Londres – No Dia Internacional da Internet Segura, celebrado em 8 de fevereiro, a ONU fez um alerta sobre os riscos enfrentados pelas crianças e jovens na internet, apontando o bullying virtual como a maior preocupação.
Em uma pesquisa feita pela agência da ONU União Internacional das Telecomunicações (UIT), o problema foi classificado por 40% dos entrevistados como a mais séria ameaça online para menores de idade.
Os outros medos principais são a falta de proteção de dados e o risco de aliciamento de crianças por abusadores.
Mais jovens na rede, mais bullying virtual
A UIT salienta que com a penetração da internet em todas as atividades, manter crianças e jovens seguros on-line tornou-se cada vez mais necessário para pais, professores e profissionais que cuidam deles.
Segundo a organização, os jovens passam mais tempo online do que adultos.
Uma pesquisa da entidade em 2020 constatou que eles tinham 24% mais probabilidades de estarem conectados à internet do que o restante da população, o que os expõe a mais riscos.
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A estimativa é de que 71% das pessoas com idade entre 15 e 24 anos usam a internet, em comparação com apenas 57% em outras faixas etárias, de acordo a União Internacional de Telecomunicações (UIT).
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) diz que a cada 30 segundos, um menor se torna usuário da rede.
As ameaças no mundo virtual
A pesquisa da UIT divulgada pela ONU pediu que os entrevistados classificassem três medos online mais comuns: cyberbullying, falhas na proteção de dados e a ameaça de aliciamento (abusadores que exploram deliberadamente crianças em ambiente digital)
Cerca de 40% listaram o cyberbullying como a principal preocupação. As duas outras opções ficaram quase empatadas, com 27% e 26%, respectivamente.
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Os entrevistados também citaram espontaneamente outros medos que não foram apresentados na pesquisa, como o tempo de tela excessivo ou se as crianças estão cientes dos mecanismos para relatar ameaças online.
“Crianças e pais podem não estar cientes de que as crianças podem enfrentar ameaças, [ou saber] como evitar ameaças”, respondeu um entrevistado.
“Elas devem saber que podem denunciar atividades suspeitas e como denunciar. Deve haver capacitação contínua para agir de forma inteligente em como responder, mas também sobre que eles postam”, disse outro.
Os participantes levantaram também questões como o preparo das crianças para proteger a privacidade e o acesso a conteúdo capaz de ensinar a construir armas.
Um app para combater bullying virtual
O problema do cyberbullying inspirou a jovem indiana-americana Gitanjali Rao, primeira Criança do Ano da revista TIME, a usar a tecnologia para resolver o problema.
Rao, agora com 16 anos, criou o Kindly, uma API (interface de programação de aplicativos) de código aberto que usa algoritmos de aprendizado de máquina para detectar linguagem “tóxica” em mensagens de texto, e-mails ou postagens de mídia social antes de serem enviadas.
A ferramenta faz parte do conjunto de atividades da Unicef para ajudar a proteger crianças na internet.
A ideia foi descrita pela autora como “a verificação ortográfica do bullying”.
As crianças recebem feedback instantâneo sobre seus rascunhos de mensagens, permitindo que reconsiderem ou modifiquem o que escreveram.
Como diz o site da Kindly, o objetivo é “acabar com o cyberbullying, uma mensagem de cada vez”.