se Golpe e Você Estava Certo, uma alusão aos que votaram contra Trump.

Um ano após invasão, caiu o interesse em notícias políticas

O grupo é o maior Super PAC (comitê de ação política) progressista do Partido Democrata americano. Fundado em 2011, apoiou a reeleição de Barack Obama em 2012 e todas as campanhas seguintes, inclusive a de Joe Biden, destacando-se pela alta capacidade de arrecadar doações para financiar os candidatos democratas e mobilizar a sociedade. 

Com a nova campanha, o objetivo do Priorities USA é atingir diretamente os eleitores que estão consumindo menos notícias políticas desde que Donald Trump deixou o cargo. Por isso, os filmes serão veiculados nos canais onde eles mais se informam atualmente. 

O ex-presidente foi suspenso ou expulso das principais redes sociais, mas seus seguidores continuam dialogando por meio delas com  apoiadores e fortalecendo as narrativas de eleições fraudadas. 

Em 2021, Trump anunciou a criação de uma rede social própria, a Truth Social, mas até agora não decolou. 

Conexão direta entre Trump e a invasão do Capitólio 

Os anúncios criados pelo Priority USA traçam uma conexão direta entre a a invasão do Capitólio em  6 de janeiro e os republicanos que Donald Trump endossou e que prometem explicitamente subverter a vontade dos eleitores em futuras eleições, na avaliação da entidade. 

O primeiro anúncio, intitulado “Golpe”, mostra imagens de Trump lançando dúvidas sobre os resultados da eleição de 2020 e sugerindo que a tentativa de minar a vitória do presidente Joe Biden seria “apenas um teste” para futuras tentativas de contestar as eleições.

Coup

O segundo anúncio, intitulado “You Were Right”, inclui imagens do comício “Unite the Right” de 2017, na cidade de Charlottesville. Mostra um homem portando uma bandeira da Confederação após invadir o Capitólio em 6 de janeiro.

Apelando aos eleitores que não votaram em Trump, um narrador afirma: “Cada dia caótico e desastroso da presidência de Donald Trump nos lembra que seu voto para derrotá-lo foi absolutamente correto. ”  

A ideia do filme é convencer os eleitores a votarem novamente em candidatos alternativos aos apoiadores do ex-presidente. 

Eleitores cansados de notícias políticas 

A campanha da Priorities USA tem como alvo as pessoas que votarão nas eleições de 2022 e, sobretudo, as que podem não ir às urnas, já que nos Estados Unidos o voto é facultativo.

Uma abstinência alta favoreceria o grupo político apoiado por Donald Trump, dando ao ex-presidente uma posição privilegiada dentro do Congresso. Os filmes mostram os nomes principais que fazem parte da tropa de choque do ex-governante. 

Uma pesquisa feita pela Priorities mostra que, embora os eleitores queiram ignorar a política após o caos do governo Trump, eles ainda estão preocupados com a possibilidade de o ex-presidente recuperar o poder, “promovendo mentiras e extremismo”.

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Imagem: divulgação

A organização destaca que um ano depois da invasão do Capitólio a mando do ex-presidente, republicanos de todo o país continuam a questionar a legitimidade de autoridades eleitas e promovem “teorias conspiratórias infundadas”: 

“Os democratas devem comunicar aos eleitores que essas ameaças à nossa democracia poderiam ser realizadas por republicanos que estão na cédula de votação em 2022”, afirma a organização. 

Os anúncios deixam claro que os eleitores usaram seu poder para derrotar Donald Trump e que o voto “é a única forma de impedir que seus perigosos aliados assumam o controle do Congresso em 2022”.

“Nosso país ainda está de luto pelas vidas que perdemos por causa da violenta insurreição em 6 de janeiro. Temos a obrigação de impedir que aqueles que permitiram essa tragédia detenham o poder novamente”, disse a vice-diretora executiva da Prioridades EUA, Aneesa McMillan.

Ela observa que o que aconteceu em 6 de janeiro de 2021 não foi um incidente isolado.

“O Partido Republicano procurou deslegitimar nossas eleições implementando leis de supressão de eleitores que privam desproporcionalmente os negros e os americanos não-brancos, intimidando eleitores e funcionários eleitorais e promovendo mentiras e teorias da conspiração em suas campanhas.”

Discursos no aniversário da insurreição 

O presidente Joe Biden fará um discurso no aniversário da invasão do Capitólio. Nesta quarta-feira (5/1), a porta-voz Jen Psaki antecipou que ele responsabilizará diretamente seu antecessor  pelo “caos e carnificina” ocorridos há um ano. 

O ex-presidente chegou a anunciar uma entrevista coletiva para hoje em sua casa no resort em Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida. Mas ele cancelou o evento depois que assessores alertaram sobre a cobertura negativa da imprensa.

O dia promete ser de trocas de farpas por todos os lados nos EUA. Um porta-voz de Trump, Taylor Budowich, disse que não era “surpreendente” que Biden passasse o dia “tentando dividir ainda mais nossa nação” na tentativa de distrair os eleitores do aumento da inflação e do crime e do fechamento de escolas por causa do coronavírus.

Imprensa investigada 

Mais de 700 suspeitos já foram associados pela polícia aos ataques. Investigações sobre lideranças de grupos extremistas como os Proud Boys chegaram até a imprensa.

Em dezembro, a fotógrafa americana Amy Harris abriu um processo contra o comitê do Congresso que investiga os ataques para tentar bloquear um pedido à operadora de telefonia Verizon para entregar registros de todas as suas comunicações telefônicas e de texto feitas num período de dois meses. 

Ela mantinha conversas profissionais com integrantes do Proud Boys, pois fazia um trabalho de fotografia documental sobre o grupo, e estava no Capitólio no dia da invasão. 

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No dia 6 de janeiro de 2021,  partidários de Trump invadiram o prédio do Congresso que é um símbolo da democracia do país, encurralando os parlamentares e funcionários. Imagens foram transmitidas ao vivo para todo o mundo, exibindo uma violência sem precedentes. 

Donald Trump é acusado de fomentar a ira dos seguidores em um comício fora Casa Branca, recomendando que  marchassem para o Congresso e instando-os a “lutar” contra a alegada fraude eleitoral.

Além de resultar em cinco mortos, a invasão aumentou ainda mais a divisão da sociedade americana, conforme demonstram as pesquisas que vieram a seguir. 

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