A jornalista norte-americana sufragista e ativista dos direitos civis Ida B. Wells acaba de entrar para a galeria das mulheres inspiradoras homenageadas com uma boneca Barbie. 

A nova Barbie faz parte do Inspiring Women da Mattel,  uma coleção de mulheres que foram importantes agentes de mudança no passado ou nos dias de hoje, incluindo três brasileiras. 

Não é a primeira Barbie jornalista – a série de bonecas celebrando profissões já tinha uma. Mas a homenagem a Wells vai além, reconhecendo a coragem de uma negra que nasceu escrava em 1862 e desafiou preconceitos para entrar em uma profissão dominada pela elite branca em uma das regiões mais marcadas pelo racismo nos EUA.

Criação de Barbie jornalista teve ajuda de bisnetos

A boneca Ida B. Wells Inspiring Women começou a ser vendida em grandes lojas de departamento americanas (Walmart e Target) e online pela Amazon nesta segunda-feira (17/1), dia de Martin Luther King Jr, data que marca a abertura do  Mês da História Negra nos EUA, e está em pré-venda em alguns sites no Brasil. 

O desenvolvimento da Barbie jornalista envolveu familiares da homenageada. Seus bisnetos, Michelle e Dan Duster, atuaram diretamente na criação da boneca, como contou Michelle no Twitter.

Meu irmão Dan e eu, bisnetos de IdaBWells, trabalhamos em estreita colaboração com
mattel para desenvolver a boneca Barbie para ser o mais autêntica e historicamente precisa possível.

Estamos felizes que tantos estejam animados com isso e esperamos que inspire todas as pessoas a saberem que suas vozes são importantes.”

https://twitter.com/MichelleDuster/status/1481661816942080004

Quem foi Ida B. Wells

A nova homenageada da Barbie nasceu em Holly Springs, Mississippi, como escrava em 1982.

Wells começou sua carreira profissional como professora primária em Memphis. Como repórter investigativa e pesquisadora, ela se tornou uma voz importante nos primeiros movimentos de direitos civis e sufragistas. 

Barbie jornalista: Foto de Ida B. Wells em preto em branco. Ela usa um vestido escuro e cabelos presos em um coque no alto da cabeça.
Foto: Mary Garrity restaurada por Adam Cuerden

Em suas reportagens no jornal Memphis Free Speech, do qual se tornou editora e co-proprietária em 1889, ela escreveu sobre o linchamento de três donos de lojas negros, expondo o motivo dos crimes: os comerciantes estavam concorrendo diretamente com outra mercearia cujo proprietário era branco.

As denúncias  deram início ao movimento anti-linchamento nos EUA.

Wells se tornou também uma importante voz do movimento sufragista feminino e ativista dos direitos civis dos negros.

Ela ainda foi co-fundadora da National Association of Colored Women’s Clubs e da National Association for the Advancement of Colored People (NAACP). Em 2020, a líder recebeu um Prêmio Pulitzer póstumo por seu trabalho sobre os linchamentos contra os afro-americanos.

Desbravar o caminho do jornalismo sendo negra e mulher continua sendo um desafio até hoje. Pesquisas mostram que mulheres compõem a maior parte da força de trabalho nas redações, mas poucas ocupam cargos de chefia. O mesmo acontece com profissionais não-brancos. 

Leia também

Diversidade de gênero na mídia: muitas iniciativas, mas poucos avanços

Barbie jornalista cheia de charme 

A boneca segue o padrão Barbie, cheia de estilo. Ela traja um vestido longo azul escuro, com detalhes de renda preto e branco e botas pretas de salto alto. Nas mãos está uma cópia do  Memphis Free Speech.

Foto: divulgação Mattel

Em entrevista ao jornal americano USA Today, Michelle falou sobre a importância de ver sua bisavó sendo representada:

“É uma honra incrível ter minha bisavó como parte da série Barbie Inspiring Women.

Ela usou sua voz de todas as formas possíveis para lutar por liberdade, justiça e igualdade. E seu trabalho, assim como sua história, é relevante e inspirador para o mundo de hoje.”

Brasileiras já foram homenageadas

A homenagem da Barbie a Ida B. Weels faz parte do projeto Inspiring Women, iniciado em 2018. 

Além da Barbie jornalista, nomes como Maya Angelou, Rosa Parks, Ella Fitzgerald e Frida Kahlo  também ganharam bonecas inspiradas em suas histórias de força e superação. 

Leia também

 Página de revista com origem do traje preto do Homem-Aranha bate R$ 18,5 milhões em leilão nos EUA

No Brasil, três mulheres  já receberam a homenagem e foram transformadas em Barbie. Uma delas é a surfista Maya Gabeira, conhecida por desafiar ondas gigantes, que virou Barbie em 2019.

Já em 2020, a biomédica Jaqueline Goes foi homenageada em uma edição especial que celebrava as mulheres da Ciência. Ao lado de Ester Sabino, Jaqueline sequenciou o genoma do SARS-Cov-2. O estudo permitiu  a aceleração do desenvolvimento das vacinas contra o vírus.

A cantora Iza é a terceira brasileira representada como uma Barbie. O reconhecimento se deu por seu trabalho como militante do empoderamento negro e feminino.

A Barbie Ida B. Wells está disponível para compra na Amazon Internacional, em sites como o Mattel Creations, e em lojas de departamentos como a Target e a Walmart. No Brasil, ela também já está em pré-venda em sites como o Doll Collector. O valor é R$539,13.

Leia também

Hulk Esmaga | Revista número 1, com herói ainda cinza, é vendida por R$ 2,78 milhões

A primeira Barbie jornalista 

Apesar da Barbie Ida G. Wells fazer parte de uma tiragem especial, a Barbie há tinha encarnado a profissão de jornalista anteriormente  em sua linha Barbie Profissões.

De professora a astronauta, passando por cientista, a Barbie Profissões tem como objetivo mostrar às meninas que elas podem seguir a profissão que sonharem. 

Leia também

Veja as melhores imagens de discriminação e da luta contra ela premiadas no mundo em 2021

Desenhista que criou figura do He-Man e das Tartarugas Ninja morre aos 80 anos