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Federação internacional inicia campanha para libertar jornalistas condenados à morte no Iêmen

foto dos quatro jornalistas presos durante a guerra no iêmen

Londres – A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) iniciou um movimento destinado a pressionar o Iêmen a libertar quatro jornalistas presos no país em guerra desde 2015 e agora sentenciados à morte. 

Abdulakhleq Amran, Akram Al-Waledi, Hareth Humaid e Tawifq Al-Mansoori foram capturados em junho de 2015 na capital do país, Sána, junto com outros nove profissionais de mídia. 

Segundo a IFJ, as prisões e a condenação foram consequência de reportagens sobre a guerra no Iêmen e condições de vida no país. A organização criou uma petição online e iniciou pressão direta sobre organismos internacionais para reverter a decisão. 

Guerra no Iêmen, alto risco para jornalistas

A guerra no Iêmen fez com que o país se tornasse um dos mais perigosos para jornalistas. Os conflitos entre os rebeldes houthi, o chamado governo legítimo, e os separatistas do Sul têm exacerbado a crise humanitária no país. 

As forças houthi são formadas pelos seguidores do movimento político-religioso Ansar Allah e tentam controlar o Iêmen após a saída de Ali Abdullah Saleh.  

O conflito vem se estendendo desde 2014. Segundo o Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ), pelo menos 19 profissionais de imprensa foram mortos no país desde o início da guerra civil. 

Um dos casos mais recentes foi o da jornalista Rasha Abdullah al-Harazi, de 27 anos. Ela estava grávida quando foi vítima de uma bomba colocada no carro do seu marido, o também jornalista Mahoud al-Atmi.

Tanto Rasha quanto o bebê que ela esperava morreram. 

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A organização Repórteres Sem Fronteiras afirma ainda que até mesmo jornalistas cidadãos são monitorados no país. E que eles podem ser presos por uma única postagem nas redes sociais.

Quem são os jornalistas presos

Abdulakhleq Amran, o mais velho dos quatro sentenciados à morte, com 39 anos, trabalha para o site Al-Islah Online, é casado e tem dois filhos. 

Segundo a IFJ, ele foi preso no Bahr al-Ahlam Hotel em Sana’a enquanto usava a internet e eletricidade do local para suas reportagens.

A Federação conta que desde sua prisão, ele vem sendo mantido em duras condições, além de ter sido vítima de torturas que o deixaram com sequelas.  

Já Akram Al-Waledi trabalhou para o site de notícias Alrabie-ye.net e para a Agência de Notícias do Iêmen SABA.  Sua família disse à IJF que ele também foi vítima de torturas que fizeram sua condição de saúde se deteriorar seriamente.

Elas teriam causado lesões nas costas e no cólon, além de terem deixado o jornalista com uma condição psicológica delicada. 

O repórter do site de notícias Alrabie-ye.net (que atualmente está suspenso) também foi preso e mantido nas mesmas condições que seus colegas, tal como também foi vítima de torturas, segundo a IFJ. Ele tem 32 anos e é o mais novo do grupo. 

Por fim, Tawifq Al-Mansoori, que trabalhava para o jornal Al Masdar, também foi mantido em condições adversas e foi submetido a torturas. À IFJ, a família de Al-Mansoori alegou que ele sofre de asma, falta de ar, reumatismo cardíaco, diabetes e problemas de próstata.

Maus tratos e torturas

De acordo com a IFJ, os profissionais foram acusados e condenados por “espionagem para estados estrangeiros e disseminação de notícias falsas”.

Abdul Khaleq Amran, Tawfiq Al-Mansouri, Harith Hamid e Akram Al-Walidi foram condenados pelo Tribunal de Segurança do Estado em Sanaa, capital do Iêmen, que está sob controle do Ansar Allah.

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A IFJ informou que os quatro jornalistas foram submetidos a uma série de violações de seus direitos, como o desaparecimento forçado e a proibição de receber visitas.

E que sofreram torturas física e psicológica, além não terem recebido cuidados médicos. 

A Federação alega que as práticas representam uma séria ruptura em todas as convenções e normas internacionais sobre o tratamento de prisioneiros. 

Apelo global

A fim de pressionar o grupo extremista Ansar Allah, a Federação se uniu ao Sindicato de Jornalistas do Iêmen (YJS) em uma campanha pela libertação dos jornalistas.

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Eles emitiram uma carta aberta ao enviado das Nações Unidas ao Iêmen para tratar o caso como urgente. No texto, pedem que a comunidade jornalística global assine o documento, em uma petição online. 

“O excruciante período de tempo que eles esperam no corredor da morte está causando profunda dor e angústia a todos nós, jornalistas e trabalhadores da mídia em todo o mundo.

Estamos todos agora entrando em contato com você para agir rapidamente e pressionar Ansar Allah para liberá-los.”

Para assinar, basta acessar o documento disponível online. 

Pressão internacional

Além de pressionar o Ansar Allah, a IFJ e o YJS também pretendem colocar cobrar engajamento de órgãos governamentais e intergovernamentais a fim de exigir que o tema seja prioridade em suas agendas.

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Outra determinação da Federação é garantir o acesso do YJS na próxima reunião do Conselho dos Direitos Humanos.

Na ocasião, além da questão da guerra no Iêmen, a situação dos trabalhadores da mídia iemenita em geral – em especial a dos quatro jornalistas no corredor da morte – será  levantada. 

O secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger, declarou: 

Precisamos que a ONU, a União Europeia e os governos de todo o mundo defendam os jornalistas e digam abertamente ao Ansar Allah, e ao governo de fato em Sanaa [capital do Iêmen], que torturar e executar jornalistas é um crime de guerra e que o mundo não deve tolerar criminosos de guerra.

Mas isso não é tudo.

Devemos enviar uma mensagem aos nossos amigos Abdul, Tawfiq, Harith e Akram e suas famílias, [dizendo] que eles não estão sozinhos, e toda a comunidade jornalística global e ativistas da liberdade de expressão e dos direitos humanos trabalharão incansavelmente por sua liberdade”.

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