O jornalista ucraniano Oleh Baturyn, repórter do jornal Novyi Den, foi libertado após seu paradeiro ficar desconhecido por oito dias. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) confirmou que o profissional de imprensa retornou para a casa na cidade de Kakhovka, no sudeste da Ucrânia.

Ele desapareceu no dia 12 de março depois de ir ao encontro de uma pessoa não identificada na rodoviária perto de onde mora. A denúncia do desaparecimento do jornalista foi feita pelo CPJ, que obteve a informação com a esposa de Baturyn sob a condição de que sua identidade fosse preservada. 

Ao celebrar o retorno de Oleh Batuyn, o CPJ reforçou os apelos às autoridades e à população para encontrar informações sobre o paradeiro da repórter Viktoria Roshchina, sobre a qual não se tem notícias desde 12 de março. 

Jornalista ucraniano some após marcar encontro por telefone

A libertação de Baturyn foi anunciada no domingo (20) em uma postagem no Facebook publicada por sua irmã Olga Perepelitsya. Serhiy Tomilenko, chefe do Sindicato Nacional dos Jornalistas da Ucrânia, confirmou a informação.

Na tarde de sábado, 12 de março, Oleh Baturyn recebeu um telefonema de um conhecido que estava na cidade vizinha de Novaya Kakhovka. Ele não contou para a esposa quem era a pessoa, mas foi encontrá-la na rodoviária sem levar o celular ou quaisquer documentos.

Segundo a mulher do jornalista ucraniano, ele disse que ficaria fora por cerca de 20 minutos, mas não mais foi visto. Baturyn trabalhava na cobertura da invasão russa à Ucrânia.

A esposa de Baturyn e a imprensa local disseram que, na época em que o jornalista desapareceu, carros rotulados com a letra “Z”, comumente vistos em veículos afiliados à invasão russa, foram vistos perto da rodoviária.

Não há forças russas permanentemente instaladas em Kakhovka, mas o Exército da Rússia ocupou a cidade de Novaya Kakhovka, segundo relatos.

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Após oito dias, Oleh Baturyn retornou para casa no dia 20 de março. No Facebook, sua irmã Perepelitsya compartilhou uma mensagem postada em inglês e identificada como sendo de Baturyn.

Ele não identificou seus captores, mas disse que em quase oito dias de cativeiro foi humilhado e ameaçado de execução.

“[Fiquei] praticamente sem comida. Quase sem água por alguns dias. Sem sabão, sem trocar de roupa. Sem saber onde estava. Mas eles sabiam claramente para quê. Eles queriam me ‘quebrar’ para mostrar o que vai acontecer com todo jornalista: você será morto.”

Outra jornalista da Ucrânia está desaparecida

 A mesma sorte não teve Viktoria Roshchina, que também desapareceu em 12 de março. Segundo a TV em que ela trabalha, o canal independente Hromadske, ela teria sido detida por tropas russas. 

A emissora disse que Roshchina vem cobrindo os principais pontos de ataques russos no leste e sul da Ucrânia desde que ao início da invasão ao país, em 24 de fevereiro.

“O CPJ pede às autoridades russas e ucranianas que investiguem o aparente sequestro de Baturyn e intensifiquem seus esforços para encontrar Roshchina”, disse Carlos Martinez de la Serna, diretor do programa do CPJ.

“Jornalistas são civis que colocam suas vidas em risco para fornecer informações precisas sobre esse conflito devastador. Eles nunca devem ser capturados por nenhuma força militar.”

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