Londres – Enquanto o jornalista da Fox News Tucker Carlson, que ano passado chegou a admitir que “tentava não mentir na TV” tem sido criticado por sua defesa do presidente Vladimir Putin na guerra contra a Ucrânia, colegas da mesma emissora tornaram-se vítimas do conflito.
O cinegrafista Pierre Zakrzevsky, de 55 anos, morreu em um ataque na segunda-feira (14), junto com a produtora ucraniana que o acompanhava, Oleksandra Kuvshinova, de 24 anos.
O repórter Benjamin Hall ficou gravemente ferido. O veículo em que estavam pegou fogo.
Ataques diretos a jornalistas na guerra na Ucrânia
Anton Gerashchenko, conselheiro do ministro do Interior da Ucrânia, disse pelo Telegram que a equipe de reportagem da emissora americana foi provavelmente vítima de um morteiro ou de disparos de artilharia por parte das forças russas enquanto se dirigia para Irpin, a 20 km de Kiev.
A notícia do ataque à equipe da Fox News veio um dia depois que outro jornalista dos EUA, Brent Renaud, foi morto a tiros na Ucrânia, também seguindo para Irpin. Dois outros jornalistas ficaram feridos no mesmo ataque e foram internados.
Na manhã desta terça-feira, a Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, na sigla em inglês) confirmou ter recebido informações do conselheiro ucraniano de que as autoridades ainda não sabiam o destino de um cinegrafista e de um produtor da Fox News que também teriam ficado feridos no ataque.
Mais tarde, a morte de Zakzevsky foi confirmada pelo apresentador John Roberts.
“Trabalhei com Pierre muitas vezes ao redor do mundo”, disse Roberts. “Ele era um tesouro absoluto. Enviando nossas mais sinceras orações à esposa e família de Pierre.”
Horrible news to report: Fox cameraman Pierre Zakrzewski was killed in the same attack that wounded correspondent Benjamin Hall. I worked with Pierre many times around the world. He was an absolute treasure. Sending our most heartfelt prayers to Pierre's wife and family.
— John Roberts (@johnrobertsFox) March 15, 2022
A executiva-chefe da Fox News, Suzanne Scott, disse pelo Twitter:
“Pierre era um fotógrafo de guerra que cobria quase todas as matérias internacionais para a Fox News , do Iraque ao Afeganistão e à Síria durante seu longo tempo conosco.
“Sua paixão e talento como jornalista eram inigualáveis. Baseado em Londres, Pierre trabalhava na Ucrânia desde fevereiro.
Seus talentos eram diversos e não havia um papel em que ele não exercesse para ajudar – de fotógrafo a engenheiro, editor e produtor – ele fazia de tudo sob imensa pressão com tremenda habilidade.”
Zakrzewski ajudou afegãos que trabalhavam para a Fox News a escapar do país após a retirada dos EUA, acrescentou Scott.
“Ele desempenhou um papel fundamental na libertação de nossos assistentes freelancers afegãos e suas famílias. Em dezembro, em nossos prêmios anuais de destaque para funcionários, Pierre recebeu o prêmio Unsung Hero em reconhecimento ao seu trabalho inestimável.”
Jornalista internado já trabalhou em outras guerras
Benjamin Hall, que está internado na Ucrânia, é um jornalista baseado em Washington que cobre o Departamento de Estado dos EUA para a Fox News, onde está desde 2015.
Britânico, já trabalhou para veículos globais como New York Times, The Times, Agence France Press e BBC, e tem grande experiência na cobertura de conflitos. Por isso, foi enviado para cobrir a guerra da Ucrânia.
Na véspera de ser atingido no ataque que tirou a vida de seu cinegrafista, ele retuitou o pedido do Papa Francisco para “acabar com o massacre em nome de Deus”.
POPE FRANCIS: “IN THE NAME OF GOD STOP THIS MASSACRE” 🕊 https://t.co/cLm3XHcBAv
— Benjamin Hall (@BenjaminHallFNC) March 13, 2022
A Federação Internacional de Jornalistas e sua subsidiária na Europa voltaram a condenar os ataques direcionados a profissionais de imprensa que atuam na linha de frente na Ucrânia.
O secretário-geral da IFJ, Anthony Bellanger, disse:
“A guerra da Ucrânia está sendo incrivelmente difícil para os jornalistas, que estão sofrendo ataques direcionados diariamente.
Os jornalistas devem poder trabalhar com segurança para informar o mundo sobre esta guerra.
Apelamos a todas as partes do conflito para que parem de atacar jornalistas e instamos a comunidade internacional a investigar esses ataques, que são violações do Direito Internacional Humanitário e constituem crimes de guerra.”